PSICOGRAFIA À LUZ DA CRÍTICA LITERÁRIA -- 06/12/2006 -

 

Psicografia (psico=alma + grafia=escrita, escrita da alma) é a capacidade que dizem os espíritas terem os médiuns de reproduzir em escrita o pensamento de almas desencarnadas. Entretanto, dizem os críticos literários que o que escrevem os psicógrafos é sempre inferior ao que escreveram as pessoas a quem eles atribuem a autoria da obra psicografada. Ademais, nenhum médium psicografa artes diversas.

Nunca li nenhum texto dito psicografado. Mas, conforme um autor não identificado publicou na internet em um texto intitulado "A VERDADE SOBRE CHICO XAVIER", alguns bons críticos literários encontraram em tais textos apenas imitações muito inferiores às obras dos autores a que atribuem os pensamentos; além do que cada médium psicografa apenas um tipo de arte, o que evidencia que a psicografia está ligada à capacidade artística do médium:

"--- Cada qual naquilo para que tem tendência e para o que treina. Chico tinha tendência literária, Gaspareto para a pintura, Rosemary Brown para música, Frank Cox para pianista, etc., etc. Por que os "espíritos" não escrevem música com Chico nem literatura com Cox...?

# O mesmo estilo de quando vivos?

--- Na realidade o que aquele grande crítico literário, Agripino Grieco, escreveu é muito diferente: "Os livros póstumos, ou pretensamente póstumos, nada acrescentam à gloria de Umberto de Campos, sendo mesmo bastante inferiores aos escritos em vida. Interessante: De todos os livros que conheço como sendo psicografados, escritos por intermédio de um médium, nenhum se equipara aos produzidos pelo escritor em vida" ("Diário da Noite", S.P. 28-VI-1944).

--- Outro crítico literário, João Dornas Filho, a respeito, por exemplo, de Olavo Bilac: "Esse homem que em vida nunca assinou um verso imperfeito, depois de morto teria ditado ao Sr. Xavier sonetos interinos abaixo de medíocres, cheios de versos mal medidos, mal rimados e, sobretudo, numa língua que Bilac absolutamente não escrevia!" ("Folha da Manhã", S.P., 19-IV-1945).

--- O crítico literário Osório Borba, a pedido do "Diário de Minas" (10-VIII-58) resume assim sua perícia crítica, apoiado também no II Congresso Brasileiro de Escritores (1947): "Levo anos e anos pesquisando. Catei inúmeros defeitos de várias espécies, essenciais ou de forma. A conclusão de minha perícia é totalmente negativa. Aqueles escritos `mediúnicos´, por quem quer que conheça alguma coisa de poesia ou literatura, não podem ser tidos como de autoria dos grandes poetas e escritores a quem são atribuídos. Autores de linguagem impecável em vida, aparecem `assinando´ coisas imperfeitíssimas como linguagem e técnica poética. Os poetas `desencarnados´ se repetem e se parodiam, a todo momento, nos trabalhos que lhes atribuem "mediunicamente´.  Por exemplo Antero de Quental plagiando (!) em idéia e até em detalhes, literalmente um soneto de Augusto dos Santos. Tudo isso está exaustivamente documentado, através de um sem número de citações e confrontos".

"As pessoas que se impressionam pela `semelhança´ dos escritos `mediúnicos´ de Chico Xavier com os deixados pelos seus indigitados autores, ou são inteiramente leigas sem maior discernimento em matéria de literatura, ou deixaram-se levar ligeiramente por uma primeira impressão. Se examinarem corretamente a literatura psicográfica verão que tal semelhança é de pastiche, mais precisamente, de caricatura. O pensamento das psicografias (de Chico Xavier) é absolutamente indigno do pensamento dos autores a quem são imputados, e a forma em geral e a técnica poética, ainda piores. E há inúmeros casos de parodia e repetição de temas, frases inteiras, versos, além dos plágios".

"Por exemplo, Bilac aparece com sonetos verdadeiramente reles, e incorretos, pensamento primário, péssima linguagem, péssima técnica poética, que qualquer `Caixa de Malho´ recusaria. De Augusto dos Anjos, os poemas `mediúnicos´ repetem assuntos, pensamentos, versos e frases. Etc."

--- Como diz o crítico literário Leo Gilson Ribeiro, "Uma coisa é clara: Quando o "espírito" sobe, sua qualidade desce. É inconcebível que grandes criadores de nossa língua, depois da morte fiquem por aí gargarejando o tatibitate espírita" (Revista "Realidade", Novembro, 1971, pág. 62).

--- O jornalista João de Scantimburgo, objetava a Chico Xavier: "Eu insisto que a escrita automática é o produto do inconsciente do senhor, não de mediunidade. Na França foi publicada uma coleção de livros com o título genérico `A maneira de...` em que algumas pessoas fazem a imitação de vários autores. Se o senhor ler, não distinguirá ainda que tenha profundo conhecimento do estilo do autor imitado. E trata-se de uma imitação consciente. O senhor imita autores dirigido pelo inconsciente (?).  Em nada supera as faculdades naturais" ("Diário de São Paulo", 8-Agosto-1971, 3º caderno, pág. 7).

Ora, quando se trata de conteúdo... Insiste o jornalista citado: "Além de jornalismo, eu também tenho a carreira de Filosofia. E não foram psicografados conteúdos profundos e complexos como a obra (à maneira de) Platão, a de Aristóteles, a de Santo Agostinho, a de Santo Tomás de Aquino, a de Descartes, a de Kant, e a de outros filósofos e pensadores. Não será porque o senhor, Chico Xavier, não tem esses conhecimentos?"

--- Em todas as psicografias de Chico Xavier o fundo é sempre o mesmo por mais diferentes que tenham sido os "espíritos" aos que se atribuem: Uma `religiosidade` moralista, piegas, melíflua, repetitiva, absolutamente infantil... Quase três adjetivos por linha. Os mais usados: cariciosas, dulcíssima, inexcedível, amados...

--- Deveria bastar ler qualquer livro psicografado por Chico Xavier para compreender que tudo está muito longe de ser o que seus propagandistas proclamam. Tomemos a melhor publicação, a mais elogiada: "O Nosso Lar". Tudo está plagado de absurdos e contradições.

--- Como conclusão deste aspecto, a acertada qualificação divulgada por Dom Benedito Ulhoa, arcebispo de Uberaba, que conhecia muito bem o caso: "Chico Xavier não passa de um hábil pasticheiro".

Ante as conceituadas conclusões acima, a psicografia parece bem explicada. Se um psicógrafo só recebe espíritos de pintores, outro só recebe espíritos de escritores, outro só de compositor de música, está bem claro que na obra está a habilidade do médium, não a da pessoa já falecida. E, se a chamada psicografia não passa pelo crivo dos críticos, aí está mais uma evidência de que a única relação que tem com o artista morto é o fato de um médium conhecer bem suas obras.

 

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