A MAIOR AMEAÇA À DEMOCRACIA
Fanatismo evangélico ameaça a democracia no Brasil, diz reverendo
quinta-feira, setembro 12, 2013
'Evangélicos têm um projeto político perigoso para o Brasil'
O reverendo Carlos Eduardo Calvani, da Igreja Anglicana no Brasil, escreveu um
artigo alertando que o movimento evangélico representa um grande perigo ao
Estado laico e à democracia, porque é liderado por pastores fundamentalistas
como Silas Malafaia, Robson Rodovalho, Edir Macedo e R.R.Soares.
“A única diferença entre esse grupo e o fundamentalismo islâmico está nos
referenciais religiosos nos quais se apoiam”, escreveu.
Calvani, que atua em uma paróquia de Campo Grande (Mato Grosso do Sul),
manifestou a certeza de que os fundamentalistas evangélicos têm um plano de
tomada de poder.
“Os evangélicos têm um projeto político muito perigoso para o Brasil”, escreveu.
“Utilizam as Escrituras Sagradas do modo como lhes convém, para interferir na
Comissão de Direitos Humanos, para propor ou alterar leis e infringir
descaradamente as cláusulas pétreas da Constituição Federal.”
Segundo ele, faz parte desse projeto de poder dos evangélicos a infiltração em
todos os setores da sociedade brasileira, como já ocorre na política.
“[Eles] não hesitarão em se infiltrar nas forças armadas utilizando o potencial
bélico brasileiro para seus objetivos”, escreveu.
Afirmou que os fundamentalistas evangélicos, se preciso, até cometerão
assassinatos, “invocando textos bíblicos, o “Deus Guerreiro” do Antigo
Testamento e seus exércitos sanguinários”.
Reverendo compara Malafaia
aos fanáticos do Islã
Grande não merecia, na comemoração dos seus 114 anos de emancipação, o desprazer
de assistir a tal “Marcha para Jesus” organizada por pastores-políticos e
políticos-pastores reunindo cerca de 40 mil fanáticos para ouvir o “mais do
mesmo” – as bobagens retrógradas de Silas Malafaia, Robson Rodovalho e outros.
O movimento evangélico hoje é um dos maiores perigos para a sociedade brasileira
e o Estado Laico por seu potencial fundamentalista Malafaia, Feliciano,
Rodovalho, Macedo, R.R. Soares e outros nomes menores que estão despontando (e
outros que ainda despontarão) são a pior espécie de fanatismo religioso
possível. A única diferença entre esse grupo e o fundamentalismo islâmico está
nos referenciais religiosos nos quais se apoiam.
É certo que a grande maioria dos muçulmanos não é fundamentalista; mas os poucos
que alcançam o poder cometem barbaridades em nome de sua fé. O fundamentalismo
evangélico caminha pelo mesmo rumo. Alguém em sã consciência e com um mínimo de
instrução ou sensibilidade consegue acreditar neles e em seus discursos? Somente
os analfabetos funcionais, que pouco leem (aliás, sequer a Bíblia lêem, ou lêem
com olhares medievais) os apoiam.
Não nos iludamos. Os evangélicos têm um projeto de tomada de poder na
sociedade brasileira. Os evangélicos têm um projeto político muito perigoso
para o Brasil. Utilizam as Escrituras Sagradas do modo como lhes convém, para
interferir na Comissão de Direitos Humanos, para propor ou alterar leis e
infringir descaradamente as cláusulas pétreas da Constituição Federal. Eles se
infiltram nos partidos e conseguem ser eleitos para cargos no executivo e no
legislativo.
Mas eles não têm fidelidade partidária nem princípios
sociais claros. São mesquinhos e egoístas.
Seus princípios são os da promiscuidade “igreja-estado”. A bancada evangélica é,
comprovadamente, a mais inútil do Congresso Nacional.
No fundo, seu projeto é acabar com as manifestações religiosas com as quais não
compartilham, sejam elas católico-romanas, espíritas, do candomblé, umbanda ou
de qualquer outra religião que não a deles; desejam interferir na orientação
sexual privada das pessoas “em nome de Deus”; fazem acusações levianas de que o
movimento LGBT deseja acabar com as famílias; querem dominar o Ensino Religioso
nas Escolas Públicas e, se conseguirem tomar o poder, não hesitarão em se
infiltrar nas forças armadas utilizando o potencial bélico brasileiro para seus
objetivos.
Sim, matarão se for preciso, invocando textos bíblicos,
o “Deus guerreiro” do Antigo Testamento e seus exércitos sanguinários;
sim, destruirão o “Cristo Redentor” e qualquer outro monumento de outra
religião; sim, se tiverem pleno poder proibirão o carnaval, festas juninas,
romarias marianas, terreiros de candomblé e exigirão conversão forçada a seu
modelo de vida e à sua religião; o fundamentalismo que os inflama não terá
qualquer restrição em proibir shows populares, biquínis nas praias e utilizarão
armas químicas para fazer valer seus ideais. Viveremos um “talibã evangélico”,
com homens com o mesmo olhar raivoso de malafaia, e gays internados em campos de
concentração para que sejam “curados”.
Alguns dirão que estou exagerando. Porém, Malafaia disse ao microfone: “Nós
declaramos que vamos tomar posse dos meios de comunicação, das redes de
internet, do processo político, nós vamos fazer a diferença, vamos influenciar o
Brasil com o evangelho de Jesus”.
Se permitimos que seu projeto vá à frente, preparem as burcas. Nosso futuro será
sombrio.
Artigo do reverendo Calvani foi publicado originalmente no Campo Grande News.
https://www.paulopes.com.br/2013/09/fanatismo-evangelico-ameaca-democracia-diz-reverendo.html
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