IRENA SENDLER - UMA TESTEMUNHA DO HOLOCAUSTO
IRENA
SENDLER foi homenageada em 2007 por ter salvado a vida
de 25000 crianças judias durante o holocausto.
Heroína desconhecida fora da Polônia e apenas
reconhecida no seu país por poucos historiadores devido
ao obscurantismo comunista que havia apagado sua façanha
dos livros de história oficiais, Irena nunca contou a
ninguém sobre sua vida durante aqueles anos.
Em 1999 sua história começou a ser conhecida graças a um
grupo de alunos de Kansas através de um trabalho de
conclusão de curso sobre os Heróis do Holocausto. Na
pesquisa encontraram poucas referências sobre Irena com
um dado surpreendente: 2.500 vidas foram salvas por ela.
Como era possível não existir informação sobre uma
pessoa assim? Mas a maior surpresa viria depois. Ao
investigarem o local do túmulo de Irena descobriram que
nunca existiu porque ela estava viva. Aos 97 anos
residia em um asilo em Varsóvia num quarto cercado de
flores e cartões de agradecimento de sobreviventes e
filhos destes em sua honra.
Quando a Alemanha invadiu o pais em 1939, Irena era
enfermeira no Departamento de Bem-estar Social de
Varsóvia, onde cuidava das refeições comunitárias. Desde
o outono de 1940, Irena Sendler assumiu riscos
consideráveis para levar alimentos, roupas e remédios
aos habitantes do gueto que os ocupantes nazistas
instalaram num quarteirão da capital. Em 4 km2, eles
colocaram 500.000 pessoas. Ao assistí-los no Gueto de
Varsóvia Irena, horrorizada pelas condições de vida
impostas a seus moradores. Devido à falta de comida,
muitos morreram de fome ou em decorrência de doenças. Os
outros foram mandados para as câmaras de gás do campo de
Treblinka. No fim do verão de 1942, ela resolveu unir-se
ao movimento de resistência Zegota (Conselho de Ajuda
aos Judeus) criado por um grupo de resistência heróica
antes de o exército nazista destruir completamente o
quarteirão.
Como os alemães receavam uma epidemia de tifus aceitavam
a ajuda dos poloneses para controlar a situação e os
deixavam tomar conta do local. Irena fazia contato com
as famílias oferecendo ajuda para levar filhos e netos
com ela para fora do Gueto. Era um dos momento mais
dolorosos de sua experiência; deveria obter a confiança
dos pais e convencê-los a entregar-lhe seus filhos. Era
indagada: “Pode prometer que meu filho viverá?.....” E a
única coisa que poderia dar como certa é a de que
morreriam se permanecessem ali. O mais duro era o
momento da separação.
Começou a tirá-los em ambulâncias como vítimas de tifus,
e se valia de todos os meios e de tudo o que estivesse
ao seu alcance para escondê-los e tira-los dali: cestas
de lixo, sacos de batatas, malas, etc. Em suas mãos,
qualquer coisa se transformava numa via de escape.
Conseguiu recrutar ao menos uma pessoa de cada um dos
dez centros do Departamento de Bem-estar Social. Com a
ajuda dessas pessoas elaborou centros de documentos
falsos, com assinaturas falsificadas, dando identidade
temporária às crianças judias. Irena vivia os tempos da
guerra pensando nos tempos da paz. Era incansável.
Queria que um dia pudessem recuperar seus verdadeiros
nomes, sua identidade, suas histórias pessoais e suas
famílias. Foi quando inventou um arquivo que registrava
os nomes dos meninos com suas novas identidades. Anotava
os dados em pedaços de papel que enterrava, dentro de
potes de conserva, debaixo de uma maciera, no jardim do
seu vizinho.
Algumas vezes quando Irena e suas companheiras
retornavam a estas famílias a fim de persuadi-las era
informada que todos haviam sido foram levados aos campos
de extermínio. Cada vez que isso ocorria, ela lutava com
mais força para salvá-las.Quando caminhava pelas ruas do
gueto, Sendler usava uma braçadeira com a Estrela de
David, em solidariedade aos judeus, e afim de não chamar
a atenção.
Um dia os nazistas acabaram descobrindo suas atividades
e a levaram à prisão. Quebraram-lhe os pés e as pernas,
além de inúmeras torturas. Queriam que delatasse quem
eram seus colaboradores e os nomes das crianças que
ajudara a salvar. Por não revelar absolutamente nada, em
total silêncio, foi sentenciada a morte.
Irena era a única pessoa que sabia os nomes e onde se
encontravam as famílias que abrigaram as crianças
judias. A caminho de sua execução, o soldado que a
levava a deixou escapar. Embora oficialmente ela
constasse nas listas dos executados, a resistência havia
subornado o soldado salvando a vida de Irena. Ela mesma
desenterraria os vidros com as anotações e tentaria unir
os 2500 meninos que colocou com famílias adotivas
devolvendo-os a suas verdadeiras famílias. Infelizmente,
a maioria tinha perdido seus pais e irmãos nos campos de
concentração nazista.
O pai de Irena, um médico que falecera de tifus quando
ainda pequena, lhe fez memorizar o seguinte: “Ajude
sempre a quem estiver se afogando, sem levar em conta a
sua religião ou nacionalidade. Ajudar cada dia alguém
tem de ser uma necessidade que saia do coração.”
Os meninos só a conheciam pelo apelido: Jolanta.
Anos mais tarde, quando a sua história saiu num jornal
com sua foto antiga, diversas pessoas entraram em
contato: “Lembro de seu rosto... sou um daqueles
meninos, lhe devo a minha vida, meu futuro, e gostaria
de vê-la!”
Irena viveu anos numa cadeira de rodas pelas lesões e
torturas impostas pela Gestapo.
Não se considera uma heroína e jamais reivindicou
crédito por suas ações: “Poderia ter feito mais” e
completa: “Este lamento me acompanhará até o dia de
minha morte!”
Irena faleceu segunda-feira, 12 de maio, de 2008.
<http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/664681/jewish/Irena-Sendler.htm>
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