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A PALAVRA DIVINA É HUMANA, DEUS É UM ENGANO
- 05/08/2006 -
Tudo tem um criador, raciocinam os religiosos. Assim, pensam eles, não temos
dúvida de que há um deus que fez todas as coisas. Acham que as coisas simples
não podem ter surgido sem um criador, mas acham possível esse criador perfeito
existir sem ninguém tê-lo criado. Ademais, não percebem que o que chamam de "a
palavra de Deus" depõem contra a existência dele. Assim sendo, temos que
procurar alguma coisa que nos informe se realmente existe um deus autor de todas
as coisas.
"― Não há nenhum vestígio de Deus no mundo por que Deus não se confunde nem é
parte da coisa por Ele mesmo criada. Se você olha um quadro pintado a óleo,
também não encontra nada do pintor, se ele não deixar seu nome escrito. Se você
não quisesse acreditar na existência do pintor, você teria que supor que o
pincel que deixou as marcas na tela seria a única razão do quadro existir. A
ação do pincel estaria muito bem explicada pelos princípios da química e da
física. Estes princípios lhe diriam, por exemplo, a força com que o pincel
atingiu cada parte da tela. A disposição das linhas lhe permitiria descobrir as
leis da estética aplicadas à pintura. Porém, a rigor, o quadro jamais lhe
provaria a existência do pintor mais que as coisas do mundo provam que Deus
existe.
...
Seria, como no exemplo que dei, raciocinar sobre um quadro sem levar em conta o
seu autor. Afinal, quem fez o homem? Quem lhe deu consciência? Foram os
princípios da física? Isto, sim! é impossível. E se você sabe que existe um
Criador, você quer conhecê-Lo e ouvir Sua palavra" (Rubem Queiroz Cobra, Diálogo
com um ateu).
Aí é que está o problema: "conhece-lo e ouvir Sua palavra".
Só a suposição de
que as coisas não podem existir sem um criador não pode ser dada como uma
certeza, porque, mais difícil do que as coisas simples existirem sem um criador
é um ser perfeito onipotente e onisciente vir a existir sem haver alguém para
criá-lo. Destarte, não se pode dizer que existe esse deus sem uma
evidência mais
concludente. Resta-nos buscar "conhecê-lo e ouvir Sua palavra".
Se nunca conseguimos vê-lo, ouvir a sua palavra seria suficiente. Entretanto,
ouvi-lo também é coisa que nunca conseguimos. O que ouvimos é homens lendo
textos que dizem provir de pessoas que o viram e ouviram e até do próprio dedo
desse deus criador de todas as coisas. Levando em consideração que em diversas
partes do mundo pessoas disseram ter ouvido o deus criador, ou os deuses
criadores, mas, dadas as incompatibilidades entre as mensagens, não é possível
admitir que todas tenham dito a verdade, cabe-nos procurar se algumas dessas
mensagens trazem alguma característica superior à capacidade humana. Se em
alguma delas houver algo que o homem não seja capaz de fazer e não houver nela
nenhum equívoco, essa condição nos induzirá a imaginar a existência de um ser
realmente onisciente, superior ao homem.
Como a maioria das chamadas mensagens divinas já perderam total ou quase
totalmente a credibilidade, e quase cem por cento dos deuses já foram sepultados
como criações humanas, resta-nos para análise a mensagem que dizem proceder de
Yavé ou Jeová, aquele que os cristãos chamam simplesmente Deus. Não vamos nos
deter com Alá, que muitos dizem ser o mesmo deus dos cristãos chamado por outro
nome apenas por questão de língua.
Como a palavra de Yavé vem de um tempo bem distante, quase três mil anos, e os
religiosos acreditam vir de mais longe, fica mais fácil submetê-la ao
conhecimento atual, que é muito superior ao que os homens tinham há três mil
anos. Se essa palavra estiver de acordo com o que se sabe hoje, seremos
convencidos de que seu autor sabia mais do que os homens da época. No entanto,
se ela não for além do que os homens daquele tempo conheciam, teremos certeza de
que o autor delas não era nada superior aos homens daquele tempo. Isso nos leva
à conclusão de que seu autor ou seus autores não eram nada além de humanos.
Primeiramente, vamos levar em consideração que O AUTOR CONHECE BEM A PRÓPRIA
OBRA. Se perguntarmos a um pintor sobre um de seus quadros, ele não nos dará
nenhuma informação errada, a não ser que esteja mentindo. E, como o deus
criador, segundo crêem os religiosos, é verdadeiro, a palavra dele deverá contém
somente verdade.
Vejamos algumas afirmações da chamada "palavra de Deus":
“Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: ... Não farás para ti imagem
esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra,
nem nas águas debaixo da terra” (Êxodo, 20: 1-4). “E deu a Moisés, quando
acabou de falar com ele no monte Sinai, as duas tábuas do testemunho, tábuas de
pedra, escritas pelo dedo de Deus" (Êxodo, 31: 18).
Conforme afirma o escritor bíblico, Yavé teria proibido fazer imagem do que há “nas
águas debaixo da terra”. Eu pergunto: há águas debaixo da Terra? A Terra
está em cima de alguma coisa? Os hebreus pensavam que a Terra tivesse a forma de
um disco a flutuar sobre as águas, assim como aquele povo que, em lugar do
dilúvio universal, contava que a Terra havia tombado, afogando quase todos os
seres vivos.
Hoje, sabemos que a Terra não está em cima de nada; está movendo-se no espaço. E
as águas debaixo da Terra? Sabemos muito bem que há águas EM CIMA da Terra, não
debaixo. Teria sido o criador da Terra o autor daquelas palavras? Ter-se-ia ele
esquecido de que não pusera a Terra em cima de águas? Isso não põe em dúvida,
mas nos dá certeza: o autor dessas palavras era alguém que não sabia nada mais
sobre a Terra do que o que parecia aos olhos humanos. Não podia ser o criador da
Terra, mas um dos que vivem sobre ela. Se essas palavras são apresentadas como
ditas pelos deus criador e também escritas em pedras por ele, só nos resta a
conclusão de que um humano criou isso segundo o que se pensava em seus dias e
mentiu para enganar os outros. E foi muito bem sucedido, porque até hoje bilhões
de pessoas acreditam.
Vejamos agora o que teria o mensageiro de Yavé informado sobre os astros:
“E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre
o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos; e
sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi.
Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o
dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas”
(Gênesis, 1: 14-16).
Quando olhamos para o céu, isso é o que parece aos nossos olhos: os grandes
luminares são o Sol e a Lua. Vemos também as estrelas, mas essas, embora muitas,
são pequeninas. Assim acreditou o autor da chamada palavra de Deus. Mas hoje
sabemos que a realidade não é o que parece. Quem escreveu a palavra divina, dito
mensageiro divino, não deu informação vinda de um ser onisciente, mas afirmou
aquilo que o homem pensava que fosse realidade.
Outro argumento dos religiosos cristãos é que A PALAVRA DIVINA PREVIU O FUTURO,
sendo isso prova de ser ela procedente de um ser onisciente. Vamos então
analisar se suas previsões são verdadeiras. Se forem, ela terá algo além de
pensamentos humanos. Mas, se suas previsões não se concretizarem, isso é mais
uma prova de que ela procedeu de homens como nós.
Primeiramente, vale lembrar que um dos chamados mensageiros divinos, o profeta
Miquéias, predisse que um ungido nascido em "Belém" destronaria a Assíria e
estabeleceria um reino eterno reunindo Judá e Israel:
“Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de
Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas
saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os
entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o
resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e
apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus;
e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E
este será a nossa paz. Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar
em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete pastores e oito príncipes
dentre os homens. Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de
Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando entrar em
nossa terra, e quando calcar os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio
de muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva,
que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. Também o resto de
Jacó estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os
animais do bosque, como um leão novo entre os rebanhos de ovelhas, o qual,
quando passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão
será exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados todos os seus
inimigos. Naquele dia, diz o Senhor, exterminarei do meio de ti os teus
cavalos, e destruirei os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e
derribarei todas as tuas fortalezas. Tirarei as feitiçarias da tua mão, e não
terás adivinhadores; arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as
tuas colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos. Do meio de ti arrancarei
os teus aserins, e destruirei as tuas cidades. E com ira e com furor
exercerei vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias, 5: 2-15).
O texto está o mais claro possível: O ungido viria quando a Assíria entrasse na
terra de Judá: "... ele nos livrará da Assíria, quando entrar em nossa terra,",
sentenciou Miquéias. E seu domínio seria sobre todas as nações. A palavra de Yavé teria sido:
"E com ira e com furor exercerei vingança sobre as nações
que não obedeceram".
Todos sabemos que nenhum judeu de Belém ou de qualquer outro canto livrou seu
povo da Assíria. Quem eliminou o império assírio foi Nabucodonozor, rei de
Babilônia. E o povo judeu, que iria dominar sobre todas as nações foi dominado
pelos babilônios.
Outro profeta, Isaías, predisse a queda de Babilônia, época em que seria
construída a nova Jerusalém, e os hebreus nunca mais seriam humilhados pelos
gentios:
"E Babilônia, a glória dos reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será
como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou" (saías, 13:19)
"Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas
passadas, nem mais se recordarão: Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente
no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo
motivo de gozo. E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca
mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela
criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o
menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado. E eles
edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas.
Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam;
porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos
gozarão por longo tempo das obras das suas mãos: Não trabalharão debalde, nem
terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do
Senhor, e os seus descendentes estarão com eles. E acontecerá que, antes de
clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O
lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó
será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo
monte, diz o Senhor" (Isaías, 65: 17-25).
Novamente, a promessa não se cumpriu, e eles continuaram passando de um jugo
para outro: após Babilônia, veio Medo-Pérsia, depois Grécia, depois Roma. A
afirmação nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor caiu
no vazio; Jerusalém foi novamente destruída.
Nos dias em que o império grego estava dividido, quando Antíoco Epífanes
profanou o tempo de Jerusalém e estabeleceu sobre ele sacrifícios aos seus
deuses, Judas Macabeu conseguiu superar o inimigo e restabelecer o santuário.
Parece que nesses dias é que apareceu a profecia de Daniel falando da
“abominação assoladora”: os capítulos 8 a 12 de Daniel (o livro de Daniel não é
uma seqüência, mas os capítulos 7 e 8 foram até escritos em línguas diferentes,
o primeiro, que parece ter vindo por último, em aramaico e o segundo em
hebraico, conforme informam alguns estudiosos).
Se dessa vez o povo acreditou que iria ser estabelecido aquele reino inabalável
para sempre, isso também não ocorreu.
O capítulo 7, que parece ter sido escrito depois do 8, já apresenta uma história
muito parecida, mas o período de "um tempo, dois tempos e metade de um tempo" de
assolamento e "destruição do poder do povo santo" já não era mais de um rei
oriundo dos gregos, e sim do império seguinte, representado pelo "quarto
animal", na visão de quatro animais que representavam os últimos reinos do mundo
antes do estabelecimento do eterno reino de Israel. Em ambos os capítulos, era
prevista a vitória final do povo de Yavé, para não ser molestado nunca mais.
Nos evangelhos de Mateus e de Lucas, consta Jesus, o messias dos cristãos, ter
avisado aos seus seguidores sobre a destruição da cidade, dizendo ser "o
abominável da desolação de que falou o profeta Daniel" (Mateus, 24: 15).
Pela terceira vez, estava a promessa do reino: "Logo depois da tribulação
daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão
do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do
Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do
homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus
anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde
os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus" (Mateus, 24: 29-31).
A profecia de Daniel fala que a duração do período de tribulação é de "um tempo,
dois tempos e metade de um tempo", isto é, três anos e meio. Como os romanos
expulsaram os hebreus de sua terra, e isso não durou três anos e meio, mas se
estendeu pelos séculos seguintes, para não admitir que a profecia falhara,
deveria haver uma interpretação convincente. Daí é que deve ter surgido a crença
de que a cada dia corresponderia um ano.
Se a cada dia da grande tribulação deveria corresponder um ano, não seria
difícil saber quando deveriam ocorrer os incríveis fenômenos cósmicos:
escurecimento do sol e da lua e a queda das estrelas (naquele tempo
acreditava-se que as estrelas fossem pequeninas bolinhas luminosas como parecem
aos nossos olhos). Mil duzentos e sessenta anos contados do ano 70 vão até o ano
1330. Assim sendo, o período de desolação deveria se acabar naquele ano (1330) e
logo depois deveriam dar-se o escurecimento do Sol e a queda das estrelas, e
Jesus deveria aparecer nas nuvens do céu para recolher seus escolhidos e
estabelecer o reino eterno.
Novamente, passou o tempo previsto, e nada se cumpriu. Muitos mestres religiosos
tentam fazer as mais mirabolantes adaptações para colocar essas coisas ainda no
futuro, mas isso só cabe na cabeça de quem não analisa os textos. Ademais, como
sabemos hoje, uma estrela das menores tem milhares de vezes o tamanho da terra,
o que torna impossível caírem as estrelas sobre ela.
O MILAGRE DA FÉ
Resultado de análises científicas:
"Rezar para si mesmo ou saber que seus amigos e familiares rezam faz seu
cérebro produzir mais dopamina. Mas se alguém reza por você, secretamente, não
há efeito" (Sapiens, julho/2006, pág. 22). Conclusão: não há nenhum ser
sobrenatural ajudando, mas o acreditar que está sendo beneficiado leva seu
cérebro a produzir o efeito benéfico atribuído aos deuses.
Diante dos equívocos contidos no texto que chamam de "palavra de Deus", só
podemos concluir que, na realidade, o deus onipotente e onisciente foi criado à
imagem e semelhança dos hebreus, que não tinha conhecimentos astronômicos.
O
incrível é que, no século XXI, quando a Terra já é conhecida por fora e por
dentro, tanta gente ainda quer nos convencer a crer nesse deus criador que não
conhece a fundo a própria criação. O que é tido como a "palavra de Deus" só nega
a existência desse deus.
Ver mais RELIGIÃO
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