HOMOSSEXUALIDADE NA HISTÓRIA
29/10/2009
HOMOSSEXUALIDADE
Claudecy de Souza
Assim como a heterossexualidade, a homossexualidade é um estado mental.
Não há nenhuma doença ou desvio de comportamento ou perversão, como se
pretendeu até a algum tempo atrás. Mas não é raro encontrar pessoas que insistam
nisso mesmo no meio dos profissionais de saúde.
Em dezembro de 1973 - a APA (Associação Psiquiátrica Americana), propõe e aprova
a retirada da homossexualidade da lista de transtornos mentais (passa a não ser
mais considerada uma doença).
1985 - O Conselho Federal de Medicina do Brasil (CFM) retira a homossexualidade
da condição de desvio sexual.
Nos anos 90 - o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV)
onde são identificados por códigos todas os distúrbios mentais, que serve de
orientador para classe médica, principalmente, para os psiquiatras, também
retirou a homossexualidade da condição de distúrbio mental.
1993 - A Organização Mundial de Saúde (OMS) retira o termo "homossexualismo"
(que da idéia de doença) e adota o termo homossexualidade.
O Conselho Federal de Psicologia (CPF) divulgou nacionalmente uma resolução que
estabelece normas para que os psicólogos contribuam, através de sua prática
profissional, para acabar com as discriminações em relação à orientação sexual.
É importante lembrar que sob o ponto de vista legal, a homossexualidade não é
classificada como doença também no Brasil. Sendo assim, os psicólogos não devem
colaborar com eventos e serviços que se proponham ao tratamento e cura de
homossexuais, nem tentar encaminha-los para outros tratamentos. Quando
procurados por homossexuais ou seus responsáveis para tratamento, os psicólogos
não devem recusar o atendimento, mas sim aproveitar o momento para esclarecer
que não se trata de doença, muita menos de desordem mental, motivo pelo qual não
podem propor métodos de cura.
Existe uma infinidade de teorias psicológicas e biológicas tentando explicar a
origem da homossexualidade. As teorias psicológicas, assim como as biológicas
são abundantes em opiniões e afirmações. Entretanto, nada de definitivo foi
apresentado até o momento. E penso que, se este é um estado mental, nenhuma
conclusão mais será necessária a não ser esta.
Como se disse anteriormente, a homossexualidade é um estado psíquico. O
indivíduo homossexual não faz opção por ser homossexual. Ele apenas é e não
pode, ainda que queira, mudar isso. Ele pode sim, fazer uma opção no sentido de
negar esse impulso e tentar viver como heterossexual. Mas isso tem um impacto
negativo para o pleno desenvolvimento emocional do indivíduo. Trata-se de uma
situação muito mais comum do que se imagina. O impulso sexual que um
heterossexual tem por sua parceira é o mesmo que um homossexual tem por seu
parceiro do mesmo sexo. O que muda é o objeto.
A questão de ser a homossexualidade um desvio ou não está mais ligada a fatores
culturais, econômicos e religiosos. Todos sabemos que, conforme as necessidades
de uma determinada cultura, os valores mudam.
Na antiguidade, entre os gregos, um jovem de doze anos, ao terminar o ensino
ortodoxo, era tomado por um homem, na maior parte das vezes com mais de 30 anos,
para continuar a sua educação. O termo pederastia significava amor de um homem
por um jovem que já havia passado pela puberdade, mas ainda não tinha atingido a
maturidade. Mas os escritos dos autores gregos daquela época parecem deixar
claro que essa posição não pode ser sustentada (O Banquete, Sócrates). O ideal
talvez tenha sido puro na teoria, mas nem um pouco na prática.
Entre os romanos a homossexualidade não era reprovada, mas tinha algumas regras.
Por exemplo, era inaceitável que um senhor fosse passivo com seu escravo. A
felação era um crime aos olhos dos cidadãos romanos. Tirando as regras que
sempre existem em qualquer cultura, a homossexualidade era muito presente em
Roma e praticada por todos inclusive pelos Césares. Quem gostava, praticava e
quem não gostava não praticava. Ninguém interferia com ninguém.
Quando se observa os escritos antropológicos e históricos, não podemos deixar de
observar que, em muitos casos, o comportamento sexual do homem é orientado
política e economicamente obedecendo então os interesses do estado. Um exemplo
disso é que alguns historiadores comentam que em Israel, a homossexualidade e a
prostituição tiveram seus períodos de intensa ocorrência.
Passado o período que a história chama de pagão, surge a igreja católica
exercendo todo seu poder sobre os homens. Tanto a heterossexualidade como a
homossexualidade são condenadas. Entretanto, diante do impulso sexual a igreja
passa a "tolerar" a heterossexualidade, mas joga sobre a homossexualidade, toda
a sua indignação. Os castigos para os atos homossexuais na idade média eram
duros. Apesar disso o homossexual era considerado apenas um perverso.
No final do século XVIII, o homossexual se torna um monstro, um anormal. Era
considerado uma ofensa à criação, uma figura diabólica. A igreja estava pronta a
insistir nisso. Esse é também o primeiro período em que se dá uma
homossexualidade autônoma e isto ocorre sob o signo da feminilidade. Essa
anomalia fazia do homossexual alguém mais exposto ao pecado e mais capaz de
seduzir. Era alguém com capacidade para se aproximar dos demais e arrasta-los
para o pecado.
Muitos países tinham pena de morte para a homossexualidade. Na França, quando
Proust publica "Em busca do tempo perdido", onde escreve sobre a questão
intrínseca da homossexualidade, ou seja, essa condição era um destino do qual os
homossexuais não podiam escapar, houve uma reação social favorável. O fato de
não serem perversos, mas vítima de uma condição, absolvia-os da responsabilidade
moral. Era uma perspectiva triste, mas oferecia alguma proteção contra os
progandistas puristas.
Hoje talvez seja mais fácil para nós compreendermos os direitos individuais.
Entender que o respeito a eles é fundamental para a qualidade de vida. Talvez
seja a única forma de eliminarmos o preconceito e tornar melhor a vida em
sociedade. Homossexualidade não é uma doença e, portanto, não é contagiosa. O
nosso preconceito sim, esse é contagioso e destrói. Não devemos esquecer que um
homem tem inúmeros papéis em sua vida. Ele é filho, irmão, sobrinho, neto,
cunhado, empregado, namorado, aluno, amigo, tem dons intelectuais ou manuais,
pode ser homo ou hetero sexual. Não se pode avaliar um homem ou mulher apenas
por uma de suas características sob pena de perdermos o melhor que ele (a) tem
para nos oferecer. <http://www.pailegal.net/psisex.asp?rvTextoId=1121852661>
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