Considere de novo aquele pálido ponto
azul que temos falado.
Imagine que você está olhando fixamente
para o ponto por um longo tempo...
E, então, tentem se convencer de que
deus criou todo o universo para uma das
aproximadamente dez milhões de espécies
de vida que habitam este grão de poeira.
Agora, deem um passo adiante: imagine
que tudo foi feito apenas para uma única
nuança dessa espécie, ou gênero ou
subdivisão étnica ou religiosa.
Se isso não lhes parecer improvável,
tomem outros pontos.
Imagine que ele é habitado por uma uma
forma diferente de vida inteligente,
que também nutre a noção de um deus que
criou todas as cosias para seu bem.
Até que ponto vocês levariam a sério
essa pretensão?
E as luzes no céu se levantam e se põem
ao nosso redor...
Não é evidente que estamos no centro
do Universo?
Aristóteles,
Platão, Santo Agostinho, Santo Tomás de
Aquino, e quase todos os grandes
filósofos e cientistas de todas as
culturas, durante três mil anos, até o
século XVII, acreditaram nessa ilusão.
As imensas distâncias até as estrelas e
as galáxias significam que todos os
corpos que vemos no espaço estão no
passado - alguns deles tal como eram
antes que a Terra viesse a existir.
Os telescópios são máquinas do tempo. Há muitas eras, quando uma galáxia primitiva começou a derramar luz na escuridão circundante, nenhuma testemunha poderia ter adivinhado que bilhões de anos mais tarde alguns blocos remotos de rocha e metal, gelo e moléculas orgânicas se juntariam para formar um lugar chamado Terra; nem que surgiria a vida, nem que seres pensantes evoluiriam e um dia captariam um ponto dessa luz galáctica, tentando decifrar o que a enviara em sua trajetória.
E depois que a Terra morrer, daqui a uns
5 bilhões de anos, depois que ela for
calcinada ou até tragada pelo Sol,
surgirão outros mundos, estrelas e
galáxias - e eles nada saberão de um
lugar outrora chamado Terra.
(Carl Sagan, http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=WGPUdomqS5E)
No entanto,não importa quantos reis,
papas, filósofos, cientistas e poetas
tenham insistido em afirmar o contrário,
a Terra, por todos esses milênios,
persistiu em girar em torno do Sol.
Pode-se imaginar um observador
extraterrestre severo olhando a nossa
espécie com desprezo durante todo o
tempo, enquanto tagarelávamos
animadamente: 'O universo criado para
nós! Somos o centro!Tudo nos rende
homenagem!'
E concluído que nossas pretensões são
divertidas, nossas aspirações patéticas,
e que este deve ser o planeta dos
idiotas."