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MEXICANA ESTUPRADA NO CATAR É CONDENADA
Mexicana é condenada a 100 chibatadas após denunciar abuso sexual no Catar
Apesar de ter fotos e laudo médico que comprovam agressão, o homem foi
inocentado, enquanto a mexicana foi condenada por ter um caso extraconjugal
TM
Thays Martins - Correio Braziliense
21/02/2022 14:57
Paola Schietekat conheceu o agressor, um colombiano, durante o trabalho nos
preparativos para a Copa do Mundo
Paola Schietekat trabalhava no Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022
(foto: Redes sociais / Paola Schietekat )
Uma mexicana de 27 anos, que trabalhava no Comitê Organizador da Copa do Mundo
de 2022, foi condenada a 100 chicotadas e a sete anos de
prisão após denunciar um abuso sexual no Catar. Paola Schietekat
conheceu o agressor, um colombiano, durante o trabalho nos preparativos para a
Copa do Mundo.
Pouco tempo depois, em junho de 2021, ele teria invadido o apartamento dela, em
Doha, enquanto ela dormia, a agrediu e a estuprou. Indignada, Paola procurou as
autoridades policiais para denunciar o crime. Porém, ela que acabou sendo
condenada por ter tido um "caso extraconjugal" com o homem que abusou
sexualmente dela.
Após ela apresentar o depoimento à polícia, ela foi chamada novamente à
delegacia onde foi colocada cara a cara com o agressor. Ele argumentou que eles
tinham um relacionamento amoroso. Pela lei islâmica, ter um relacionamento
extraconjugal é crime com pena de até sete anos de prisão e, em alguns casos,
100 chicotadas. Durante quase três horas ela foi interrogada em árabe e chegaram
a pedir até mesmo um comprovante de virgindade.
Em um relato publicado por ela no site do jornalista Julio Astillero, Paola
lembra que foi orientada pelo cônsul mexicano a continuar com a denúncia até as
últimas instâncias. Segundo ela, faltou ao governo do México conhecimento sobre
as leis do Catar.
No relato, ela denuncia as "leis retrógradas" do país que vai receber a Copa do
Mundo este ano.
"A Copa do Mundo está prestes a ser realizada no mesmo país onde uma mulher não
pode obter a guarda de seus filhos após o divórcio. Sem uma postura firme por
parte da comunidade internacional, leis draconianas, retrógradas e até absurdas
encontrarão um pequeno buraco para continuar se justificando, à sombra de
grandes eventos esportivos ou culturais",
denuncia Paola.
Paola conseguiu voltar ao México com a ajuda do Comitê Organizador da Copa do
Mundo e da ONG Human Rights Watch. Apesar de fotos dos hematomas e
de exame médico que comprova a agressão, o homem foi inocentado porque "não
tinha câmeras" no apartamento.
No texto, Paola relata que esta é a segunda vez que é estuprada, por isso
decidiu denunciar o crime. Na primeira vez, ela tinha apenas 16 anos e o crime
acabou impune. "Sentia que era minha culpa porque era uma menina, sem a
capacidade de raciocinar que o que acabara de viver era uma tentativa de
feminicídio. Eu era uma vítima de violência sexual que interioriza, como fazem
muitas, a culpa e a vergonha", diz.
O Ministério das Relações Exteriores do México publicou nota em que diz que tem
prestado todo o apoio a Paola. O secretário de Relações Exteriores do México,
Marcelo Ebrard Casaubon, informou pelo Twitter, nesta sexta-feira (18/2),
que teve uma reunião com Paola e que o governo do México a defenderá
judicialmente. "Nosso melhor advogado estará a cargo de de defender ela e que
sejam respeitados todos os seus direitos como cidadã mexicana", disse.
<https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2022/02/21/interna_internacional,1346519/mexicana-e-condenada-a-100-chibatadas-apos-denunciar-abuso-sexual-no-catar.shtml>
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