O BEM E O MAL. O QUE É ISSO? O QUE É CERTO OU
ERRADO?
- 30/09/2001 -
O que é o bem? O que é o mal? O bem de uns pode ser o mal de
outros. Muitas vezes, o que é errado para uns pode ser certo para outros. Então,
parece que devemos procurar algum critério lógico ou democrático para escolher o
bem. O bem deve ser algo que traga felicidade.
“Sempre emerge de dentro de todos nós, vindos de qualquer cultura, o
sentimento de certo e errado. Até mesmo um ladrão se sente frustrado e mal
tratado quando alguém o rouba. Se alguém rapta uma criança da família e a
violenta sexualmente, há uma revolta e raiva que confrontam aquele ato como
maléfico, independente da cultura. De onde vem essa noção de errado? Como
explicamos uma lei universal na consciência de todas as pessoas, que diz que
assassinato por diversão é errado? Em áreas como coragem, morrer por uma causa,
amor, dignidade, dever e compaixão; de onde vem isso tudo? Se as pessoas são
meros produtos da evolução física, "sobrevivência do mais forte", por que nos
sacrificamos uns pelos outros? De onde herdamos essa noção interior de certo e
errado? A nossa consciência pode ser mais bem explicada por um Criador amoroso
que se importa com nossas decisões e a harmonia da humanidade”. (Marilyn
Adamson)
A luta entre o bem e o mal, entre Deus e o Diabo parece ser o maior mal da
humanidade. Os povos mais primitivos criam haver muitos deuses, cada um
comandando uma força da natureza, e a vontade dos deuses das coisas boas,
produto das cabeças dos seus seguidores, era o bem a ser seguido. Os persas
simplificaram um pouco o universo divino, com Masda (deus do bem) e Arimã (deus
do mal). Já os hebreus, monoteístas, idealizaram Satanás, o anjo caído, como
comandante das forças do mal. Entretanto, os chamados defensores do bem sempre
fizeram muito mal à humanidade.
Os reis do Egito, da Babilônia e outros que se destacaram no passado
assassinavam os que não se curvassem e adorassem seus deuses.
Ainda que perfeito, justo e bom, o onipotente Yavé teria determinado ao seu
povo escolhido a destruição de diversas nações e se comprazia com o cheiro da
carne queimada de animais e até mesmo a morte de seres humanos que lhe eram
oferecidos. Sua vingança atingia até a terceira e a quarta geração de quem
desobedecesse à sua vontade.
Jesus, o Cristo, não pregou violência. Seus seguidores deveriam resignar-se a
todas as injustiças e convencer o mundo à paz, devendo receber sua recompensa
após o dia do julgamento divino em que os maus sofreriam o devido castigo; assim
dizem os evangelhos. Mas os que se denominaram seus sucessores, seus
representantes na Terra, entregaram-se à vingança e destruição de todo e
qualquer indivíduo que se opusesse às suas regras. Milhares de pessoas foram
queimadas ou mortas sob outras formas de tortura, tudo em nome do bem, em nome
do Deus.
Hoje, quando grande parte das religiões são pacíficas, algumas ainda procuram
fazer guerra santa contra quem não compartilhe de seus credos, e
o terrorismo
que assusta o mundo atual também é chamado de guerra do bem contra o mal. Mas,
que bem é esse, que reprime os prazeres, impõe até os pensamentos e comete
grandes atrocidades?
Li o artigo “Em nome do bem contra o mal”, de José Pedro Antunes, e concordo que
é mesmo uma realidade onde é difícil definir onde está o bem, e o mal é visível
de ambos os lados. Mas há um dito popular que afirma: “dos males o menor”, não
obstante a classificação de mal menor ou mal maior também possa variar muito do
ponto de vista de cada pessoa. Assim, haverá leitores compartilhando do meu
ponto de vista, como haverá outros se contrapondo a ele.
Vivemos em um país dominado pelo capitalismo, cheio de injustiças sociais, e
ouvimos cada dia sobre novos escândalos políticos. Estamos muito distante de ter um
governo ideal. Por outro lado, podemos criticar abertamente as corrupções dos
governos; podemos, pelo menos em parte, escolher o que fazer na vida; eu posso
ser ateu e divulgar isso em livro e pela internet; você pode professar a
religião que imaginar ser a correta e pregar seu evangelho aos outros sem
qualquer oposição política, e mesmo em política podemos escolher a corrente que
quisermos; ainda que pouco possamos fazer, podemos pensar livremente e expressar
o que pensamos.
Agora imaginemos viver sob uma miséria maior, proibidos de quase tudo que nos dê
prazer, sem meios de comunicação, sem esportes e lazer, obrigados a cumprir
ritos supostamente impostos por um deus todo-poderoso que, após todos esses
castigos deste mundo, ainda ameace a nos mandar para um inferno de fogo
infindável como o idealizado pela fértil imaginação religiosa. Para mim parece
um mal bem maior. Não sei se o é para você, leitor.
Se os protestantes do final da Idade Média tivessem
permanecido passivos ante o papismo e Napoleão não tivesse subjugado o papa no
final do Século XVIII, com certeza a Igreja Católica estaria queimando pessoas
vivas nas praças até hoje em nome de Cristo. Para quem, como eu, olha este
ângulo da história, nada é mais assustador do que a perspectiva de viver sob o
domínio de um poder político-religioso.
Longe do que disse Marilyn Adamson, a noção de certo e errado
é extremamente contraditória, o que denota ser produto da evolução humana em
meio a circunstâncias as mais variadas. E muitas vezes vemos mais sentimento de
bondade e justiça entre alguns animais irracionais do que na maioria dos seres
humanos.
Felizmente os comandantes do capitalismo atual defendem ampla
liberdade de pensamento. Entre direitos humanos, com todas suas falhas, e
direitos divinos, não tenho dúvida na escolha. Não acho que o bem seja a
ausência de liberdade de pensamento e imposição de comportamentos totalmente
contrários à nossa natureza. Isso causa muito mal a muita gente. E você, leitor? Tem certeza de qual é o bem e qual
é o mal?
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