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OLHEM PARA O AMAPÁ
Privatização da rede elétrica causou o
apagão no Amapá
13 das 16 cidades que compõem o estado do Amapá estão sem energia elétrica desde
a última terça-feira dia 3
Por: Redação, Diário Causa Operária
07/11/2020
Edição nº 6187 – sábado – 07/11/2020
Até essa sexta-feira dia 6 de novembro, 13 das 16 cidades que compunham o estado
do Amapá estão sem energia elétrica desde a última terça-feira dia 3. Em
decorrência de incêndio em transformador na capital Macapá, deixando 90% da
população há mais de 60 horas sem energia elétrica, acarretando desabastecimento
de água, internet, paralisação das agências bancárias, falta de combustível
entre outros serviços essenciais.
A falta de energia desde às 21h da última terça-feira, foi decorrente de um
incêndio no transformador 1 da Subestação de Macapá da
concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), controlada pela
espanhola Isolux Energia e Participações S.A. A suspeita é que o incêndio
que destruiu o transformador teria sido provocado pela queda de um raio na
subestação. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) o acidente
ainda teria provocado o desligamento automático nas linhas de transmissão
Laranjal/Macapá, e danificado mais dois outros equipamentos.
É evidente que o apagão decorre de uma falta de
infraestrutura mínima para enfrentar com o mínimo de segurança eventos de alta
probabilidade, sendo essa ocorrência um fruto direto da política de
privatizações, onde concessões públicas deixam de atender
os interesses da população para dar lucro a capitalistas.
A falta de energia está provocando cenário de privação. Não há abastecimento de
água e em alguns lugares de alimentos, internet e telefonia raramente funcionam,
posto de gasolina não operam, agências e operações bancárias estão paralisadas,
não é possível sacar dinheiro no caixas eletrônicos. Tudo isso em meio a um novo
pico de casos de contaminação pelo coronavírus, com os hospitais lotados devido
ao que parece ser uma nova onda da pandemia e a da interrupção de cirurgias. Uma
realidade de calamidade que levou o governo municipal de Macapá a decretar
estado de calamidade, alterando o decreto anterior relativo a pandemia.
A falta de infraestrutura para operar com segurança frente a intempéries, com a
falta de uma quantidade adequada de transformadores reservas é uma consequência
direta da política de cortes de custos. Essa mesma política de corte de custos
tem reflexo direto nas manutenções e demais serviço para atender a população.
A história que se repete e está por trás da imensa maioria
das concessões públicas, é a política deliberada de total sucateamento dos
serviços públicos para garantir altos lucros para a iniciativa privada.
No caso em questão a concessão dada a LMTE foi celebrada no dia 16 de outubro de
2008, que passou a exploração linhas de transmissão por 30 anos à imperialista
espanhola Isolux.
As linhas com início na subestação Oriximiná e término na subestação Jurupari,
localizada no Pará, com origem na subestação Jurupari e término na subestação
Laranjal, origem na subestação Laranjal e término na subestação Macapá,
localizadas no estado do Amapá, as subestações Oriximiná, Laranjal, Macapá e
Jurupari foram entregues para imperialismo, algo que fere a própria autonomia
nacional.
O objetivo social da empresa é claro e visa “a exploração de concessões de
serviços públicos de transmissão, prestados mediante a implantação, operação e
manutenção de instalações de transmissão, incluindo os serviços de apoio e
administrativos, provisão de equipamentos e materiais de reserva, programações,
medições e demais serviços complementares necessários à transmissão de energia
elétrica,” não foram minimamente cumpridos pela empresa concessionária, mas
deixa claro que não há da parte do governo nenhum tipo de
controle sobre a qualidade do serviço prestado.
Esse episódio entre tantos outros na história do País evidencia que
a iniciativa privada não tem condições de atender as
demandas nacionais, pois os seus objetivos só giram em torno de garantir ganhos
para os acionistas. Demandas essenciais para o desenvolvimento e
independência do País e que ainda envolve a segurança da população só podem ser
atendidos pela gestão pública.
Um outro fenômeno muito presente nas concessões públicas é
as companhias privadas sucatearam sua infraestrutura e ameaçarem com o colapso
dos serviços para extorquir dinheiro dos cofre públicos. Os usuários se
tornam verdadeiros reféns dessas empresas, como por exemplo, o
aumento indiscriminado das contas de energia para garantir
lucros cada vez maiores.
Na noite da quarta-feira uma comitiva com o Ministro de Minas e Energia, Bento
Albuquerque, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANS),
André Pepitone, e o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, foi a Macapá. A
comitiva estuda o transportes de 2 transformadores para o Amapá, o primeiro
dentro de 15 dias e o segundo em até 30 dias. Na prática não ha nenhuma ação
real do governo Bolsonaro, que admitiu a continuidade do apagão por 15 dias para
a população atingida e por 30 dias para uma parcela mais desafortunada.
O caso teve repercussão nacional em diversas redes sociais, um dos textos que
viralizou foi o da moradora de Macapá, Heluanna Quintas, denunciando a situação
da cidade na rede Facebook: “Não tem água encanada. Não
tem internet e raras vezes funciona Claro e Vivo. Os
postos de gasolina não podem operar sem energia,
então não temos gasolina também. Não dá para sacar
dinheiro nos caixas eletrônicos, nem comprar comida
com cartão. Estamos num pico de contaminação e lotação nos hospitais
devido à pandemia. Eles estão funcionando por gerador. Não sabemos por quanto
tempo. As cirurgias foram interrompidas. Torçam, rezem, orem, mandem ‘positive
vibration’ aos enfermos”.
O caos no Amapá é um indicativo do que os golpistas pretendem fazer em todo o
País com a privatização do que restou de empresas públicas de geração e
transmissão de energia.
<https://www.causaoperaria.org.br/privatizacao-da-rede-eletrica-causou-o-apagao-no-amapa/>
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POLÍTICA BRASILEIRA
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