"Freitas,
Gostaria que você comentasse sobre algumas
duvidas minhas. São as seguintes:
1 -
Por que, nos humanos, os indivíduos jovens dificilmente são doentes. As doenças
afetam mais as pessoas quando estão em uma idade mais avançada?
2 -
Por que os animais, em geral, são sadios? É dificil nascer um animal com
problemas de saúde, ou com má formação.
Alguns amigos meus vêem um certo controle
sobre a natureza, o que talvez provasse a existência de um ser superior
controlando tudo, até a vida dos seres inferiores.
O que voce acha?
(De um amigo, em
24/09/2012)
Respostas:
1 - A natureza evoluiu desta forma: Todos os seres vivos têm um ciclo de vida. O
indivíduo vive até uma idade suficiente para deixar descendência; depois começa
a perder o vigor e vai definhando até terminar a vida. Não é só o homem, mas
todos os animais, e até a maioria dos vegetais. Veja um pé de milho: ele nasce e
cresce lindo, dá as espigas, o milho amadurece, tornando-se semente para
perpetuar a espécie; daí em diante o milheiro começa a secar. Compare-se também
com algum animal doméstico; um cachorro, por exemplo: ele nasce e cresce sadio
como nós; depois de alguns anos começa a enfraquecer e um dia morre.
2 – Em primeiro lugar, vale levar em conta que os hábitos humanos de ingerir
coisas nocivas à saúde contribuem para haver mais enfermidades e deformidades
entre os humanos do que entre os outros animais, que só ingerem aquilo que os
alimenta, raramente comendo algo que os envenene. Eles parece terem um paladar e
um olfato mais apurado do que o nosso para perceber o que não lhes faz bem. A
evolução de alguns sentidos no homem o levou a abandonar alguns outros, e assim,
ficamos em desvantagem em relação a outros animais. Compare, por exemplo, o
olfato e a audição do cachorro. Ele precisa muito disso para sua sobrevivência,
e esses sentidos estão sempre funcionando melhor nos cães do que em nós, que não
dependemos tanto deles.
Entre os animais selvagens é que menos parece haver problemas de saúde. Mas aí
há um outro fator: se um animal nasce com uma deficiência, ele sobrevive pouco,
passando sua existência despercebida por nós. E não vemos animais decadentes
como os humanos idosos, porque, assim que o animal começa a diminuir sua força e
agilidade, já está próximo de ser devorado por outros. Assim, quase só vemos
animais sadios. Mas eles envelhecem tais como nós.
Ademais, a seleção natural leva à perpetuação da descendência daqueles mais
aptos a sobreviver, o que favorece a saúde da espécie; enquanto entre nós os
cuidados e proteção que a humanidade tem possibilitam a sobrevivência das
famílias mais frágeis.
Se houvesse um ser sobrenatural onipotente, perfeito, justo e bom controlando a
natureza, não existiriam tantas pessoas más e sadias e tantas pessoas boas e
doentes; não existiriam tanta injustiça quanto existem. Os desastres, que os
crentes dizem ser castigo divino, iriam atingir os maus, não os bons. Mas, ao
contrário, a natureza não faz escolha entre bons e maus. Observando bem, nada
indica que haja esse ser.
Assim comentou um grande pensador americano:
“Se um Deus bondoso e infinitamente poderoso governa este mundo, como podemos
justificar os ciclones, os terremotos, a pestilência e a fome? Como podemos
justificar o câncer, os micróbios, a difteria e milhares de outras doenças que
atacam durante a infância? Como podemos justificar as bestas selvagens que
devoram seres humanos e as serpentes cujas mordidas são letais? Como podemos
justificar um mundo onde a vida alimenta-se da vida? Será que os bicos, garras,
dentes e presas foram inventados e produzidos pela infinita misericórdia? A
bondade infinita deu asas às águias para que suas presas fugazes pudessem ser
arrebatadas? A bondade infinita criou os animais de rapina com a intenção de que
eles devorassem os fracos e os desamparados? A bondade infinita criou as
inumeráveis criaturas inúteis que se reproduzem dentro de outros seres e se
alimentam de sua carne? A sabedoria infinita produziu intencionalmente os seres
microscópicos que se alimentam do nervo óptico? Pense na idéia de cegar um homem
para satisfazer o apetite de um micróbio! Pense na vida alimentando-se da
própria vida! Pense nas vítimas! Pense no Niágara de sangue derramando-se no
precipício da crueldade!" (Robert Green Ingersoll, 11 de agosto de 1833 – 21 de
julho de 1899, líder político estadunidense).
Tudo que
vemos na natureza nos mostra o resultado de uma evolução decorrente da seleção
dos mais aptos, sem levar em conta se um indivíduo é bom ou ruim.