A MAIOR PROVA DE QUE DEUS É UMA CRIAÇÃO DO HOMEM

- 25/11/2006 -

 

A maior prova de que deus é uma criação da mente humana está na mudança das crenças ao longo do tempo. Em uma época, diz a Bíblia, o deus criador deu uma verdade aos homens inspirados. Em tempo posterior, outros homens inspirados revelaram verdades divinas muito diferentes das antigas. Se fosse realmente uma verdade, ela não se teria mudado no decorrer da história. Deus (Yavé), dizem, prometeu aos seus homens longa vida, prosperidade e descendência numerosa. Muitos séculos depois, diz-se que o mesmo deus prometeu que ressuscitará os mortos. A ressurreição não existia nas promessas de Yavé antes dos hebreus viverem sob o domínio dos babilônios. Isso nos dá a certeza de que ressurreição não passa de uma crença criada pelo homem, assim também, o deus a quem as pessoas atribuem a função de ressuscitar os mortos.

Esta é a pergunta que os cristãos em regra não se fazem: Se Deus ressuscita os mortos, por que ele não prometeu ressurreição a Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi, etc.? Yavé teria inventado a ressurreição só depois disso? Ou o deus verdadeiro copiou coisas dos deuses falsos dos babilônios e persas?

O Velho Testamento até apresenta casos de pessoas ressuscitadas, mas não apresenta inicialmente nenhuma promessa de ressurreição dos mortos. Está escrito que Elias trouxe à vida um menino morto (I Reis, 17: 20-22). Também fala que, ao tocar os ossos de Eliseu, um cadáver retornou à vida (II Reis, 13: 21). Todavia, nenhuma promessa existia de que todos os mortos viessem um dia a ser ressuscitados para uma nova vida como se crê hoje.

O Gênesis não diz que Adão um dia ressuscitará, mas fala que Yavé lhe disse que ele, feito do pó, retornaria ao pó. Também fala das promessas de Yavé a Abraão, Isaque e Jacó, entre as quais não se inclui ressurreição. A lei mosaica não apresentou nenhuma promessa de recompensa em outra vida após a morte. A lei apresentou um deus severo, com promessas e ameaças nesta vida: “porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam” (Deuteronômio, 5: 9). E não prometia nada mais além do que se pudesse conceder aqui na terra: ““Honra a teu pai e a tua mãe, como o senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Deuteronômio, 5: 15).

Em relação ao pós-morte, encontramos algumas opiniões:

Jó teria dito: “Oxalá me encobrisses na sepultura e me ocultasse até que a tua ira se fosse, e me pusesses um prazo e depois te lembrasse de mim! Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó, l3: 13 e 14). Era assim que ele teria crido: “...o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus não acordará, nem será despertado do seu sono” (Jó, 13: 12). E ainda mais claramente: “Tal como a nuvem se desfaz e some, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar o conhecerá mais” (Jó, 7: 9, 10)

Salomão não cria na existência de consciência após a morte, nem em qualquer recompensa póstuma; pois um livro a ele atribuído diz: “Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol” (Eclesiastes, 9:5, 6).

A NOVA JERUSALÉM prometida pelo profeta Isaías não era para mortos ressuscitados como aquela apresentada nas visões de João no Apocalipse, e a morte continuaria a existir:

Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão: Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo motivo de gozo. E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado. E eles edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras das suas mãos: Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles. E acontecerá que, antes de clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor” (Isaías, 65: 17 a 25).

Aí vemos que as promessas de Yavé, do Velho Testamento, não eram nada após a morte, mas prosperidade aqui na Terra.

No profeta Isaías, até já encontramos alguns textos falando de ressurreição:

Os falecidos não tornarão a viver; os mortos não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e fizeste perecer toda a sua memória” (Isaias, 26: 14). “Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair” (Isaias, 26: 19). Lendo todo o texto, percebe-se que não estava o profeta falando de uma ressurreição dos mortos em um dia de juízo final como se fala no Novo Testamento; tanto que, ao se referir a Israel, fala que “teus mortos ressuscitarão” e, ao se referir aos inimigos, diz “os mortos não ressuscitarão”. Se ele já cria que os hebreus fossem ressuscitar, achava que os outros povos não teriam ressurreição. Só posteriormente é que devem ter desenvolvido essa idéia de que os maus ressuscitam para serem punidos.

Por outro lado, apesar da crença expressa na lei mosaica, nos livros que seguem ao Pentateuco e na maioria dos profetas, a crença na ressurreição já aparece bem cristalizada em Daniel, profeta que dizem ter vivido na corte do rei de Babilônia.

As profecias de Daniel apresentam coisas muito coincidentes com o cristianismo, e a promessa de recompensa após a morte e ressurreição. No último capítulo está escrito que, em sua última visão, disse ter recebido a mensagem angélica: “...descansarás, e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança” (Daniel, 12: 13). Há informações de que o primeiro contato dos hebreus com a crença na ressurreição dos mortos se deu sob os domínios babilônico e medo-persa. E o texto acima parece ter sido escrito nos dias da vitória de Judas Macabeu e restauração do santuário profanado por Antíoco Epífanes.

“No final do século VIII a.C. Israel foi conquistada pela assíria, sendo muitos dos seus habitantes levados para a Assíria, tendo aí desaparecido, sendo hoje conhecidos como as dez tribos perdidas de Israel. O reino da Judeia manteve a sua independência a troco de um pesado tributo. Cerca de 150 anos mais tarde, os babilónios tomam a sua capital - Jesusalém -, e arrasam-na (586 a.C), levando consigo grande número de prisioneiros. No seu cativeiro na Babilónia os judeus absorveram aí muitos conceitos novos que vieram a incorporar no judaísmo: Ressurreição dos Mortos, Inferno, Demónios, Apocalipse, etc. Como dissemos, a partir de meados do séc.VIII a..C o judaísmo entra num período de grande produção doutrinária, conhecido pela ‘tempo dos profetas’. Estes afirmam de forma clara a universalidade e unicidade de Deus.” (Carlos Fontes, Origem da Filosofia).

O evangelho de Mateus diz que Jesus, para convencer os saduceus de sua doutrina da ressurreição, não apresentou nenhuma afirmação antiga que falasse diretamente dela, mas disse: “E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos” (Mateus, 22: 31,32). Vemos aí nada mais do que um argumento fragílimo para justificar uma idéia. Isso é como eu dizer: “sou neto de João José Pereira”, e as pessoas dizerem que eu afirmo que meu avô está vivo. O evangelho de Mateus fala de Daniel, mas parece que seu autor não conhecida o capítulo 12 (especialmente seu versículo 13). Pois poderia ter apresentado isso como argumento de Jesus. Ou pode ser que ele não tenha apresentado esse texto devido aos judeus não aceitarem todo o livro de Daniel. O fato de os saduceus não crerem na ressurreição é uma evidência de que essa idéia era nova entre os hebreus.

A grande diferença que os religiosos não vêem entre o Velho e o Novo Testamento é que, no Velho, Jeová prometia prosperidade aqui na Terra, e no Novo, Jesus prometeu recompensa após a morte e ressurreição. Comparando-se a Nova Jerusalém de Isaías (Isaías, 65: 17-25) e a Nova Jerusalém de João (Apocalipse, 21 e 22), entre outras diferenças, na primeira, haveria muita prosperidade, mas tudo dentro na normalidade terrena, com pecado e morte; na segunda, a imortalidade e a inexistência do pecado. Não percebem que a ressurreição foi introduzida nas cabeças dos hebreus em época bem posterior ao começo da formação da Bíblia. Aí está a maior prova de que a ressurreição não procede do deus dos hebreus, mas do pensamento dos babilônios ou outro povo que a transmitiu a eles, e eles o passaram para os hebreus. E, como tiveram seus líder executado pelos romanos, alguns judeus adeptos da crença na ressurreição passaram a pregar que eles se ressuscitariam, ou já teriam sido ressuscitados e futuramente retornariam para ressuscitar a todos os que cressem neles, e os romanos criadores do Cristianismo aproveitaram bem essa crença. Com certeza, foi muitos anos depois da morte de algum revoltoso que surgiram os relatos de que ele teria ressuscitado algumas pessoas e que um grande número de mortos ressuscitaram no dia de sua morte.

 

A inexistência da ressurreição nas promessas divinas aos patriarcas é prova mais que suficiente de que ela não passa de uma crença como qualquer outra adotada pelos judeus bem depois de já terem uma parte de suas escrituras sagradas, assim como o deus que essas pessoas acreditam que ressuscitará os mortos não passa de um ser imaginário, a quem eles atribuem as idéias que eles próprios assimilaram de outros.
 

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