OMAR TORRIJOS E O DESTINO DO PANAMÁ
Omar Efraín Torrijos Herrera
(Santiago de Veraguas, 13 de fevereiro de 1929 – 31 de julho de 1981) foi um
oficial do exército e líder do Panamá de 1968 até 1981.
Torrijos nunca disputou uma eleição no Panamá nem teve o título de presidente do
país. A Constituição panamiana de 1972, atribuiu-lhe os títulos de Líder Máximo
da Revolução Panamenha e Comandante-Chefe da Guarda Nacional.[1]
Torrijos conseguiu a devolução do canal do Panamá e promoveu grandes mudanças no
setor agrícola do país.[2]
Omar Torrijos morreu em julho de 1981, vítima de grave acidente aéreo que
comoveu todo o país e nunca foi esclarecido. Ainda permanecem fortes
suspeitas de que a queda do avião tenha sido provocada por uma ação da CIA.
O seu filho Martín Torrijos venceu a eleição em 1 de maio de 2004,
assumindo o cargo de presidente da república em 1 de setembro de 2004.
Omar Torrijos (à direita) com camponeses panamenhos. Seu governo notabilizou-se
pela política de redistribuição de terras.
Especulações acerca da morte de Torrijos
A morte de Torrijos gerou acusações e especulações de que ele teria sido vítima
de uma conspiração para assassiná-lo. Em Miami, maio de 1991, durante
depoimentos anteriores ao julgamento, o advogado de Manuel Noriega, Frank Rubino,
teria dito: "O general Noriega tem a posse de documentos que mostram tentativas
de assassinato contra ele próprio e contra Torrijos, por parte de agências dos
Estados Unidos."[3]Esses documentos não foram aceitos como evidências no
julgamento, dado que o juiz acolheu as alegações do governo dos Estados Unidos
de que a publicação de tais documentos violaria o Classified Information
Procedures Act (Lei de procedimentos para informações confidenciais) .
Mais recentemente, John Perkins conta no seu livro Confessions of an Economic
Hit Man que Torrijos teria sido assassinado por contrariar interesses
americanos, e que agentes da CIA teriam plantado uma bomba a bordo de seu avião
.[4][5]Alguns líderes empresariais e políticos americanos se opunham fortemene
às negociações entre Torrijos e um grupo de empresários japoneses liderado por
Shigeo Nagano, que estava promovendo a ideia de um canal novo e maior, no nível
do mar, para o Panamá. Manuel Noriega, em America's Prisoner, diz que essas
negociações haviam provocado reações extremamente desfavoráveis nos Estados
Unidos.
Os documentos contendo investigações sobre a causa do acidente , que estavam em
posse do governo do general Noriega, foram confiscados por militares
norte-americanos durante a invasão do Panamá pelos Estados Unidos, em 20
dezembro de 1989, durante o governo de George H. W. Bush. Esses documentos nunca
foram recuperados pelo governo panamiano.[6]
Vários anos mais tarde, em 2013, o coronel Roberto Díaz, antigo chefe de
gabinete de Noriega e primo de Torrijos, acusou a CIA de envolvimento na morte
de Torrijos e pediu a reabertura das investigações.[7] Em seu livro Estrellas
Clandestinas (2009) Diaz conta como a CIA usou Manuel Noriega para assassinar
Torrijos[8][9][10]
Torrijos morreu logo após Ronald Reagan assumir a presidência dos Estados Unidos
e apenas dois meses depois de o presidente equatoriano, Jaime Roldós, morrer em
circunstâncias muito semelhantes. Quando o tratado sobre o Canal do Panamá foi
encaminhado à apreciação do Senado americano, Reagan, assim como outros membros
do Partido Republicano, declarou que o presidente anterior, o democrata Jimmy
Carter, havia 'dado de presente' um patrimônio dos Estados Unidos — o canal do
Panamá e a Zona do Canal. Nas eleições primárias republicanas de 1976, Reagan
declarou, com referência ao canal: "Nós o construímos, pagamos por ele. É nosso,
e devemos dizer a Torrijos e companhia que vamos mantê-lo ."[11]
A antipatia da administração Reagan por Torrijos também pode ser explicada pela
simpatia e pelo suposto apoio de Torrijos à Frente Sandinista de Libertação
Nacional da Nicaragua, que, em meados de 1979, havia liderado a revolução
popular que pôs fim à ditadura da família Somoza, apoiada pelos Estados Unidos -
um outro fiasco de Carter, segundo os republicanos.
Referências
Constitución de Panamá 1972, p.72
Perkins, John (2005). Confissões de um Assassino Econômico. Brasil: Cultrix
"Noriega Strategy Unfolds Attorneys Hope To Drag Past U.S. Role Into Trial. Por
Warren Richey. Sun Sentinel, 1° de maio de 1991.
Perkins, John. Confessions of an Economic Hit Man. San Francisco:
Berrett-Koehler Publishers, Inc., 2004, pp 156-157 .
Confessions of an Economic Hit Man: How the U.S. Uses Globalization to Cheat
Poor Countries Out of Trillions . Democracy Now!, 9 de novembro de 2004.
Entrevista concedida por John Perkins a Amy Goodman.
Uma boa teoria de conspiração. Por Miguel do Rosário, 21 de agosto de 2014.
Colonel Requests Investigation into Omar Torrijos Death. The Panama Digest, 2 de
março de 2013
The CIA Used Manuel Noriega to Assassinate Panamanian Leader Omar Torrijos
Arquivado em 17 de dezembro de 2014, no Wayback Machine.. Deadline Live, 4 de
agosto de 2009.
US responsible for death of Omar Torrijos. Newsroom Panama, 17 de fevereiro de
2013.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Omar_Torrijos>
Ver o
FUTURO DO PANAMÁ PÓS-TORRIJOS