“Bem-aventurada é a nação cujo deus é
o Senhor, e o povo que Ele escolheu para sua herança” (Sl 33.12). Será mesmo?
A história mostra uma nação muito mal-aventurada.
Essa frase foi repetida mais de uma vez durante a votação da admissão do
impeachment de Dilma Rousseff. O nosso país, embora
abrigando várias religiões, além de um crescente número de ateus, ainda é
um
país onde esse "Senhor" se encontra dentro do Congresso, no Supremo Tribunal
Federal, e até estampado na nossa moeda. E, não obstante a promessa
divina, é um lugar com os
maiores
índices de violência, o maior volume de corrupção,
mormente entre esses
adoradores do "Senhor", um país com um baixo índice de desenvolvimento humano,
ainda podemos dizer que estamos bem, diante da situação por que passou a
conhecida nação escolhida de Yavé.
A "nação cujo deus é o Senhor"
ali referida, dita povo escolhido do referido deus, era aquela que, conforme
mostra o próprio livro sagrado, não foi nada bem-aventurada, vendo frustradas
todas as promessas de glória recebidas.
Natã disse que
o trono de Davi seria durável por todas suas gerações
assim como o Sol e a Lua (I Crônicas, 17: 3, 11-15). A monarquia judaica
desapareceu poucos séculos depois.
Miqueias previu que, quando a Assíria pisasse no solo de
Judá, um rei nascido em Belém destronaria o poderoso império, repatriaria os
israelitas que se encontravam no exílio e estabeleceria um reino que duraria
para sempre. (Miquéias, 5: 2-15) Nada disso aconteceu, e eles não
desconfiaram da insignificância da palavra do seu deus.
Isaias previu que, após a queda de Babilônia, seria
construída a nova Jerusalém, e nunca mais os hebreus seriam molestados por
gentios. (Isaías, 13:19; 65: 17-25) Após a queda de Babilônia, os judeus
continuaram sendo servos dos medo-persas e depois o foram dos gregos e dos
seleucos do reino sírio.
Daniel previu que, após a vitória dos macabeus, os reinos
do mundo seriam entregues aos judeus. Daniel, capítulos, 8, 11, 12) Eles
ficaram livres por pouco tempo, e vieram os romanos, que, tempos depois, os
expulsaram da terra da promessa. E, nem assim eles perceberam que seu deus
era imprestável, não lhes trazendo nenhuma bem-aventurança!
Pensando bem, poder-se-ia dizer
que a nação cujo deus é o "Senhor" (leia-se Yavé) é bem-aventurada?
Foi tão mal-aventurada, massacrada continuamente por povos politeístas, e sua
inabalável fé nas promessas desse "Senhor" a levou à sua expulsão da terra que
acreditou ter recebido por dádiva divina. E a nossa nação? Talvez não estivesse tão atrasada, não fossem os pregadores
desse "Senhor", com seu pensamento retrógrado.