PROTESTOS ESTUDANTIS EM 2019
Protestos estudantis no Brasil em 2019
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Protestos estudantis no Brasil em 2019
Mobilização contra Jair Bolsonaro 07.jpg
Manifestação contra cortes nas verbas destinadas à educação na Avenida Paulista
em São Paulo, SP.
Período Maio – Outubro de 2019
Local Brasil
Objetivos
Contra o corte de verbas para a educação
Contra o congelamento de verba para Ciência e Teconologia
Contra a reforma da previdência
Participantes do protesto
Governo Jair Bolsonaro União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos
Estudantes Secundaristas (UBES) e sindicatos
Manifestantes
1 500 000 (segundo os organizadores)[carece de fontes]
Os protestos estudantis no Brasil em 2019, conhecidos popularmente como Tsunami
da Educação, ocorreram nos dias 15 de maio, 30 de maio, e 13 de agosto sendo a
primeira grande mobilização contra o Governo Jair Bolsonaro. Devido a cortes na
educação do ensino básico ao superior e congelamentos nas áreas de
desenvolvimento de ciência e tecnologia houve paralisação no ensino superior e
básico, acompanhado de protestos liderados por estudantes e profissionais da
educação.[1][2][3][4][5]
A União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (UBES) e sindicatos convocaram as manifestações,[6] às quais
aderiram outras entidades e instituições.[2] Os protestos relacionam-se aos
bloqueios no orçamento da educação e da pesquisa, decretados pelo ministro
Abraham Weintraub. Na educação, os cortes do governo alcançam 7,4 bilhões de
reais.[7] Investimentos em pesquisa, como bolsas da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), foram cortados, afetando
futuros pesquisadores.[8][9] Enquanto as polícias militares dos estados não
estimaram o número de manifestantes, a UNE afirmou que houve 1,8 milhão de
pessoas nas ruas em mais de 200 cidades de todos os estados do país e Distrito
Federal.[10]
Índice
1 Contexto
2 Protestos
2.1 15 de maio
2.2 30 de maio
2.3 14 de junho
2.4 13 de agosto
2.5 7 de setembro
2.6 2 e 3 de outubro
3 Vitória do movimento
4 Mobilizações independentes
4.1 Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
5 Reações
5.1 Pesquisa de opinião
5.2 Manifestações a favor do governo
6 Galeria
7 Ver também
8 Referências
Contexto
Ver artigo principal: Governo Jair Bolsonaro
Abraham Weintraub, o então ministro da Educação durante o período de protestos.
No final de abril, a nova gestão do Ministério da Educação (MEC), sob o comando
de Abraham Weintraub, anunciou o bloqueio de 30% na verba das instituições de
ensino federais, entre as 60 universidades e os quase 40 institutos em todo o
país. Inicialmente, o ministro havia anunciado o corte de de verbas da UFF, Ufba
e UnB,[11] que, segundo ele, "estiverem fazendo balbúrdia",[11] expressão que
irritou pesquisadores e considerada infeliz por integrantes do governo.[12]
Posteriormente, o corte foi ampliado para todas as universidades federais. De
acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de
Ensino Superior (Andifes), o contingenciamento atingiu 20% da verba para custeio
(ou seja, serviços de manutenção, limpeza, segurança, entre outros), e 90% da
verba de investimento (custos de uma obra, reforma ou construção, por exemplo).
Esses custos, para o governo, são considerados despesas discricionárias, ou
seja, não são obrigatórias, com o bloqueio correspondendo a cerca de 3,5% do
orçamento total, que estariam sendo "segurados" para serem liberados após
setembro.[13][14][11][15] Em maio, o MEC anunciou que também estudava
"descentralizar" investimentos aos cursos de filosofia e sociologia, o que
mobilizou um manifesto contrário à proposta assinado por representantes de
universidades com prestígio mundial, como Harvard, Yale, MIT, Oxford, Cambridge,
Sorbonne, Columbia e Berkeley.[16]
Guardas e deputados da base do governo tentam retirar o então presidente da
UBES, Pedro Gorki, do plenário da Comissão de Educação da Câmara. Uma imagem que
chocou o Brasil e potencializou as manifestações estudantis.
O ministro da educação foi convocado para o congresso para dar explicações
acerca do corte no setor, após votação favorável a convocação por parte de 307
deputados, contra 82. A sessão ocorreu ao mesmo tempo em que aconteciam os
protestos pelo Brasil.[17]
Protestos
15 de maio
Manifestante com cartaz em Ilhéus, Bahia.
No dia 15 de Maio, um deputado da base aliada de Bolsonaro, Capitão Wagner, viu
o presidente ligando para seu ministro, Weintraub, dizendo que não haveria
nenhum corte de verba, o que deu a entender que o governo recuou, algo que era
corriqueiro nos seus primeiros dias[18]; mais tarde, o ministro, em uma
audiência na Câmara dos Deputados, disse que Bolsonaro foi ouvido conversando
com ele, e não ele conversando com Bolsonaro, dizendo que os cortes iriam
acontecer. Wagner disse que não foi ele quem criou um boato, mas sim, o próprio
governo, que voltou atrás.[19]
Entre as palavras de ordem usadas pelos manifestantes incluem-se: "Tira tesoura
da mão e investe na educação" e "Não é mole não, tem dinheiro pra milícia, mas
não tem pra educação", em alusão a um possível envolvimento de Bolsonaro com as
milícias e o Caso Queiroz.[20]
Segundo a UNE, 500 mil manifestantes compareceram na avenida paulista,[21] e no
total, compareceram 1,5 milhão em todo o país. Estudantes também lotaram a
cinelândia, na cidade do Rio de Janeiro, com 150 mil manifestantes segundo
organizadores. Ao final do protesto, houve confronto entre policiais e
manifestantes, com um ônibus incendiado. Manifestantes dispararam fogos e
rojões, e policiais militares dispararam bombas de efeito moral e gás
lacrimogênio. Em Belo Horizonte, Minas Gerais, organizadores estimaram a
presença de 250 mil manifestantes. Em Brasília e Recife organizadores estimaram
o comparecimento de pelo menos 50 mil manifestantes cada, enquanto que em
Salvador, Fortaleza e Natal organizadores estimaram o comparecimento de 100 mil
manifestantes cada.[22][23][2]
30 de maio
A manifestação em Campinas, São Paulo aconteceu à noite.
A União Nacional dos Estudantes e a União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas convocaram um novo protesto para o dia 30 de maio.[19][24]
Segundo estimativa dos organizadores, atos de 30 de maio se espalharam por 183
cidades de 22 estados, mais o Distrito Federal, e reuniram cerca de dois milhões
de manifestantes.[25] Segundo estimativa feita pelo G1, manifestações ocorreram
em 136 cidades de 25 estados mais o Distrito Federal.[26] Manifestações em
Salvador e em Brasília tiveram inicio pela manhã, e organizadores estimaram o
comparecimento de 40 mil e 30 mil respectivamente. Pela tarde, houve
manifestações em Recife, Pernambuco, onde organizadores estimaram o
comparecimento de 100 mil manifestantes, e em São Luís, no Maranhão, onde
estimaram a presença de 30 mil manifestantes. Maior parte das manifestações
ocorreram ao fim da tarde e inicio da noite, como na cidade do Rio de Janeiro,
onde organizadores estimaram o comparecimento de 100 mil manifestantes que se
reuniram na candelária de onde partiram em marcha até a Cinelândia, e na cidade
de São Paulo, onde 300 mil compareceram no Largo da Batata e partiram em marcha
até a Avenida Paulista.[27]
14 de junho
Ver artigo principal: Greve geral no Brasil em 2019
Em meio aos atos do dia 30 de maio, foram convocadas novas manifestações no dia
14 de junho.[28] Os protestos ocorreram mediante à greve geral convocada por
centrais sindicais, unificando os movimentos estudantis e dos trabalhadores.[29]
Até às 20 horas do dia, 189 cidades de 26 estados e Distrito Federal tinham
registrado protesto. 19 capitais brasileiras tiveram o sistema de ônibus
afetado, mas considerando outros modais, a quantidade de capitais atingidas
chegou a 21.[30]
13 de agosto
Protesto estudantil na cidade de Florianópolis no dia 13 de Agosto de 2019
contra a reforma da previdência e o corte de verbas da educação pública.
Convocado por entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União
Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), os protestos de 13 de agosto
foram também contra a reforma da previdência que tramitava no Congresso. Foi a
terceira mobilização a nível nacional contra o contingenciamento de verbas
anunciado por Weintraub. (Os protestos de 14 de junho foram secundários, pois o
principal foi a greve geral.) Em Brasília, o ministro da Justiça e da Segurança
Pública Sergio Moro autorizou o uso da Força Nacional para proteger a Esplanada
dos Ministérios.[31]
Segundo os organizadores, 1,5 milhão compareceram às manifestações, que teriam
ocorrido em 205 cidades de todos os estados, incluindo o Distrito Federal. Os
organizadores também estimaram que, neste terceiro grande ato da educação, 100
mil manifestantes ocuparam a avenida paulista na cidade de São Paulo.[32]
Organizadores também estimaram o comparecimento de 35 mil estudantes em
Salvador.[33]
7 de setembro
Foram convocadas manifestações para o dia 7 de setembro, dia da independência do
Brasil. No dia 3 de setembro o presidente Jair Bolsonaro pediu para que as
pessoas saíssem às ruas de verde e amarelo para "mostrar ao mundo" que "a
Amazônia é nossa", em decorrência da crise internacional provocada pelos
incêndios florestais na Amazônia.[34] Em resposta, a UNE e a UBES, vendo
paralelos com o pedido do ex-presidente Fernando Collor, pediu a volta dos
Caras-pintadas, e convocou os manifestantes a usarem preto, para simbolizar luto
em relação a situação da Amazônia e da educação.[35]
2 e 3 de outubro
Nos dias 2 e 3 de outubro a Diretoria Executiva da UNE e da UBES convocaram 48
horas de mobilização nacional. [36]
Vitória do movimento
No dia 18 de outubro, o MEC anunciou o descontigenciamento total do orçamento da
educação, liberando cerca de 1 bilhão de reais para a educação básica e
superior. Apesar do Ministério ter alegado que voltaram atrás por conta de uma
maior arrecadação da União, as entidades estudantis consideraram esse recuo como
uma conquista das mobilizações que pressionaram o Governo pela manutenção do
orçamento educacional.
Mobilizações independentes
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Na UFFS, cerca de 200 pessoas ocuparam a reitoria da instituição do dia 30 de
agosto à 18 de setembro. O motivo foi a nomeação de Marcelo Recktenvald,
terceiro colocado na consulta pública, como novo reitor da instituição. [37]
[38]
Em assembleias realizadas após o fim da ocupação, nos seis campi, a comunidade
acadêmica da Universidade Federal da Fronteira do Sul (UFFS) aprovou por 94,22%
o pedido de destituição de Marcelo Recktenvald. O Conselho Universitário da UFFS,
órgão máximo deliberativo da instituição, deverá votar o pedido de destituição
e, se aprovado, encaminhá-lo para o Ministério da Educação. [39] [40]
No dia 17 de outubro, o Conselho Universitário aprovou a ata com pedido de
destituição do reitor. [41]
Reações
O presidente da república, Jair Bolsonaro, encontrava-se em Dallas, Estados
Unidos, durante a primeira manifestação (do dia 15 de maio), de onde chamou os
manifestantes de "idiotas úteis e massa de manobra", o que rendeu-lhe
críticas.[42][43]
O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que cortes ocorreram em outras
ocasiões, e a falta de protestos nessas ocasiões, demonstram que houve
politização das manifestações do dia.[18]
O Movimento Brasil Livre (MBL), atuante nas manifestações pelo impeachment de
Dilma Rousseff, reconheceu que a esquerda fez “a maior manifestação em anos”. A
entidade também fez críticas aos cortes de gastos: "[...] O governo não pode
continuar errando na política como está fazendo hoje”.[44]
Pesquisa de opinião
Ver também: Pesquisas de opinião sobre o governo Bolsonaro
Uma semana após o fim dos protestos de 15 de maio, uma pesquisa de opinião
mostrou que, para 57% dos entrevistados, os protestos tiveram importância; para
38% não tiveram importância, e outros 5% não responderam. Essa mesma pesquisa
mostrou que, pela primeira vez, a rejeição ao governo Bolsonaro foi maior do que
a aprovação.[45]
Manifestações a favor do governo
Em resposta aos protestos, apoiadores do governo Bolsonaro marcaram uma
manifestação para o dia 26 de maio para defender o governo e as reformas.
Marcelo Ramos, deputado federal pelo Amazonas, afirmou: “Esse protesto do dia 26
de maio é a coisa mais surreal que eu já vi na minha vida. É um protesto a favor
da reforma da Previdência contra quem é a favor da reforma da Previdência. É um
negócio sem pé nem cabeça. [...] Esse protesto é um protesto para gerar um clima
de questionamento das instituições democráticas e criar um caos no país".[46]
Em levantamento realizado pelo G1, os atos em apoio ao governo realizados no dia
26 de maio foram registrados em pelo menos 156 cidades em todos os estados
brasileiros, mais o Distrito Federal.[47] Entre as propostas defendidas estavam
a reforma da previdência e o pacote anti-crime do ministro Sergio Moro. Grupos
minoritários também pediam o fechamento do Congresso,[48] o que é considerado um
crime.[49] As manifestações foram marcadas pelos ataques ao STF, ao presidente
da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao "Centrão".[50] A maioria
dos manifestantes estavam vestidos de verde e amarelo e levavam a bandeira do
Brasil.[51]
Ao comentar as manifestações, Bolsonaro afirmouː "Hoje é um dia em que o povo
está indo às ruas. Não para defender um presidente, um político ou quem quer que
seja. Está indo para defender o futuro desta nação. Uma manifestação espontânea.
Com uma pauta definida, com respeito às leis e às instituições, mas com o
propósito de dar recado àqueles que teimam com velhas práticas não deixar que
esse povo se liberte”. As declarações foram realizadas durante um culto, na
Igreja Atitude, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.[52]