Artista Federico Solmi acredita que decisão da Justiça é resultado da falta de clima de liberdade cultural no país europeu.
Obra foi acusada de blasfêmia pela Procuradoria da Itália
Federico Solmi, autor de uma obra de arte que traz a imagem de Jesus
Cristo com um pênis à mostra, diz que ficou surpreso e triste com a
apreensão do seu trabalho. Ele é acusado de blasfêmia pela justiça da
Itália. "Gostaria de dizer que o que eu quero contar com minha obra não
é diferente daquilo que eu respiro todos os dias da minha vida", revela
o artista.
A escultura em madeira de Jesus crucificado foi retirada da feira
Artefiera, realizada em Bolonha, a pedido da Procuradoria italiana. Na
imagem, Jesus veste uma mitra -gorro usada por arcebispos, bispos e pelo
Papa - e aparece com um pênis ereto. "A mensagem do meu trabalho nunca
foi anti-Católica, anti-clerical ou de blasfêmia", afirma o italiano.
Solmi, que vive em Nova York há quase dez anos, acredita que quem não
está acostumado com o clima de liberdade cultural dos EUA, tem
dificuldade em entender sua obra. "As características dos meus
trabalhos, vídeos, desenhos e esculturas são partes dessa liberdade e
transgressiva riqueza, da qual é feita a América que nos amamos ou
odiamos, onde a pornografia, religão, violência e sexo e banhos de
sangue coexistem em perfeita harmonia", explica Solmi.
"Para algumas pessoas, esta realidade pode ser difícil de aceitar e
difícil de compreender, mas para aqueles que estão tentando me privar da
liberdade de exprimir a mim mesmo artisticamente, gostaria de dizer que
o que eu quero contar com minha obra não é diferente daquilo que eu
respiro todos os dias da minha vida", rebate Solmi aos que o acusam de
blasfêmia.
O polêmico Jesus, com cerca de 50 centímetros, gerou controvérsia desde
a inauguração da Artefiera, no final de semana. Alguns críticos
italianos acusaram a presença da obra como um oportunismo publicitário
dos organizadores do evento.
O artista diz que a escultura é uma forma de satirizar todas as figuras
históricas que tiveram o poder e o usaram em favor dos pobres. "Penso
que quem tem a coragem de se prestar a um papel de tolo - na verdade,
esse trabalho é meu autorretrato com uma tiara - tem a coragem de
admitir que vivemos em uma sociedade absurda. Este é o fio condutor
entre todos os meus trabalhos: a ridícula sociedade em que vivemos",
conclui Solmi.
Abril
FONTE: noticiascristas.blogspot.com