MEDIDAS DO GOVERNO PRIORIZA ATAQUE AOS
SERVIDORES PÚBLICOS
28/12/2016 21h16 - Atualizado em 28/12/2016 21h16
Michel Temer sanciona com veto a renegociação da dívida dos estados
Deputados tinham retirado do projeto trecho que definia contrapartidas.
Veto atinge em cheio os mais endividados, como RJ, MG e RS.
O presidente Michel Temer assinou nesta quarta-feira (28) a renegociação da
dívida dos estados, mas vetou o socorro àqueles que estão
em situação mais grave.
Os deputados tinham retirado do projeto o trecho que impunha condições aos
estados para receberem ajuda.
O presidente bateu o martelo no início da tarde desta quarta-feira (28), depois
de muita conversa. A última foi com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Foi mantida a renegociação da dívida dos estados, com parcelas reduzidas que já
estavam acertadas e, em alguns casos, tinha até contrato assinado. É a parte que
autoriza os estados a refinanciarem suas dívidas com a União. Prazo de até 20
anos. Com desconto. Em troca, estabelece um teto para os gastos públicos dos
estados.
O que Temer vetou foi a parte que trata da recuperação fiscal dos estados. É que
estava muito aquém da proposta original do governo. O texto previa que, para
um estado ter direito a ajuda extra da União, como carência de três anos
para retomar o pagamento das prestações da dívida, teria que adotar algumas
medidas, mas na última votação, semana passada, a Câmara derrubou as exigências,
entre elas não conceder vantagem, aumento, reajustes ou
adequação de remunerações de funcionários públicos; limitar o
crescimento das outras despesas correntes; suspender
admissão ou contratação de pessoal; além de estabelecer normas de
finanças públicas voltadas para responsabilidade fiscal, como instituir regime
de previdência complementar; elevar as alíquotas de
contribuição previdenciária dos servidores
e patronal ao regime próprio de Previdência Social.
Era a essência do ajuste fiscal para equilibrar as contas dos estados. O veto
pega em cheio os mais endividados, como Rio, Minas e Rio Grande do Sul, os que
mais dependem de ajuda.
Com as contas fora de ordem, esses três estados há meses enfrentam dificuldades
para, por exemplo, pagar os servidores públicos.
O governador de Minas não quis comentar o veto. A dívida com a União em novembro
estava em quase R$ 85 bilhões. Os pagamentos estão suspensos desde abril. No
Rio, a dívida passa de R$ 76 bilhões.
O Rio Grande do Sul deve quase R$ 53 bilhões à União e não tem para pagar. O
governador do estado pede pressa na solução da questão.
“Eu acredito que aquele que estava sendo aprovado nas suas características
gerais agora evidentemente que deverão ser incluídas as contrapartidas e o mais
importante é manter também aquilo que foi apresentado pelo presidente Temer que
é a carência de três anos, o que permitiria que nós vencêssemos o nosso governo
e ficaria mais um ano de carência para o próximo governo”, diz José Ivo Sartori
(PMDB).
Apertar o cinto é a condição para ter esse benefício, a chamada contrapartida.
Didática, diz um especialista.
“A contrapartida é importante sob o ponto de vista financeiro, econômico e sob o
ponto de vista pedagógico, né, para que você eduque financeiramente os estados e
os municípios para que ele pare de gastar e pare de provocar novas situações que
vai trazer ele novamente à situação dele ir lá pedir mais dinheiro ou pedir que
se renegocie a dívida novamente”, explica o economista José Cobori.
O presidente assinou nesta quarta a lei que autoriza o alongamento da dívida,
mas isso não basta para os estados quebrados. É que a raiz do problema está no
desequilíbrio fiscal, despesas muito acima do que se arrecada. Por isso, o
governo não abre mão de exigir compromisso com cortes de gastos. O Ministério da
Fazenda afirma que segue "trabalhando em busca de solução que dê instrumentos
necessários aos ajustes fiscais dos estados".
O ministro da Fazenda explica que renegociar a dívida sem ajuste é adiar o
problema.
“Sem as contrapartidas que não foram aprovadas pelo Congresso, esse projeto de
fato não resolve a situação fiscal dos estados. Os estados receberiam um
benefício temporário, porque a dívida na realidade continuaria, mas não teriam
as condições, primeiro de pagar a dívida; depois, porque a dívida é simplesmente
adiada”, afirma Henrique Meirelles
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/12/michel-temer-sanciona-com-veto-renegociacao-da-divida-dos-estados.html
Em sua obra de desmantelamento dos serviços públicos, o governo
determina que, os servidores não tenham reajuste de vencimentos, o que equivale
a cortar parte da remuneração, mas não é só isso, pretende tirar mais um pouco
com aumento de contribuição previdenciária. O servidores públicos não têm
nenhuma culpa do deficit dos estados, pois nesses últimos anos os reajustes têm
sido sempre abaixo do devido, sendo insuficientes para recompor o poder de
compra da remuneração. Deve estar sobrando dinheiro do que devia ser
destinado aos trabalhadores públicos, e sendo desviado para outras despesas de
interesses desses governos.
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