France Presse
25/12/2011 14h21
Ataques no domingo de Natal na Nigéria deixam mais de 30 mortos
Ataques a bomba atingiram igrejas durante celebrações de Natal no país.
Porta-voz de grupo islâmico Boko Haram assumiu a autoria dos atentados.
Da France Presse
Ataques a bomba contra igrejas durante as celebrações
de Natal, entre os quais um fora da capital, mataram pelo menos 32
pessoas na Nigéria, em meio à crescente violência, reivindicada por um grupo
islâmico.
A seita islamita Boko Haram, da Nigéria,
reivindicou a autoria do atentado contra uma igreja de Madalla, perto da
capital, Abuja, que matou 27 pessoas, enquanto três novas explosões foram
registradas em igrejas do país, uma delas na igreja evangélica da cidade de Jos
(centro), na qual morreu um policial que vigiava o templo, e no templo de
Damaturu, onde quatro pessoas morreram.
"Somos responsáveis por todos os ataques dos últimos dias, inclusive a bomba na
igreja de Madalla", disse, em declarações por telefone, um porta-voz da Boko
Haram, Abul Qaqa. Continuaremos lançando ataques como estes no norte do
país nos próximos dias", advertiu a fonte.
"Os responsáveis que fizeram a contagem me disseram que 27 pessoas morreram" na
igreja de Madalla, declarou o padre Christopher Bard, informando que a explosão
aconteceu ao final da missa de Natal, revisando para cima o número de 15 mortos,
registrado inicialmente pelos serviços de primeiros socorros.
Na quinta e na sexta-feira, confrontos entre o grupo, que promove a criação de
um Estado islâmico na Nigéria, e forças de ordem no nordeste do país deixaram
100 mortos.
Mensagem do Vaticano
Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, o ataque foi fruto de um
"ódio cego e absurdo".
"O atentado contra a igreja na Nigéria, precisamente no dia de Natal, manifesta
infelizmente mais uma vez um ódio cego e absurdo que não tem nenhum respeito
pela vida humana", disse Lombardi, em declarações à imprensa, na Santa Sé.
Segundo Lombardi, o atentado contra uma igreja católica em Madalla "busca
suscitar e alimentar ainda mais o ódio e a confusão".
As declarações do porta-voz foram feitas antes de novos ataques na Nigéria: um
em Jos (epicentro dos enfrentamentos intercomunitários, no centro do país), dois
em Damaturu, na noite de sábado, e um terceiro em Gadaka, segundo várias
testemunhas.
Em um dos ataques a Damaturu, quatro pessoas morreram, três agentes de segurança
e um camicase, informaram os serviços secretos da polícia nigeriana (SSS) em
nota.
Em Gadaka, "fiéis cristãos foram atacados em uma igreja da cidade", afirmou um
morador da cidade.
"Uma bomba explodiu na igreja Mountain of Fire. Um policial que vigiava a igreja
morreu e um muro da igreja foi destruído", disse o porta-voz do governo do
estado de Plateau, do qual Jos é a capital.
Segundo o porta-voz, o policial morreu ao ser alvo de disparos durante troca de
tiros com os atacantes.
De acordo com uma testemunha chamada Jude, os atacantes lançaram um explosivo
contra a igreja evangélica da cidade.
"O alvo deles era a igreja, mas um dos policiais que patrulhava a área os viu e
atirou contra eles", contou a testemunha, acrescentando que os atacantes estavam
armados e dispararam várias vezes antes de fugir.
As forças de ordem teriam conseguido deter um dos terroristas.
Os três atentados ocorreram no estado de Yobe, alvo no fim de semana de uma onda
de ataques praticados pela seita Boko Haram.
O ministro nigeriano encarregado da polícia, Caleb Olubolade, disse que em
Madalla ocorria uma "guerra".
"É como se tivesse sido iniciada uma guerra civil no país. Devemos estar à
altura e enfrentar a situação", afirmou Olubolade.
O aumento das tensões interreligiosas na Nigéria, sexto país do mundo em número
de cristãos, inquieta o Vaticano.
Em novembro passado, durante sua visita a Benin, o papa Bento XVI insistiu na
tradição tolerante do Islã na África e na coexistência pacífica entre muçulmanos
e cristãos.