A religião
pode, em muitos casos, trazer benefícios psicológicos; entretanto, o que a
maioria não percebe é que as crenças religiosas ocasionam mais prejuízos do que
benefícios à sociedade humana. Torna-se, pois, necessários prevenirmos.
Acreditar em uma vida feliz depois da morte é algo que favorece a disposição de
muitas pessoas para suportar as agruras da vida real. Entretanto, pouco passa
disso. O comportamento do religioso sofre algumas moderações, mas não vai muito
além do que é regulado pelo sistema jurídico. A idéia de que há um juiz que vê
tudo a todo tempo não tem um poder tão grande quanto se pensa, haja vista os
procedimentos ilegais ou imorais praticados freqüentemente por religiosos que,
volta e meia, afloram por toda parte, atos esses que, trazidos a lume, são
sempre atribuídos a tentações do Diabo, o lado maligno do sobrenatural.
Como a religião tende, via de regra, a conservar os pensamentos retrógrados
formados nas sociedades mais primevas, relutando em acatar os esclarecimentos
modernos que vão de encontro às idéias tidas como de procedência divina, enormes
têm sido os obstáculos ao avanço científico, com conseqüências assaz negativas
para a humanidade.
O filósofo Renné Descartes, por influência do pensamento religioso, chegou ao
absurdo de imaginar que um animal irracional fosse insensível à dor, uma
vez que não teria alma, atributo exclusivo do ser humano. Qualquer pessoa normal
perceberia naturalmente, pela observação simples das reações do animal, a
irracionalidade de tal pensamento. No entanto, uma pessoa de intelecto
privilegiado foi levada a essa imbecilidade, argumentando contra as evidências,
com fundamento em crença oriunda do pensamento mais primitivo.
Madre Tereza de Calcutá, tida como uma pessoa boníssima, caridosa, etc., também
se deixou levar pelo pensamento primevo ao disparate: “A AIDS é uma justa
retribuição à promiscuidade sexual”. O que dizer das pessoas que contraíram
o vírus da AIDS através de uma transfusão de sangue? Que prova ou indício há de
que o vírus faça escolha entre culpado ou inocente? A crença cega o
entendimento.
Giordano Bruno foi assassinado em uma fogueira, e Galileu Galilei foi forçado a
uma retratação pública, ambos por terem cometido o pecado de afirmar uma
realidade hoje inconteste. Negar que a Terra fosse o centro do Universo
contrariava as ‘verdades’ divinas.
Hoje, não obstante todos os avanços científicos que lançam por terra o que se
tem por verdade dita por um deus, autoridades políticas americanas, em nome das
‘verdades’ divinas, tentam proibir ensino científico em escolas em várias
Estados daquele país. E, no Brasil, as pesquisas com células-tronco têm
sofrido graves entraves também pela influência divina no pensamento de
diversos parlamentares.
Finalmente, mais grave é o fato de ainda se formarem exércitos de terroristas
dispostos a se espedaçarem em nome do que acreditam ser vontade divina,
contando com a promessa de um paraíso pós-morte.
Se a fé leva à luta contra a ciência, a
argumentos estúpidos, à imposição de
comportamentos e perseguição aos que não creem e ao
terrorismo, não podemos descartar o risco de
voltarmos a ser subjugados pelo pensamento primitivo e submetidos a um comando
estatal teocrático. A única forma de evitarmos esse retorno da barbárie
divina é esclarecer a sociedade sobre os equívocos humanos do passado que
resistem ao conhecimento moderno em detrimento da humanidade e da liberdade de
pensamento.