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METADE DO BRASIL SERÁ EVANGÉLICA EM 2020?
20/05/2009 - 15:05 - Atualizado em 22/05/2009 - 17:34
Metade do Brasil será evangélica?
Estudiosos afirmam que o crescimento da religião pode dar uma nova cara ao país
Nelito Fernandes
Marcos Antonio
O Serviço de Evangelização para a América Latina, organização protestante de
estudos teológicos conhecida pela sigla Sepal, fez, recentemente, uma estimativa
surpreendente: de que a metade dos brasileiros será evangélica em 2020. A
projeção baseia-se na premissa de que a taxa de crescimento dessa religião na
próxima década continue a mesma dos últimos 40 anos. Em 1960, os evangélicos
eram apenas 4% da população. Hoje, na falta de estatísticas recentes, estima-se
que sejam quase 24%. Agora os estudiosos do Sepal preveem que em 12 anos essa
proporção poderá dobrar. Seria um salto enorme.
A partir do crescimento numérico, outro fenômeno parece se delinear no
horizonte: o aumento da influência desses fiéis em todas as esferas da vida
brasileira. Para teólogos e antropólogos ouvidos por ÉPOCA, os evangélicos não
vão apenas mudar a sociedade brasileira. Eles mudarão com ela. A antropóloga
Christina Vital, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), diz que a igreja
evangélica caminha para uma flexibilização. “Enquanto a Igreja Católica vai
dizendo ‘não pode camisinha’, a igreja evangélica vai se adaptando à sociedade.
Essa flexibilidade é justamente o fator de crescimento deles”, afirma.
Os
evangélicos adotaram regras menos rígidas e passaram a buscar a religião não só
como forma de subir aos céus, mas também de alcançar a prosperidade. “O
movimento adapta-se aos costumes, o que deverá continuar nos próximos anos.
Hoje
já temos igrejas evangélicas que aceitam gays”, diz Christina.
A transformação evangélica inclui o aparecimento de um fiel diferente do crente
com a Bíblia embaixo do braço. “Já começam a surgir os evangélicos não
praticantes. Isso acontece com toda religião que cresce muito”, diz o
antropólogo Ari Pedro Oro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
especializado em religião. Esses não praticantes podem fazer diminuir a média de
R$ 32 mensais pagos de dízimo às igrejas evangélicas, o que fará com que o
poderio financeiro do grupo não cresça mais em ritmo frenético.
Uma população maior de evangélicos não significa, ainda, que nos próximos dez
anos eles elegerão um presidente da República, pretensão frequentemente
atribuída ao grupo. Apesar de o líder da Igreja Universal, bispo Macedo, ter
escrito em seu livro Plano de poder que “a potencialidade numérica dos
evangélicos pode decidir qualquer pleito eletivo”, hoje isso não acontece.
Embora sejam 23,8% da população, os evangélicos têm apenas 7,2% da Câmara
Federal. Dos 81 senadores, dois apenas são da Frente Evangélica.
Para Oro, o Brasil de 2020 não será uma espécie de Estados Unidos atual, onde a
moral conservadora é parte essencial da crença e do culto. “A religião foi
abrasileirada. Não tem um foco tão grande no moralismo”, afirma. Os estudiosos
do protestantismo dão como certo que o aumento da população evangélica levará à
diminuição no consumo de álcool (todas as denominações protestantes pregam
contra ele) e preveem que a escolaridade aumente, já que crianças protestantes
são incentivadas a ler a Bíblia. A violência, porém, deverá prosseguir. Nas
favelas do Rio de Janeiro, pastores e traficantes convivem lado a lado. Os
delinquentes respeitam os líderes evangélicos e atendem apelos eventuais. Mas o
tráfico continua. E mata.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI74084-15228,00-METADE+DO+BRASIL+SERA+EVANGELICA.html
Essa previsão é extremamente otimista. Os evangélicos tendem a
aumentar em nível menos acelerados, e brevemente, estarão diminuindo. Ver
mais sobre RELIGIÃO
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