Fico apenas no valor de cada CD: R$ 237.281,28 para 2 mil CDs a serem
distribuídos gratuitamente dá, na boa e velha aritmética, R$ 118,64 por unidade.
Acho que se trata do CD mais caro do mundo inteiro, diz Fernando Brito, sobre o
projeto aprovado por Luciano Hang, da Havan, no Ministério da Cultura
Por Fernando Brito, editor do Tijolaço – A Lei Rouanet, seria, segundo os
bolsonaristas, um dos “escândalos” petistas, embora criada por FHC. Com erros e
acertos é o único instrumento de financiamento da cultura e seus controles eram
muito maiores na era petista do que são hoje, no governo Michel Temer. Mas
Bolsonaro tem razão em que há coisas inexplicáveis, ao menos uma envolvendo um
de seus mais notórios apoiadores.
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Pois este ano, o empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan e apontado pela
Folha de S.Paulo como um dos promotores do envio de fake news pelo aplicativo
Whatsapp, está “doando” R$ 237 mil reais para a gravação e multiplicação do
primeiro CD de um cantor “sertanejo” de nome Edu Souza.
É o que foi proposto formalmente ao Ministério da Cultura através de carta
assinada por Jaison Gamba, diretor contábil da Havan, em fevereiro deste ano,
caso o Conselho do MinC aprovasse o projeto. Aprovou e os pagamentos, em três
parcelas, foram feitos em abril, maio e julho.
O objetivo, descrito na página do Ministério da Cultura, seria gravar e prensar,
para distribuição gratuita em shows, dois mil exemplares do disco.
Está tudo aqui na página oficial.
Sem entrar no mérito da qualidade musical do cantor e compositor – que grava 10
músicas, seis de outra pessoa, Joílton Medeiros, que grava vídeos no Youtube sob
o nome de Felipe Ferrazzo -, algumas delas com títulos poéticos como “A novinha
terrorista” e “É hoje que a gente pira”.
Fico apenas no valor de cada CD: R$ 237.281,28 para 2 mil CDs a serem
distribuídos gratuitamente dá, na boa e velha aritmética, R$ 118,64 por unidade.
Acho que se trata do CD mais caro do mundo inteiro.
Se o dinheiro viesse do bolso dele, nenhum problema. Mas
vai ser todo abatido do
imposto devido pela Havan e, portanto, ficam na conta do dinheiro público.
Quem sabe os “bolsominions”, que tratam projetos culturais como se fossem puras
e simples picaretagens, se interessam em apurar a história do CD de R$ 118,64 do
dono da Havan?