QUANDO PERDEREMOS PARA OS SERES INVISÍVEIS
Nós estamos aqui, porque vencemos a
primeira competição, e um dia partiremos quando teremos perdido a guerra para
seres invisíveis e imortais.
Quando fui chamado para a primeira
competição, eu venci, encontrando a minha outra metade. Você também.
Todos nós existimos porque um
espermatozóide competiu com mais aproximadamente trezentos milhões e chegou
primeiro ao óvulo. Foi a nossa grande vitória, que nos permitiu estar aqui
para continuar lutando pela vida.
Nascemos, crescemos, vivemos competindo,
mesmo se não gostarmos de competições.
Mas, como vencemos a primeira competição,
todos nós perderemos a última, desta vez por seres invisíveis e imortais.
Elas são invisíveis e, em regra, são
imortais. Não são absolutamente imortais, como nada é, mas são
relativamente imortais, porque, em um ambiente favorável, não têm limite para
viver. Depois de certo tempo de vida, cada uma, em vez de morrer como nós,
vira duas, e essas duas no futuro transformam-se em quatro. Por isso podemos
dizer que são imortais, pois não chegam a um fim natural como nós.
E, invisíveis, estão aí para nos atacar,
e um dia seremos derrotados por elas.
Nosso corpo é programado para morrer.
Nossa fábrica de energia para de funcionar depois de determinado número de anos,
que são mais para uns e menos para outros, podendo serem ainda menos do que o
programado, se descuidarmos em nossa forma de viver. Todos os animais
multicelulares têm esse destino. Mas elas não têm esse limite, não
envelhecem e se multiplicam. E assim, embora tão maiores, todos nós
perdemos para elas.
Não morremos porque nossos ancestrais
fizeram alguma coisa errado desobedecendo a deus ou deuses como nos foi
ensinado. Se a morte fosse consequencia de alguma desobediência humana, os
insetos, as aves, os quadrúpedes, os répteis, etc. não morreriam; pois, conforme
nos ensinaram, só nós humanos somos capazes de pecar. Nós morremos,
porque, ao nos tornarmos multicelulares, ficamos com apenas uma célula capaz de
perpetuar a vida: o espermatozóide do macho ou o óvulo da fêmea. Em certo
estágio da vida essas duas células se encontra em um mesmo ser vivo; mas a
evolução as separou nos seres mais aperfeiçoados, tornando necessário dois para
formar um novo que dê continuidade à existência da espécie.
E é por isso, que nós geramos filhos e um
dia perdemos a força que nos mantém vivos e somos derrotados pelos seres
invisíveis: as bactérias.
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