A DECODIFICAÇÃO DO GENOMA HUMANO
O genoma é o conjunto completo de cromossomas existentes num organismo ou no
conjunto de cromossomas diploides nas espécies eucarióticas.
O genoma humano é o código genético do Homem, ou seja, o conjunto dos
genes onde está toda a informação para a construção e funcionamento do
organismo. O código está dentro de cada uma das células. Dentro do genoma humano
está toda a informação que permite construir e fazer funcionar um organismo e o
facto de ele ser decifrado pode possibilitar o conhecimento da causa de muitas
doenças, para assim poderem ser evitadas ou combatidas.
A ideia de criar um mapa e, consequentemente, identificar a sequência do genoma
humano surgiu em 1985, mas só em 2000 é que foram divulgados os primeiros
resultados. O genoma humano foi decifrado por uma empresa privada
norte-americana e por um consórcio público internacional e em 2001 foi divulgado
o esquema quase completo. Na década de 1960, as ferramentas tecnológicas
permitiram obter estimativas aproximadas do tamanho dos genomas e interessantes
resultados foram obtidos com estes primeiros estudos. Por exemplo, o genoma de
E. Coli, uma bactéria procariótica, foi calculado como contendo 4,5 milhões de
pares de bases. Como a E. Coli contém cerca de 4000 genes e um gene típico é
constituído por 1000 pares de bases, o cálculo dos genomas parece transmitir uma
ideia consistente de que os cromossomas contêm coleções lineares de genes em
número superior ao das palavras que podem ser contidas numa folha de um livro
normal. Calcula-se que os organismos eucarióticos contêm mais de 50 000 genes e
que o seu genoma pode ser estimado em 50 milhões de pares de bases. Contudo, os
genomas eucarióticos podem conter 3 a 4 milhares de milhões de pares de bases
diferentes.
O genoma humano está distribuído por pares de cromossomas, que, por sua vez,
contêm os genes. Toda a informação é codificada pelo ADN (ácido
desoxirribonucleico), que se organiza numa estrutura formada por quatro bases
que se unem aos pares, a adenina com a timina e a citosina com a guanima. A
ordem do alinhamento dos pares ao longo da cadeia corresponde à sua sequência.
Identificar o genoma humano possibilita o conhecimento da causa da maioria das
doenças. Assim, muitas delas podem ser diagnosticadas ou curadas. Também se pode
prevenir o risco das doenças se manifestarem em determinadas pessoas.
Com a sequência do ADN pode determinar-se a ordem dos três milhões de pares de
bases químicas que o formam e a partir daí é possível identificar os 30 mil
genes, como se codificam e como se regulam.
Para se chegar a esse ponto, em 1985 foi proposto, nos Estados Unidos da
América, que se realizasse o projeto do genoma humano a nível mundial. No ano
seguinte foi anunciado o Projeto Genoma Humano. Já em 1987 um grupo de trabalho
propôs a realização de um projeto destinado a elaborar o mapa e a fazer a
sequência do genoma humano num prazo de quinze anos. No ano seguinte foi fundada
a organização Genoma Humano, batizada HUGO, destinada a coordenar os esforços
internacionais de investigação nesta área.
Em 1990 foi criado, com o empurrão dos Estados Unidos da América e da
Grã-Bretanha, o consórcio público do genoma humano (Human Project Genome),
liderado pelo Instituto Nacional de Saúde norte-americano, mas ao qual aderiram
vinte países. Pouco depois realizou-se a primeira experiência de terapia
genética.
Em 1995 começou a descodificação em grande escala e no ano seguinte a revista de
ciência "Nature" publicou o mapa genético do homem. A partir daí foi dado o
arranque para o passo seguinte: obter a sequência.
Em 1998 surgiu na corrida a sociedade privada Celera Genomics, sediada nos
Estados Unidos e liderada pelo cientista Craig Venter, que decidiu patentear as
sequências aleatórias do genoma que ia decifrando.
Em março de 2000, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e o
primeiro-ministro britânico, Tony Blair, apelaram para que tudo o que estivesse
relacionado com a descodificação do genoma humano fosse mantido no domínio
público. No início do mês seguinte, Craig Venter anunciou que a Celere Genomics
já tinha concluído uma sequência em bruto do genoma de uma pessoa.
A 26 de junho de 2000, cinco anos antes do inicialmente previsto, o genoma
humano é dado por decifrado no seu essencial pela Celera. O anúncio público
decorreu simultaneamente nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, China,
França e Japão, e foi feito em parceira com o Projeto Genoma Humano em plena
Casa Branca, a residência oficial do presidente dos EUA. Tony Blair marcou
presença em direto via satélite.
A 12 de fevereiro de 2001 foi divulgado na Internet, por ambas as instituições,
o esquema quase completo do genoma humano, onde se pode constatar que o código
genético do Homem tem menos genes do que inicialmente se esperava.
A diferença em relação ao genoma do chimpanzé é muito pequena, o que prova que
não há relação entre a complexidade do organismo e a quantidade de ADN lá
existente. Para além disso, entre cada ser humano são partilhados 99,99% dos
genes.
<http://www.infopedia.pt/$genoma-humano>