Muitas pessoas acreditam preverem fatos por acontecer. A mim, após análise, me
pareceu bem claro que acertamos os fatos como numa loteria de grandes
probabilidades. Posteriormente, constatei que grandes entendidos sobre a mente
já explicaram também essas coincidências.
Desde criança, sempre encontrei pessoas que dizem ter antevisto fatos. E, como
tinha boa memória, notava que, dos numerosos sonhos que me ocorriam, alguns se
encaixavam em fatos e circunstâncias.
Observando pessoas que diziam preverem fatos, constatei que muitas e muitas
vezes eles diziam que estavam com pressentimentos ou tiveram sonhos, mas nada
acontecia que tivesse relação com suas previsões.
O fator mais importante que descobri após tudo isso é que fatos trazem à nossa
lembrança sonhos que com eles coincidirem em algum aspecto. Isso, por si só,
ampliam em muito as probabilidades de os sonhadores imaginarem terem previsto
diversos acontecimentos.
Na noite de 10 para 11 de setembro de 2001, sonhei que estava pendurado no lado
de fora de um edifício e chamava meu pai, que passava próximo, para me ajudar a
alcançar uma escada para descer. No dia seguinte, cheguei à loja de um amigo
exatamente no momento em que era apresentado pela TV o choque do primeiro Boeing
com uma das torres do World Trade Center. Lembrei-me instantaneamente do sonho.
Esse fato me inspirou a escrever o artigo “”, que publiquei em 19/09/2001.
Esta semana, recebi uma revista Encontro, onde encontrei um artigo sobre essa
crença de previsão do futuro, que cita explicações de Carl Jung e Sigmund Freud,
que coincidem com minhas observações.
“Para o psicólogo suíço Carl Jung, os pressentimentos ... seriam uma espécie de
intuição. ‘É a função pela qual se antevê o que se passa pelas esquinas, coisa
que habitualmente não é possível... É uma função que normalmente fica inativa se
vivemos trancados entre quatro paredes, numa vidinha de rotina’, declarou.
Segundo ele, no campo da psicologia a consciência seria orientada por quatro
funções: a sensação (percepção pelos sentidos); o pensamento; o sentimento; e a
intuição, que seria a possibilidade de pressentimento, de sentir que algo vai
acontecer. Mas, explica Priscila [Priscila de Faria Gaspar, psicanalista e
terapeuta de regressão], o pressentimento, para Jung, aconteceria a partir de um
conjunto de informações acerca de possibilidades, um conjunto de conhecimentos
racionais. ‘Ele não é uma certeza, mas vem de forma repentina. Uma pessoa
observa o mau tempo, percebe que a tripulação de um vôo está agitada. Aí, tem um
pressentimento ruim em relação àquela viagem, e ele pode se confirmar. Mas, esse
pressentimento, embora não tenha sido percebido racionalmente, foi possível
graças a observações racionais’, esclarece.
Sobre o tema, Sigmund Freud dizia que todos nós temos vários pressentimentos
e inúmeros deles não se confirmam. Mas, quando acontece, eles são lembrados, o
que leva a pessoa a concluir que sabia, intuiu. O fenômeno, no entanto,
seria apenas um acaso.” (Encontro, 23/08/2008, pág. 63, 64).
O artigo da Encontro cita alguns exemplos, como a historiadora e professora
aposentada Maria Madalena Trindade Barreto Corrêa, que afirma, no dia da morte
do marido, sem saber do fato, ter sentido “uma necessidade de ir à igreja”, o
que fez em vez de ir para casa ao sair do trabalho. Cita também o jornalista
Róberson Balsamão de Oliveira, tinha sonhos com seu pai morrendo em acidente na
estrada, e, um dia, seu pai, caminhoneiro, faleceu acidentado.
A historiadora Maria Madalena poderá ter tido essa vontade de ir à igreja e ter
ido diversas vezes e isso ter passado sem qualquer observação, assim como não
nos lembramos das vezes que perdemos uma condução. Como essa ida à igreja
coincidiu com o dia da morte do seu marido, isso ficou marcado como quando
ocorre de perdermos uma condução e ocorrer um acidente com aquele veículo.
Os sonhos do jornalista Róberson Balsamão de Oliveira, por sua vez, deveriam
expressar suas preocupações com o pai, que exercia uma profissão que o expunha
constantemente ao risco de acidente. Se ele morresse de outra causa, os sonhos
ficariam esquecidos. Mas como ocorreu o que estava dentro de grandes
probabilidades, os sonhos vieram à tona.
Relembrando Jung e Freud, podemos observar: muitos dos chamados pressentimentos
ou sonhos premonitórios estão ligados a coisas com grandes probabilidades de
acontecer e alguns coincidem com fatos mesmo sem essa condição. Mas a grande
maioria, os que não coincidem com nada, fica no esquecimento.
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