JOÃO BATISTA E JESUS
José Boy de Vasconcellos
"João
Batista não batizou Jesus
Se,
realmente, João Batista tivesse recusado a batizar Jesus, sob a alegação de que
ele (João) é que deveria ser batizado por Cristo; Se João Batista, após o
hipotético batismo, tivesse visto os céus se abrirem (coisa admirável,
espantosa, excepcional); Se realmente João Batista tivesse assistido a uma cena
inusitada de uma pomba descendo das siderais alturas do céu sobre a cabeça de
Jesus; Se tivesse ouvido a majestosa voz de Deus vinda de distância
estratosférica que dizia: "este é meu filho amado, em quem me comprazo” (Mateus
3:16-17; Lucas 3:22);
Por
que então, posteriormente,
JOÃO
Batista enviou dois de seus discípulos
para indagarem de Jesus se este era
ou não, o messias redentor esperado,
desejando saber ainda: se “haveremos de
esperar outro"?
(evangelho de
São Mateus 11:2-3 e São Lucas7:19-20).
Narrativas confusas e
colidentes.
Estórias muito mal contadas!
O batismo de Jesus
teria sido (se tivesse acontecido), o único dos realizados por João Batista, com
incidentes tão extraordinários, excepcionais e jamais vistos, como os relatados
nas controversas e mitológicas narrativas dos dois evangelistas.
Indubitavelmente, João não teria feito outro batismo (se verdadeiro fosse)
igual ao do “filho amado de Deus”, ocasião em que teria sido, de alto e bom
som, lá das ástreas e imiscíveis alturas celestes, a própria tonitruante voz de
Deus. Se, efetivamente, o batismo tivesse sido realizado,
João não poderia nunca, jamais, em tempo algum de sua vida, esquecer,
(ainda mais em tão pequeno interregno), daqueles acontecimentos incomuns,
insólitos e formidáveis, que teriam marcado a sua existência.
Bastariam estas flagrantes, absurdas e contundentes contradições entre as duas
narrativas evangélicas sobre fato mais que relevante da vida do suposto Jesus
Cristo, que teria iniciado sua curtíssima carreira após o seu batismo, para
desmoralizar tudo que contam os evangelhos.
Jesus começou ou não começou seu ministério, que durou apenas dois ou três
anos, logo após o suposto e controverso batismo?
Se João não sabia quem era Jesus, se não o conhecia, então não houve o
hipotético batismo. Então qual seria o marco inicial da carreira de Jesus?
Ou tudo não passa de invento de caráter mitológico?
Reitere-se: a abertura dos céus, com uma pomba descendo, em altíssima
velocidade, do céu sobre Jesus, logo depois do batismo e ainda a voz
tonitruante, altissonante e potente de Deus, vinda lá da imensidão dos céus,
afirmando “tu és o meu filho amado, em ti me comprazo” (Lucas 3:22), são
fatos mais que extraordinários e transcendentais, para serem esquecidos,
rapidamente.
“A mentira tem pernas curtas”: João Batista não batizou Jesus, pois, nem sabia
quem era ele, tanto que mandou indagar a respeito! (São Mateus 11:2-3 e São
Lucas7:19-20)
Os fatos insólitos e incomuns que acontecem na vida de qualquer pessoa ficam
marcados, indelevelmente, em sua mente, como asseguram os mestres e compêndios
de psicologia. Nossa mente guarda, sem dúvida, os fatos que nos assustaram e nos
causaram perplexidade, alguns provocando até traumas, que nos atribulam por toda
existência. Fatos extraordinários nunca são esquecidos.
Destarte, se fossem verdadeiras as contraditórias narrativas evangélicas, João
jamais iria esquecer, repita-se, e tão rapidamente, dos lances célicos
grandiosos do mais importante dos batismos que realizou. Mas, “et pour cause”,
apesar dos transcendentes acontecimentos da cerimônia batismal, João Batista
mandou dois de seus discípulos para perguntarem a Jesus: “És tu aquele que
estava por vir ou esperamos outro?”
Mais gritante e estrepitosa se torna a contradição, o que a eleva ao nível de
mentira pura, quando se lê, em Mateus, 3:13-15, que João Batista não queria
batizar Jesus, sob a alegação de que “eu é que preciso ser batizado por ti, e tu
vens a mim”. Ora, João Batista “o maior dos nascidos de mulher” (Mateus 11:11)
proferindo estas palavras, demonstrava ter certeza absoluta, como maior profeta
de todos os tempos, que Jesus era o messias prometido”. E por isto teimou
inicialmente com Cristo? Aliás no versículo 15- “ in fine”, do aludido
capítulo 3, do Evangelho Segundo Mateus, está escrito que João ficou convencido
de se tratava do esperado messias, e “então ele o admitiu” e batizou Jesus, “
in litteris”:
“ Por esse tempo, dirigiu-se da Galiléia para o Jordão, a fim de que João o
batizasse. Ele porém o dissuadia, dizendo: eu é que preciso ser batizado por ti,
e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: deixa por enquanto, porque, assim, nos
convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu” ( Mateus 3: 13-15)
Assim:
1-Depois de reconhecer, pela sua qualidade de maior de todos profetas, a
grandeza de Cristo, como está escrito no diálogo que antecedeu o batismo;
2-Após a fenomenal e espetacular abertura dos céus (“mirabile dictu!”);
3- Depois que o Espírito Santo desceu dos céus, em forma corpórea de uma pomba
(exclamam os cristãos :“credo quia absurdum”);
4-Depois de ter ouvido a voz que provinha das alturas do céu: “Este é o meu
filho amado, em quem me comprazo” ( “res admirabilis”);
5-por que razões Iria João Batista, pouco tempo depois, mandar saber se Jesus
era ou não o redentor que estava por vir?
Aliás, se fosse verdade o que está escrito em Mateus, 11:14, o João Batista
proviera dos céus, porque era o próprio Elias, que em vida foi conduzido
para a mansão celeste.
A reencarnação de Elias não poderia ter acontecido, porque, como foi dito,
foi vivo para os céus (?). Os vivos não reencarnam, simplesmente porque não
morreram, logo João Batista, sendo o próprio profeta Elias (Mateus 11:14),
a única hipótese admissível e a de que ele desceu do céu, para onde Elias subira
em vida.
Nestas condições, João- Elias não tinha porque duvidar divindade de Cristo e
muito menos mandar indagar se Jesus era ou não o messias, ou se haveria espera
de outro redentor .
Vê-se que a atrapalhada em completa, o imbróglio é gigante e a celeuma é
tremenda. Os “evangelhos” não têm nada de inspirado, porque, se fossem a
“Palavra Deus”, não iriam incidir em tamanhas contradições e inqualificáveis
parvoíces.
É forçoso, portanto, reconhecer que os autores dos evangelhos implantaram um
embaraçoso “qui pro quo” em torno das narrativas antagônicas, das versões
colidentes que fizeram inserir nos textos evangélicos, que se tornaram indignos
de qualquer credibilidade. É ponto frio, entre os estudiosos do novo testamento
e teólogos mais eruditos, que os evangelhos foram escritos e reescritos em
lugares distantes da chamada Palestina e não são obras das pessoas neles
indicadas como seus autores. Eles nada de têm inspiração divina, como proclamam
os cristãos, porque repletos de muitas outras absurdas contradições e erros
ululantes.
A incontornável confusão implantada e os posteriores elogios feitos por Jesus
ao João Batista (Mateus 11:11-14), dizendo ser este último o próprio Elias,
chegam a abrir azo para que os espíritas fiquem convencidos de que a
reencarnação é bíblica. Os espiritistas se acham firmemente embasados nesta
passagem evangélica, quando sustentam, com extasioso arroubo, a doutrina da
reencarnação.
Qualquer pessoa que leia os conflitantes e incongruentes evangelhos com
independência intelectual, livre dos grilhões impostos pela religião; Qualquer
pessoa que não queira, antecipadamente, provar o improvável; chega à cogente e
imperativa conclusão, que nem o batismo de Cristo aconteceu, com aqueles lances
extraordinários e nem o João Batista teria mandado perguntar coisa alguma sobre
Jesus. Tudo não passa de mais uma das lendas da mitologia cristã.
Os Bispos e Padres, da época do Imperador Romano Constantino I, “o Grande”,
elaboraram, praticamente, os quatro evangelhos que escolheram, partindo de
lendas e tradições orais e fragmentos de documentos que depois destruíram. Estes
mesmos evangelhos, posteriormente, sofreram muitíssimas emendas e correções e
revisões, como reconhecem até festejados teólogos.
Mas apesar disto tudo, os bispos e padres que participaram do negregando
Primeiro Concílio de Nicéia e os escribas que, posteriormente, adulteraram os
textos constantes dos evangelhos, não conseguiram eliminar as copiosas
incongruências e contradições destes evangelhos, escolhidos, de maneira muito
esquisita ou seja por sorteio, para fazerem parte do Canon do Novo Testamento.
Havia, segundo os grandes historiadores e estudiosos, trezentos e quinze (315)
evangelhos escritos muito tempo depois da suposta morte de Cristo e sempre uns
copiados dos outros. O Concílio de Nicéia escolheu por estranho sorteio, os
quatro, que também não foram escritos pelos apóstolos ou pessoas nele indicadas,
conforme foi acentuado a linhas volvidas, se não vejamos:
. “No que concerne aos Evangelhos, foram escritos em número de 315, copiando-se
sempre uns aos outros. No Concílio de Nicéia, tal número foi reduzido para 40, e
destes foram sorteados os Quatro que até hoje estão
vigorando. (La Sagesse in JESUS NUNCA EXISTIU).
“As modificações mais radicais datam do concílio de Nicéia e foram motivadas
pelo acordo entre o papa Dâmaso I e o imperador Constantino. Foi nessa
ocasião que os Evangelhos mais antigos, e especialmente o Evangelho dos Hebreus
(evangelho primitivo de São Mateus), foram declarados todos secretos (apokruphos
= apócrifos).
Além disso, nos quatro
Evangelhos que restavam, foram
feitas adições, subtrações e modificações
que causaram o espanto de São Jerônimo, encarregado de fazer a tradução para o
latim.” ( O
Livro dos Mundos Esquecidos»,
de Robert Charroux)
“Os documentos incluídos no assim-chamado "Novo Testamento" (a saber, os Quatro
Evangelhos, os Atos, as Cartas e o Apocalipse) são falsificações
perpetradas pelos patriarcas da Igreja Romana na época de Constantino, por eles
chamado "o Grande" porque permitiu esta contrafação colaborando com ela”. (Pesquisa
e Compilação de dados: E.I.E. Caminhos da Tradição )
Tais lendas teriam então sido inventadas pelos patriarcas romanos dos três
séculos que se seguiram, durante os quais todos os documentos dos primórdios da
assim-chamada "era Cristã” existente nos arquivos do Império Romano foram
completamente alterados. (idem, ibidem)
E os protestantes? Como ficam diante das comprovadas fraudes e falsificações?
É certo que aceitam os quatro evangelhos (e de resto todo o “novo testamento”)
que foram, como se viu, totalmente adulterados e falsificados pelos
inescrupulosos bispos e padres da Igreja Católica!
Os chamados “evangélicos” não aceitam e até combatem, com rigor, a idólatra
doutrina católica, mas, por estranha ironia, crêem, como se verdade fosse, em
tudo que está escrito nos evangelhos falseados e andam até, “coram populo”,
dizendo das virtudes e correção dos escritos falsificados pelos bispos e padres
do Primeiro Concílio Nicéia que praticaram o “falsum” com a finalidade de
agradar ao imperador romano Constantino I, “o Grande”, este que, pelo
absurdo dos absurdos, foi considerado o 13° apóstolo de Jesus. Ele que
nunca foi cristão e que só foi batizado após sua morte.
“Quando Constantino morreu,
em 337, foi batizado e enterrado na consideração de que ele se tornara o
décimo terceiro Apóstolo, e na iconografia eclesiástica veio a ser
representado recebendo a coroa das mãos de Deus. (Pesquisa e Compilação de
dados: E.I.E. Caminhos da Tradição )
Dos comentários acima aduzidos e das citações de estudiosos supra transcritas,
chega-se à inarredável conclusão de que os fatos narrados nos evangelhos foram,
induvidosa e irresponsavelmente, adulterados com adições, subtrações e
modificações e invencionices de todos os matizes, isto, se não se considerar que
foram integralmente falsificados pelos patriarcas da Igreja, na época de
Constantino, como afirmam alguns que se aplicam à chamada alta crítica da
bíblia. (Se non è vero, è bene trovato!) Destacados cientistas e críticos da
bíblia chegam a afirmar que os evangelhos foram escritos pelos padres.
Não houve batismo de Jesus. João não mandou emissários para saber se ele era o
messias redentor, porque os evangelhos não passam de insensatas e criminosas
invencionices, praticadas, astuciosamente, muitos anos depois da data da
hipotética morte do Jesus, que nunca existiu, porque não é citado por nenhum dos
grandes historiadores da época (que cuidaram até de outros inexpressivos
messias). Jesus Cristo não é mencionado nos relatos de Pilatos (“Acta Pilatis” –
atos de Pilatos), sobre os incidentes ocorridos no seu governo. Sobre o
tumultuado julgamento do milagroso “rei dos judeus” ou do “filho de Deus”, não
existe qualquer menção. Pilatos, que relatou até fatos de seu governo sem a
mínima importância, não deixaria nunca de fazer constar dos seus escritos
diários o julgamento do réu que se proclamava filho de Deus, Rei dos Judeus e
até mesmo o próprio Deus, quando teria afirmado: “Eu e o Pai somos um” (
João: 10, vers. 30).
É preciso ler e examinar a bíblia com atenção e independência intelectual à luz
da razão, considerados os grandes avanços de todos os ramos da ciência.
Escreveram grandes estudiosos da bíblia:
“Para se tornar ateu, somente é necessário ler a Bíblia com honestidade
intelectual”. (Gemini)
“Se mais cristãos lessem a
Bíblia, haveria menos cristãos.” (Derek W. Clayton)
“Quer se tornar ateu? Leia a Bíblia!
Quem estuda,
sabe.
Quem não estuda,
acredita!”
(Jesus não voltará – Ceticismo Net)
Os religiosos em geral, principalmente os chamados “evangélicos”, vivem com a
bíblia nas mãos, mas não a lêem ou lêem apenas as poucas partes que lhes
interessam, mesmo assim interpretando tendenciosamente os textos, guiados por
padres e pastores, interessados nas ofertas, óbolos e dízimos.
“Portanto, a Bíblia acaba sendo interpretada como convém ao leitor — o que é
extremamente perigoso. E se se você não lê a Bíblia, uma outra pessoa vai
interpretá-la por você — o que é mais perigoso ainda”
(
Saramago apud
Bruno O. Barros in “Lê a Bíblia e perde a Fé”)
“As religiões terminarão, assim que todos se recusarem “dar dízimos”. (Lisandro
Hubris)