POLÍCIA FEDERAL CONCLUI QUE É FALSA
DELAÇÃO DE PALOCCI
PF conclui que delação de Palocci
não tem provas sobre Lula e BTG
Delegado diz que as acusações citadas por Palocci
foram desmentidas por todas as testemunhas e colaboradores
O Globo
17/08/2020 - 18:49 / Atualizado em 25/08/2020 - 13:54
SÃO PAULO. A Polícia Federal afirma que não existem provas em trecho do acordo
de delação em que o ex-ministro Antônio Palocci acusa o banqueiro André Esteves,
do banco BTG Pactual, de supostamente administrar um caixa de propinas para o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao concluir o relatório final do inquérito no último dia 11, o delegado federal
Marcelo Daher diz que os fatos delatados pelo ex-ministro foram
desmentidos por todas as testemunhas e por outros colaboradores da Justiça.
Daher acrescentou que os delatores que desmentiram o
ex-ministro "aparentemente não teriam prejuízo algum em confirmarem a narrativa
de Palocci caso entendessem ser verdadeira".
Um deles foi Marcelo Odebrecht. Ele, afirmou que "houve uma certa confusão" de
Palocci sobre as propinas pagas pela Odebrecht ao PT.
A delação de Palocci foi fechada em 2018 pela própria Polícia Federal e tem 34
anexos. Nesse anexo que levou a uma investigação aberta em São Paulo, o
ex-ministro relatou que o banqueiro André Esteves movimentou no BTG, em nome de
terceiros, valores recebidos por Lula em crimes de corrupção e caixa 2. Em
contrapartida, teria recebido informações privilegiadas do governo sobre a
mudança da taxa Selic, que permitiu que ele tivesse lucro e que usasse parte
desses recursos para fazer doações para a campanha do PT em 2014.
Ao ser ouvido, Marcelo Odebrecht disse que nunca ouviu dizer que André Esteves
teria um conta corrente para controle de propinas do PT ou de Lula e que nada
sabia sobre eventual uso de informação privilegiada no mercado de contratos
futuros de juros.
Para o delegado, os fatos narrados Palocci parecem ter sido tirados de
"pesquisas na internet" e "notícias dos jornais", sem que sejam apresentadas
provas que sustentem a continuidade da investigação.
"No presente caso, as notícias jornalísticas, embora suficientes para iniciar
o inquérito policial, parecem que não foram corroboradas pelas provas
produzidas, no sentido de dar continuidade a persecução penal", escreveu o
delegado.
A PF encaminhou o relatório ao Ministério Público Federal, a quem cabe agora dar
continuidade ao procedimento. Nesse caso, o MPF pode pode arquivar o caso, pedir
novas diligência ou até mesmo oferecer denúncia à Justiça.
A defesa de Palocci afirmou que, na investigação, existe uma prova pericial que
comprova a veracidade da colaboração de Palocci. Disse ainda que existem outros
fatos indicados por Palocci que confirmam a versão do ex-ministro e que ainda
não foram investigados pela PF.
A defesa do ex-presidente Lula disse que