"Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."
(João 3:16)
Imaginem a situação: um rei condenou um bando de criminosos à morte, mas fica
com pena e mata o próprio filho em lugar deles, libertando-os a seguir.
Não consigo ver a lógica em um rei sacrificar um inocente (ainda
por cima, seu próprio filho) para que ele possa se permitir perdoar criminosos que ele mesmo
condenou. Por que ele não os perdoa sem matar um inocente se ele tem esse poder?
Não consigo entender de que modo a morte de um inocente cancela a culpa de um
criminoso. O que uma coisa tem a ver com a outra? Um crime anula o outro? O
criminoso não continua criminoso? Se foi o próprio criminoso que matou o
inocente, o novo crime não deveria se somar ao anterior e piorar ainda mais sua
situação?
No caso específico da Bíblia, não consigo entender como alguém que foi condenado
por roubar uma fruta é perdoado depois que mata o filho do dono da fruta.
Até faz sentido uma situação em que um pai tenha que escolher entre a morte do
próprio filho e a morte de várias pessoas. Talvez ele ache que muitas vidas têm
mais valor que uma única vida, mas, se esse pai tem o poder incondicional de
salvar o grupo de pessoas, por que ele só o faz se essas pessoas matarem seu
filho antes? Onde está a lógica?
Acho que isto é um belo exemplo de lavagem cerebral. Depois de crescer ouvindo
que “Deus, em seu amor, enviou seu único filho para morrer pelo perdão de nossos
pecados”, as pessoas param de raciocinar e aceitam o absurdo.
Claro que o absurdo é maior ainda quando se considera que quem cometeu o tal
pecado não fomos nós e sim ancestrais remotíssimos e lendários, e que não temos
nada a ver com eles, mas os crentes também aceitam sem discutir que já
nascemos
culpados de alguma coisa que não fizemos tão grave que
foi necessário o sacrifício de um deus
para que pudéssemos ser perdoados.
É incrível como o conceito de apaziguar os deuses através de sacrifícios humanos
ou de animais, tão comum entre povos bárbaros, sobreviva em pleno século XXI. É
incrível que alguém acredite em que um deus faria um sacrifício para apaziguar a
si mesmo, para nos salvar dele mesmo, ainda por cima o
sacrifício de uma parte
dele próprio.