A RÃ E O TOURO
(fábula de Esopo)


Pastava um touro enorme e forte, à beira d’água.
Vendo-o tão grande, a rã, cheia de inveja e mágoa,
Disse: “Por que razão hei de ser tão pequena,
Que aos outros animais só faça nojo e pena?
Vamos! quero ser grande! incharei tanto, tanto,
Que, imensa, causarei às outras rãs espanto!”

Pôs-se a comer e a inchar. E às rãs interrogava:
"Já vos pareço um touro?” E inchava, inchava, inchava!
Mas em vão! tanto inchou que, num tremendo estouro,
Rebentou e morreu, sem ficar como o touro.

Essa tola ambição da rã que quer ser forte
Muitos homens conduz ao desespero e à morte.
Gente pobre, invejando a gente que é mais rica,
Quer como ela gastar, e inda mais pobre fica:
— Gasta tudo o que tem, o que não tem consome,
E, por querer ter mais, vem a morrer de fome.


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