Para quem não leva em conta o conjunto da sociedade, pode
parecer benéfica coisa que, na prática, é extremamente nociva. Com a busca
de se livrar de medidas sociais, que naturalmente consomem parte dos recursos
públicos, empresários podem ser a favor de medidas que indiretamente podem
atingir a eles próprios.
Recentemente em conversa com um empresário sobre a crise brasileira,
principalmente o fato de três dos estados mais ricos estarem em calamidade
financeira, este falou da falta de dinheiro do governo do Rio para pagar os
professores e e disse: "para que escolas públicas? Se acabassem com elas e
deixassem só escolas privadas não haveria esse problema".
Eu, que não estava com tempo para discutir o assunto, tendo
bastante trabalho pela frente, não questionei a visão dele, mas saí pensando no
fato de como essa visão pode levar ao suicídio econômico.
Se, havendo escolas públicas, ainda existe analfabetismo e muita
gente segue a vida semianalfabeta, imaginem se toda educação do país tivesse que
ser paga pelos alunos! O número de analfabetos seria extremamente maior, muito
pouca gente teria boa qualificação profissional, o nível de pobreza seria muito
pior. Sem um bom público com capacidade de consumo, as empresas seriam
bem-sucedidas? Essa mentalidade, que muitas vezes predominam e influenciam
a política, é responsável também pela decadência econômica.
O empresário na maioria das vezes pensa só na contenção de
despesas, sem levar em conta que essa contenção possa resultar também na redução
das receitas. O que empobrece a população empobrece igualmente aqueles
cuja riqueza depende do consumo dessa população. E, um pouco a mais de
ajuda aos mais pobres tende a redundar em maiores receitas para os produtores de
tudo que essa população consome. Assim, um capitalismo selvagem, que
agrava as disparidades sociais, sempre resulta em crise econômica.
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POLÍTICA BRASILEIRA