GOVERNO VENDE TRÊS BILHÕES DE CRÉDITO
DO BB POR UM DÉCIMO DO VALOR
BTG PACTUAL compra R$ 3 bi de crédito do BB por R$ 300 milhões
25 de julho de 2020
Categoria: Brasil, Últimas Notícias
A operação não somente foi manchete do noticiário econômico, como também
impactou associações e sindicatos de funcionários e bancários, que se
manifestaram questionando o suposto favorecimento dado pelo Banco do Brasil ao
BTG PACTUAL, fundado por Paulo Guedes, nesta transação e cobrando a
transparência desta informação.
Foto: Ministro da Economia de Bolsonaro é conhecido como Posto Ipiranga e
Chicago Boy
Por José Lucas Mussi
Coordenador Nacional do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas
Membro do Diretório Estadual da Unidade Popular de Santa Catarina
Pela primeira vez na história do Banco do Brasil, fundado em 1808, há mais de
200 anos, o banco cedeu carteira de 3 BILHÕES de reais em créditos “perdidos”
pelo valor ínfimo de R$ 371 milhões para o BTG PACTUAL, banco fundado por Paulo
Guedes, Ministro da Economia e posto Ipiranga do fascista Jair Bolsonaro.
Em resumo o BTG Pactual comprou R$ 3 bilhões de créditos públicos podres, por
10% (dez por cento) do seu valor, R$ 300 mil. Estes créditos públicos chamados
de “podres” não tiveram sua origem divulgada, faltando transparência, podendo se
tratar de créditos fáceis de serem recuperados, o que resultaria em um lucro
significativo.
A operação pode ser exemplificada como se um cidadão comum comprasse créditos
públicos podres de R$ 30.000,00 por R$ 300,00, e conseguisse recuperar R$
10.000,00, lucrando R$ 9.700,00 com a operação.
Pelo valor lucrado pelo banco BTG Pactual, R$ 2.7 Bilhões, daria para construir
270 hospitais de campanha de R$ 10 milhões com 54 mil leitos, o que poderia ter
evitado pelo menos 54 mil mortes pelo covid-19. Ainda, caso os R$ 2.7 Bilhões
lucrados fossem investidos em respiradores de R$ 100 mil, poderiam ter sido
comprados 27.000 equipamentos, evitando-se 27 mil mortes motivadas pela
pandemia.
Em meio a uma grave crise econômica na qual Bolsonaro se recusou a pagar R$ 200
de auxílio emergencial aos brasileiros, vindo o povo a reagir, pressionar e
conquistar com muita luta e pressão popular o valor de R$ 600 de auxílio
emergencial do Congresso Nacional, um banco privado lucra em um dia 2.7 BILHÕES,
o equivalente ao benefício de auxílio-emergencial de 4.5 milhões de brasileiros
e brasileiras (!).
A operação de valor e tamanho inédito no mercado financeiro brasileiro se deu
sem licitação ou qualquer processo que possibilitasse a concorrência ou a
disputa entre outros bancos. A concorrência é um dos valores mais primordiais do
neoliberalismo, corrente da economia defendida por Paulo Guedes, que sempre é
desrespeitada em detrimento do monopólio do capital, como no caso em questão.
A equipe do Jornal A Verdade entrou em contato com Funcionários do Banco do
Brasil que preferiram não se identificar e estes denunciaram que ao questionarem
a lisura e a honestidade de tal operação aos seus superiores os mesmos reagiram
com autoritarismo, sem transparência ou explicações sobre a operação.
Inúmeros sindicatos da categoria dos bancários no país viram com estranheza tal
operação e acreditam se tratar de operação suspeita que visa beneficiar Paulo
Guedes e seu banco BTG Pactual, pois se trata da primeira operação da história
em que se cede tamanho valor para um banco fora do conglomerado de bancos
controlado pelo Banco do Brasil.
Para João Fukunaga, diretor executivo do Sindicato SPBANCARIOS e coordenador da
Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), trata-se de uma
operação, no mínimo, suspeita. “A venda da carteira de crédito para o BTG
Pactual, dita de vanguarda, é bastante suspeita ao beneficiar, pela primeira
vez, um banco fora do conglomerado e que justamente foi criado pelo ministro
bolsonarista. Como saber se o BB não está sendo usado para interesses escusos do
Paulo Guedes?”, questiona o dirigente.[1]
A Economista Cátia Uehara (DIEESE), ao ser questionada sobre a suspeita da
transação, apontou falta de transparência no lucro que o BTG irá obter. Uehara
afimou que, como justificado pelo BB, a cessão de créditos podres é feita
periodicamente com o objetivo de limpar os balanços, reduzir os custos e o
índice de inadimplência das perdas das carteiras.
A seguir anexamos a cópia do documento obtido pelo JORNAL A VERDADE emitido pelo
Banco do Brasil para justificar a operação:
Importante lembrar que bancos públicos como a Caixa e Banco do Brasil,
desempenham papel fundamental na economia brasileira, pois não visam o lucro,
diferente de bancos privados como Itaú, Bradesco, BTG Pactual, sendo
fomentadores de políticas públicas e redutores de desigualdade social, tendo
sido importantes aliados da construção de moradias populares (2,6 milhões de
moradias entregues pelo Programa Minha Casa Minha Vida) e do crédito para
agricultura familiar (70% do crédito do volume de créditos concedidos para a
agricultura familiar).
Bancos públicos são essenciais porque há atividades e setores econômicos que os
bancos privados não têm interesse em participar. Bancos públicos são necessários
para viabilizar políticas econômicas e sociais de governos e para financiar
setores e segmentos específicos. Essas instituições públicas são imprescindíveis
para o desenvolvimento do país e para aumentar o bem-estar social.
Assim, fica evidente que o governo fascista de Bolsonaro não possui nenhum
compromisso com os interesses do povo brasileiro, permitindo que a burguesia,
representada pelo Banqueiro Paulo Guedes, faça o que quer com o país e sua
economia, independente dos prejuízos enormes que irá gerar para os milhões de
trabalhadores, dando prosseguimento a cartilha liberal da economia iniciada por
FHC de redução máxima do Estado de Bem Estar Social sem se importar com os
indicadores sociais, desigualdade social, desemprego em massa, déficit
habitacional e carestia da vida, entre outros direitos fundamentais.
A defesa dos bancos públicos e da estatização do sistema financeiro para que não
apenas o trabalho seja socializado mas também a riqueza produzida pelos
trabalhadores seja compartilhada entre os trabalhadores e investida em moradia,
saúde, educação, esporte, cultura, lazer e nos demais interesses do povo cabe ao
povo brasileiro nas ruas, organizando a resistência e lutando por uma sociedade
socialista, onde tudo não seja transformado em mercadoria e um banco privado não
lucre em um único dia 2,7 Bilhões de dinheiro público sem prestar contas ao
povo.