O maior pesadelo que pairou sobre a
cabeça de quem pensa racionalmente nesse longo mês de outubro foi a muito
possível teocracia evangélica caso Bolsonaro tivesse sido reeleito.
Crise econômica a gente supera, mas
tragédia política é algo bem mais assustador.
Bolsonaro, ao aproximar o segundo
turno da eleição, fez o possível para convencer o povo de que não iria, caso
reeleito, aumentar o número de ministros do STF.
Mas, se o fosse, com certeza iria concretizar esse plano. E os
líderes evangélicos que lutaram pela vitória dele com todos os artifícios
possíveis sabiam disso, o que eles mais almejavam. Pois, só
com Bolsonaro no poder, eles poderiam estabelecer a tão
sonhada ditadura evangélica.
Com a possibilidade de ele colocar
mais uma meia dúzia de ministros do tipo Nunes Marques na cúpula do Judiciário,
e um congresso recheado de amigos, correríamos o risco de graves mudanças
constitucionais, com a oportunidade de, como já disse um parlamentar, "estabelecer
princípios cristãos" no país, e essas barbaridades que evangélicos já
andam fazendo com pessoas e igrejas que não compactuam com as crenças deles
poderiam se tornar legais, como já foram no mundo cristão do passado e hoje são
em alguns países do mundo muçulmano; e pessoas de religiões não cristãs
passariam a ser legalmente perseguidas e obrigadas a viver segundo os ditames
evangélicos. A ciência passaria a ser mais amordaçada em todos os campos
que desfazem os pensamentos primitivos que eles procuram perpetuar, e o atraso
social do país seria extremamente agravado.
Enquanto Lula é um partidário da
liberdade religiosa, Bolsonaro é adepto da imposição, diz que
as minorias têm que se curvar à vontade da maioria.
Isso seria desastroso para o país, que em nada ganharia diante do mundo moderno.