COMO GOSTAMOS
DE INUTILIDADES!
- 19/04/2003 -
Certa vez comprei um livro famoso de um dos escritores que
mais vendem livros, mas não consegui chegar ao meio dele. Perguntei a mim mesmo:
eu não entendo literatura, ou o povo gosta de coisas inúteis? Nem devo dizer
aqui se acho que estou certo ou errado. Mas já estou até pensando que as coisas
inúteis são mesmo mais atraentes.
Nos últimos dias, tenho olhado muito o que se publica neste site. Não leio tudo,
só uma parte, e algumas vezes ainda me engano com os títulos, que nem sempre
sugerem o verdadeiro conteúdo. Quase sempre, até encontro vários títulos
simultaneamente na seção de artigos e na de cartas.
Se alguém publica um texto que denota algo científico, muito poucas pessoas
lêem.
Se alguém põe um título: “Resposta ao fulano – você é um idiota!”, com certeza
muita gente lê. Essa deve ser uma das várias razões que levam as pessoas a
encher o sítio de trocas de agressões sem qualquer sentido filosófico, moral,
jurídico, etc.
Quando o título refere a sexo, até compreendo os motivos, eu também fico mais
tentado a ler.
Mas texto de conteúdo agressivo, como diálogo de crianças, ainda não entendi por
que desperta tanta curiosidade.
Certo dia escrevi um artigo mostrando o meu ponto de vista contrário ao que um
colega havia escrito. Algumas horas depois de publicado, achei melhor transformá-lo em uma carta. O conteúdo ficou o mesmo, apenas adaptado como
diálogo. Ninguém o havia lido como artigo.
Minutos depois, fui ver minha lista de textos, já havia meia dúzia de leituras.
Quando publiquei algo com o título “cenas que você não viu no Big Brother”, teve
quase duzentas leituras de um dia para o outro. Não me surpreendeu. O título “um superpênis” teve um número de leituras impressionante. O primeiro foi apagado, e
eu troquei o segundo antes que o fosse também.
É muito compreensível que tanta gente tenha visto em poucos dias
SÓ DUAS COISAS PARA SER FELIZ NA CAMA”. Mas há coisas que não sugerem nada
de proveito e são lidas demais. Parece que alguns escritores escrevem pensando
nisso.
(Texto publicado no Usina de Letras)
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