PROTESTOS NA COP26 E O FÓSSIL DA
SEMANA
Protestos ao redor do mundo marcam primeiro fim de semana da COP26
Segundo os organizadores, mais de 200 mil pessoas se reuniram em Glasgow, onde
ocorre a Conferência Climática da ONU. Os protestos são contra a lentidão dos
governos para enfrentar a emergência climática global
Por Reinaldo José Lopes 6 nov 2021, 19h03
Gustavo Magalhães/Superinteressante
Protestos contra a lentidão dos governos para enfrentar a emergência climática
global marcaram o primeiro fim de semana da COP26, conferência do clima da ONU
que acontece em Glasgow, na Escócia.
Grupos de ativistas se reuniram no mundo todo para lembrar o Dia Global pela
Justiça Climática. As manifestações ocorreram em países como Indonésia, Coreia
do Sul, Austrália, México, França, Holanda e Bélgica, bem como no Reino Unido,
onde os protescos aconteceram tanto em Glasgow, com a presença de cerca de 200
mil pessoas, segundo os organizadores, quanto em Londres, com 10 mil
participantes.
Em Glasgow, a passeata seguiu um trajeto de 4 km, debaixo de chuva, frio e vento
forte, e foi encabeçada por um grupo de indígenas mohawks da região de Quebec,
no Canadá. A ponte George V, no centro da cidade escocesa, foi bloqueada por
mais de 20 membros do grupo Scientist Rebellion (Rebelião dos Cientistas), que
congrega pesquisadores e estudantes universitários. Usando jalecos de
laboratório, eles se acorrentaram uns aos outros pelo pescoço. Algumas pessoas
do grupo foram presas, mas não houve confronto com a polícia.
Apesar de diversos avanços aparentes na primeira semana de negociações (os quais
seriam capazes de manter o aumento de temperaturas globais neste século abaixo
de 2ºC em relação à média histórica), um dos arquitetos da atual fase de
conversas diplomáticas declarou que é preciso evitar o excesso de otimismo.
Essa é a avaliação de Laurent Fabius, ex-primeiro-ministro da França e
coordenador da COP de Paris, em 2015, a primeira a incluir todos os países do
mundo no esforço de redução de emissões de gases causadores da mudança
climática, no chamado Acordo de Paris. Em entrevista ao jornal britânico The
Guardian, Fabius ressaltou: “Os compromissos positivos são teóricos. O resultado
será o de evitar o aquecimento perigoso caso eles sejam inteiramente cumpridos,
o que obviamente é uma hipótese”. Ele ressaltou a necessidade de transparência e
metodologia clara no acompanhamento das metas de redução de emissões.
Fóssil da Semana
Este sábado também foi marcado pela escolha do “antiprêmio”
Fóssil da Semana, oferecido por uma rede de ONGs para quem é considerado
o maior entrave ao sucesso das negociações das COPs. Previsivelmente,
a láurea irônica foi para o Brasil e para o presidente Jair Bolsonaro,
que não chegou nem mesmo a comparecer a Glasgow junto com os demais chefes de
Estado, que discursaram nos primeiros dias do encontro.
Segundo a Climate Action Network (Rede de Ação Climática), que reúne
1.500 organizações não governamentais do mundo, o Brasil
se tornou o Fóssil da Semana “pela maneira horrenda e inaceitável como trata os
povos indígenas”.
“Na segunda-feira, a ativista indígena Txai Suruí foi elogiada por sua fala
impactante na conferência, na qual contou aos líderes mundiais sobre os efeitos
da mudança climática que já estão afetando sua tribo. Infelizmente, isso não
caiu bem no país dela, onde foi criticada publicamente pelo presidente Jair
Bolsonaro por ‘atacar o Brasil’. Infelizmente, esse tipo de comportamento
desprezível está bem documentado no país”, declarou a coalização de ONGs.
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