O MEDO CAUSADO PELA INTELIGÊNCIA
(13/03/2009)
Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de
estréia na câmara dos comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu
pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes
políticas. O velho põe a mão no ombro de Churchill e disse em tom paternal: "Meu
jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro
discurso na Casa. Isto é imperdoável!! Devia ter começado um pouco mais na
sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje,
deve ter conquistado, no mínimo uns trinta inimigos. O talento assusta".
Ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pôde dar ao
pupilo que se iniciava numa carreira tão difícil. Isso, na Inglaterra. Imaginem
aqui no Brasil. Não é demais lembrar a famosa trova de Rui Barbosa: "Há
tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando
que burrice é uma ciência".
A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um
indisfarçável medo da inteligência. Temos que admitir que, de um modo geral, os
medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços
vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do
poder.
Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos,
têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas
de granito por onde talentosos não conseguem passar.
Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do
arrivismo, inexpugnáveis as legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que
poderia ser uma extensão do "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdan, somos
forçados a admitir que uma pessoa precise fingir de burra se quiser vencer na
vida. É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social. Assim
como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota, automaticamente, a
entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, por medo de
perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras.
Enfim, na medida em que admiram a facilidade com que mais lúcidos resolvem
problemas, os medíocres os repudiam para se defender. É um paradoxo angustiante!
Infelizmente, temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a
inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. Como é sábio o velho
conselho de Nelson Rodrigues... "Fingi-te de idiota, e terás o céu e a terra".
O problema é que os inteligentes gostam de brilhar! Que Deus os proteja, então,
dos medíocres!
(texto recebido por e-mail sem informação da autoria)
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