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MORO SUGERE REDUÇÃO DE IMPOSTOS SOBRE CIGARROS
Ministério da Justiça estuda reduzir o imposto do
cigarro para conter o contrabando; comunidade médica
critica
Ministério diz que uma das bases do debate é estudo que
defende oferta de cigarro nacional mais barato. Conselho
Nacional de Saúde é contra e sugeriu extinção do grupo
de trabalho.
Por Elida Oliveira, Filipe Domingues e Luiza Tenente, G1
13/05/2019 18h31
O Ministério da Justiça (MJ) deve decidir, até o fim de
junho, se vai propor a redução de
impostos sobre cigarros fabricados no Brasil. Em
março, uma portaria assinada pelo ministro Sérgio Moro
instituiu um grupo de trabalho para avaliar se mudanças
nos impostos ajudarão a "diminuir
o consumo de cigarros estrangeiros de baixa qualidade".
A instauração do grupo foi criticada por especialistas
em saúde e por entidades do setor, inclusive ligadas ao
próprio Ministério da Saúde (veja mais abaixo).
Profissionais da área afirmam que
a medida não seria suficiente para reprimir o mercado
ilícito de cigarros, contribuiria para o aumento do
número de fumantes e acarretaria custos.
O que se sabe sobre a iniciativa do MJ:
Ministério informou em nota que
estuda "formas de diminuir o consumo de cigarros
contrabandeados, sem aumentar o consumo no Brasil".
Governo afirma que os ministérios da Economia e da Saúde
foram chamados a participar das discussões.
Pasta cita como uma das bases da discussão no Grupo de
Trabalho um estudo de economistas que questiona a
"eficiência da estratégia de aumentar tributo" na
redução do tabagismo.
Oficializado em 23 de março, grupo tem 90 dias para a
concluir os trabalhos.
Em abril, o Conselho Nacional de
Saúde (CNS), ligado ao Ministério da Saúde, recomendou o
fim do grupo de trabalho.
As conquistas do combate ao tabaco:
A queda no tabagismo no Brasil é expressiva: o país já
bateu a meta global, que é reduzir o percentual de
fumantes na população para 15%.
Em 2017, o total de fumantes na
população brasileira era de 10,1% (2017),
segundo o Ministério da Saúde.
Em 1989, 34,8% da população brasileira
fumava, segundo a OMS.
Uma estimativa publicada em estudo na revista "PLOS
Medicine", em 2012, aponta que cerca de 420 mil mortes
foram evitadas no Brasil por políticas públicas
implementadas entre 1989 e 2010.
OMS estima que um em cada 10 cigarros consumidos
globalmente sejam comprados no comércio ilegal.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) diz que aumento de
preços na ordem 10% seria capaz de reduzir o consumo em
cerca de 8% em países como o Brasil.
Base para o Grupo de Trabalho
Após mais de um mês de sua oficialização, o Grupo de
Trabalho realizou uma "reunião preliminar", conforme
informado ao G1 pelo ministério. A pasta não informou a
lista dos participantes, mas disse que representantes
dos ministérios da Saúde e da Economia foram convidados.
Questionado pelo G1 sobre se existiam estudos que
serviram como base para o debate sobre a redução de
impostos, o Ministério da Justiça citou um estudo de
três economistas apresentado em 2017. No texto “Uma
alternativa de combate ao contrabando de cigarro a
partir da estimativa da Curva de Laffer e da discussão
sobre a política de preço mínimo”, os economistas Mario
Antonio Margarido, Matheus Lazzari Nicola e Pery
Francisco Assis Shikida concluem que a "eliminação da
estratégia de preços mínimos (...) afetaria
drasticamente a rentabilidade da indústria ilegal de
cigarros".
O estudo avalia que, em um dos cenários de mudança de
política de preços por eles simulada, o aumento do
faturamento da indústria nacional seria de R$ 7,526
bilhões e de R$ 2,547 bilhões na arrecadação por meio do
IPI.
Os pesquisadores acreditam que a mudança na política de
preços levaria "fumantes de cigarros ilegais para o
consumo dos cigarros legais." Além disso, os economistas
citam que os recursos arrecadados poderiam ser usados em
campanhas educativas e que a medida "reduziria gastos em
saúde", já que os cigarros ilegais apresentam "baixa
qualidade".
Dados sobre o cigarro no mundo — Foto: Infográfico:
Diana Yukari/G1
Dados sobre o cigarro no mundo — Foto: Infográfico:
Diana Yukari/G1
Posicionamento do ministro
Em nota enviada para a Globo News, o ministro Sergio
Moro ressaltou que a redução é uma possibilidade e que
nada está definido. Segundo Moro, não é uma afirmação
verdadeira dizer que o Ministério da Justiça quer
reduzir imposto de cigarro.
Moro ressaltou que a portaria deixa claro que é preciso
avaliar se a redução de impostos aumentaria o consumo
global. Ainda de acordo com o ministro, a estimativa é
de que mais de 40% do mercado seja dominado por cigarros
paraguaios, que são ainda piores à saúde do que os
brasileiros.
Ainda segundo o ministro, o cigarro paraguaio é um
problema de saúde pública grave, consumido pela
população mais pobre e que não é fácil coibir o
contrabando por meio repressão policial.
<https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/05/13/ministerio-da-justica-estuda-reduzir-o-imposto-do-cigarro-para-conter-o-contrabando-comunidade-medica-critica.ghtml>
Não precisamos ter dúvida, por traz dessa sugestão está
a defesa dos interesses dos produtores de fumo. Se
as leis de proteção contra o cigarro só começaram a ser
adotadas depois que os governos perceberam que os
tributos arrecadados sobre cigarros alcançam um valor
muito menor do que os gastos que os estados têm com
tratamento das vítimas do vício, muito mais a
alegação de redução do contrabando de cigarro é uma
forma de camuflar do apoio aos interesses econômicos dos
produtores de cigarros. Mais grave do que isso só mesmo
um
ministro da saúde ir contra a obrigatoriedade de avisos
nas embalagens de cigarros sobre os meles causados pelo
vício.
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POLÍTICA BRASILEIRA
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