ORDENAR MULHER NO SACERDÓCIO É CRIME
Ordenação de mulheres e abuso sexual não
são crimes iguais, explica Vaticano
DA REUTERS
O Vaticano negou nesta sexta-feira as acusações de que
veria a ordenação de mulheres como sacerdotes e o abuso
sexual de crianças por religiosos como crimes
semelhantes.
Na quinta-feira, o Vaticano divulgou um documento
revisando suas leis referentes a abuso sexual,
estendendo o período em que as acusações podem ser
feitas contra padres e ampliando o uso de procedimentos
rápidos para destituí-los do cargo.
Apesar de, na maior parte, tratar de pedofilia, o
documento também classificou a "tentativa de ordenar
uma mulher" ao sacerdócio como um dos crimes mais
graves contra a lei da Igreja.
A inclusão dos dois assuntos no mesmo documento
estremeceu grupos ao redor do mundo, particularmente
aqueles a favor do sacerdócio feminino.
"A decisão do Vaticano de listar a ordenação de mulheres
na mesma categoria que pedófilos e estupradores é
estarrecedora", disse Erin Saiz Hanna, diretora
executiva da Conferência para Ordenação de Mulheres. Ela
chamou a decisão de "medieval".
DEFESA
O monsenhor Charles Scicluna, representante do
departamento de doutrina do Vaticano, disse que não
houve uma tentativa de tornar os dois crimes
comparáveis sob a lei canônica.
"Isso não é colocar tudo no mesmo cesto", disse Scicluna.
"Eles estão no mesmo documento, mas isso não os coloca
no mesmo nível, nem dá a eles a mesma gravidade", disse
ele, que ajudou a formular as revisões.
Enquanto o abuso sexual é um "crime contra a moral", a
tentativa de ordenar uma mulher
é um "crime contra um sacramento", disse
Scicluna.
TIRO NO PÉ
Jon O'Brien, presidente do grupo Católicos por Escolha,
disse que o Vaticano "se sente ameaçado" por um
crescente movimento na Igreja a favor do sacerdócio
feminino.
Ele disse que, apesar de entender a distinção técnica
dos diferentes crimes para a Igreja, colocar os dois
juntos foi mais um exemplo do que chamou de falha de
comunicação.
"Se há uma oportunidade para as autoridades do Vaticano
atirarem em si mesmas no pé, eles atiram nos dois pés",
disse. (Folha.com, 16/07/2010 - 17h44).
"E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos;
porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja." (1 Coríntios 14: 35).
Se o livro sagrado
proíbe a mulher até de falar na igreja, devendo ela
ficar calada e perguntar ao marido em casa o que quiser
saber, parece-me que a igreja não está fora dos
princípios cristãos.
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