Para que os pobres defensores da
privatização possam entender, vamos ilustrar com números inteiros.
Assim fica mais simples verem como a privatização empobrece toda a população e
aumenta as disparidades sociais.
Imaginemos a privatização da energia
elétrica.
Um trabalhador que ganha R$2.000,00
(dois mil reais) tem uma conta de luz de R$100,00 (cem reais), consumindo 5%
(cinco por cento) do seu salário, sobrando-lhe 95% para cobrir outras despesas e
ainda tentar poupar alguns reaizinhos para ter um futuro economicamente melhor.
Vem o governo e privatiza a empresa
fornecedora da energia. Como os novos donos da empresa têm em vista o
lucro, calculam os custos e concluem que a tarifa da energia deve ser o dobro
do que é atualmente (é claro que os governos atuais já aumentam essa tarifa antes
de oferecer a empresa para a iniciativa privada, para mostrar lucratividade, mas
estamos ilustrando assim para simplificar).
A empresa, com a tarifa dobrada,
triplica o lucro. Os defensores da privatização ficam eufóricos e dizem: "não
falei que a privatização é mais lucrativa?!!!".
Entretanto,
Aquele trabalhador que gastava 5% de
seu salário com a conta de luz passou a gastar 10% de sua remuneração com o mesmo
serviço e está 5% mais pobre. E assim, todos os trabalhadores ficam mais
pobres para propiciar um aumento de lucro que enriquece meia dúzia de pessoas
que compraram a antiga empresa pública.
OS EFEITOS
Os consumidores ficando
um pouco mais pobres, terão que consumir um pouco
menos no comércio, já que têm que tirar uma parcela maior de sua remuneração
para pagar a conta de luz. Os comerciantes, vendendo um pouquinho
menos, ficarão também um pouco mais pobres.
Aquela meia dúzia de capitalistas
agora está bem mais rica às custas do empobrecimento de todos os consumidores, e
os comerciantes, ganhando menos, pagarão um pouco menos de tributos,
reduzindo um pouco
mais a arrecadação do Estado.
Paralelamente, um lucro de
R$10.000.000.000,00 (dez bilhões), que a empresa pública gerava para o estado,
que ele podia reinvestir para o bem da população, não existe mais; pois agora há
um lucro de R$30.000.000.000,00 (trinta bilhões), não para o Estado, mas para
aquela meia dúzia de indivíduo que se enriqueceram às custas do empobrecimento
de toda a população. O estado se empobrece em dez
bilhões, sem se falar no empobrecimento decorrente
da redução do volume do comércio, que também reduz
a demanda da indústria e gera um pouco mais de
desemprego.
Quanto mais pobre, mais pobre fica.
Além de todo esse malefício, há um
outro, o aumento da desigualdade social.
Imaginemos: um outro trabalhador ganha R$20.000,00
(vinte mil reais) e, como sua situação econômica é boa, ele tem muitos
equipamentos elétricos e eletrônicos e consome cinco vezes mais energia do que
aquele trabalhador que ganha R$2.000,00 (dois mil reais), tendo uma conta de luz
de R$500,00 (quinhentos reais), que passa para R$1.000,00 (mil reais). Todavia, com a
duplicação da tarifa de energia, o trabalhador melhor remunerado passa a gastar mais 2,5% (dois e meio por
cento) da sua
remuneração com a conta de luz, enquanto aquele trabalhador que pagava R$100,00
(cem reais) e passa a pagar R$200,00 (duzentos reais), tem que que tirar mais 5%
(cinco por cento) da remuneração dele para custear esse enriquecimento de um
grupinho de pessoas. Assim, os mais pobres empobrecem mais do que os que têm melhor remuneração,
aumentando ainda mais as disparidades sociais.
Esse cálculo simples ilustra o que
ocorre em maior ou menor escala cada vez que o Estado abre mão de uma de suas
empresas públicas em troca de um pagamento que muitas vezes não passa do valor
do lucro que a empresa dava em um ou dois anos, e aquele lucro é suprimido para
sempre. A privatização reduz a economia do Estado, além de empobrecer um
pouco mais a população, com agravante para os mais pobres, os quais dependem
mais
da ajuda do estado, que, agora mais pobre, passa a ajudar menos, piorando ainda
mais a situação de quem tem menos.
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