Com
a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não
compreendemos." (Jó 37:5).
Aí está o fator mais remoto da origem de deus. Assim como todos os animais imaginam
um grande animal invisível ao ouvir um trovão, o homem imaginou um ser
invisível, ao qual chamou deus, transformando-o no criador de todas as coisas. E
até hoje a maioria da humanidade reverencia esse ser, e alguns ainda continuam
matando e morrendo por ele.
Uma gazela, quando ouve um rugido,
sente que há um leão por perto; por isso foge para outra direção.
Mas, quando ouve um trovão, sente a presença de um animal assustador, porém não
sabe para que lado fugir. Entretanto, com o tempo, percebe que esse animal não
quer comê-la; pois ele nunca aparece.
Aquele animalzinho que vivia nas florestas africanas há cerca de seis ou sete
milhões de anos também ouvia um trovão e imaginava essa terrível fera, contra a
qual nem nos galhos das árvores deveria estar seguro. Deveria passar muito medo
até entender que esse bicho não era um predador. E seus descendentes
gorilas, chimpanzés, bonobos, e outros também passam muito susto até entender
que não serão comidos por esse animal invisível, a menos que vejam um raio matar
outro animal, tendo aí razão para temê-lo sempre.
Semelhantemente aos gorilas, chimpanzés, etc., aquele primata que aprendeu a
andar sobre os dois membros traseiros e usar os dianteiros para manejar objetos
como defesa, esse também vivia a vida inteira pensando sobre esse monstro que
ruge tão forte mas nunca é visto, e, vez ou outra, lança algum raio arrasador em
algum lugar.
Com o passar do tempo, esse animal tão habilidoso, criando um código sonoro que
traduz toda imaginação para passar informações detalhadas aos seus familiares,
começou a arquitetar um meio de atrair a amizade desse ser tão poderoso.
Certo dia, alguém teve uma ideia que parecia brilhante. Como em regra as feras gostam
muito de carne e sangue, essa deveria ficar feliz se lhe fossem oferecidos seres
vivos para devorar. E, tendo em vista que alguns animais eram mortos e
queimados pelo fogo dos raios que se imaginava que esse ser produzisse, o ideal seria matar algum ser
vivo e queimar para satisfazê-lo. Estava resolvido o problema. O
animal invisível estaria feliz e não iria prejudicar o homo sapiens. Doravante, por
milhares de anos prosseguiu a humanidade matando animais e até os próprios seres
humanos para oferecer em sacrifício a esse ser imaginário. Essa é a razão
de o
sacrifício de animais e pessoas existir no mundo inteiro, da África até as Américas, cujos habitantes
estavam separados dos africanos por dezenas de milhares de anos.
A evolução da comunicação levou a
outras conclusões, como a existência, não de um ser sobrenatural, mas vários,
que deviam ter funções distintas sobre os destinos dos seres vivos. E, com
certeza, cada um deles teria criado um animal à sua imagem e semelhança para
colocar no mundo. E todos esses seres invisíveis, aos quais chamaram
deuses, certamente deveria gostar de sacrifícios de vidas. Assim, por
todas as partes do planeta o homem chegou com seus sacrifícios aos deuses.
Certo dia, alguém no Oriente Médio,
ou no Egito, concluiu que todos estavam enganados. Aquela grande quantidade de
deuses não passava de ideias equivocadas da humanidade. O deus real era só um, e,
embora invisível, tinha a aparência humana; por isso tinha criado o homem à sua
imagem e semelhança e dado a ele o domínio sobre todos os animais
(Gênesis, 1: 26). Acertou quase
cem por cento em relação à quantidade de deuses. Daí em diante, todos deveriam honrar e oferecer sacrifício só
àquele deus verdadeiro. Quem adorasse os outros deuses deveria ser
eliminado. Desde então, começaram as guerras santas; pois a maioria dos
povos não aceitaram a ideia, e começaram a matar seus semelhantes em defesa dos
seus deuses, matança essa que alguns estúpidos perpetuaram até os nosso dias.
E, por incrível que pareça, a
humanidade ainda elege, por maioria de votos, um deus que criou um universo
constituído de um mundo em forma de um disco ou um quadrado, que ele "estendeu"
"sobre as águas" (Salmos 136:6) de um grande oceano, coberto por um céu cheio de
pequenas estrelas e "dois grandes" astros hoje chamados Sol e Lua (Gênesis,
1: 9-16); um deus cheio de características humanas reprováveis: ciumento,
vingativo, cruel, sádico.
Aquele grande animal imaginário invisível que
assusta todos os animais foi transformado gradativamente pelo homem, até se
tornar o monstro que afogou os seres vivos do mundo inteiro (Gênesis, 6 e 7),
estimula as pessoas a fazer coisas erradas para depois castigá-las (Êxodo, 4:
21; 8: 19; 9: 12; Deuteronômio: 2: 30; Josué, 11: 20) e, para demonstrar melhor
sua barbaridade e seu sadismo, lança em um lago de fogo, para sofrer uma tortura eterna
(Marcos 9:44), uma pessoa que simplesmente não acreditar que ele exista (Marcos
16:16). E, não obstante todos esses absurdos, esse ser imaginário é considerado, por bilhões de humanos, perfeito
justo e bom.