REFORMA DA PREVIDÊNCIA DE DESEMPREGO
20190718
‘Reforma’ da Previdência deve agravar o
desemprego, diz dirigente da IndustriALL
Valter Sanches destaca que, assim como ocorreu com a "reforma" trabalhista,
falsas promessas do governo e do mercado se mostrarão falsas e não devem se
confirmar.
Publicado por Redação RBA 17/07/2019 10:46
Pedro Ventura/Agência Brasília
Ciclo invertido: contas da Previdência estavam no azul quando desemprego era
menor
São Paulo – A “reforma” da Previdência, caso seja aprovada, não deve contribuir
para a criação de postos de trabalho, como alegam representantes do governo e do
mercado financeiro. Como as pessoas levarão mais tempo para se aposentar, será
mais difícil para trabalhadores mais jovens entrar no mercado formal. Já
a
redução no valor das aposentadorias deve significar a diminuição do poder de
compra de parcela importante da população, contribuindo para o esfriamento ainda
maior da economia. É como avalia o secretário-geral do IndustriALL, o brasileiro
Valter Sanches.
Em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal
Brasil Atual, nesta quarta-feira (17), o líder da entidade, que representa 50
milhões de trabalhadores no setor industrial em 140 países, lembra que os
defensores da “reforma” trabalhista também prometiam a criação de milhões de
empregos, que não se concretizaram. Ele lembra que, em junho, o país foi
incluído na lista da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com 40 países
que cometem violação dos direitos sociais. A Medida Provisória (MP) 881, chamada
de “MP da Liberdade Econômica” completa o quadro de “medidas selvagens”
cometidas contra os trabalhadores.
“As pessoas vão ter que trabalhar mais tempo. A rotatividade normal não vai
acontecer. Como pode ter efeito positivo? Ainda vai diminuir valor dos
benefícios. Portanto, a parcela da renda nacional oriunda das aposentadorias e
pensões vai diminuir. É o contrário do ciclo virtuoso, e
vai representar um
aprofundamento da miséria”, disse o dirigente. Ele lembra que
as contas do
sistema previdenciário estavam no azul até 2015, antes de ser atingida pela
crise econômica que fez o desemprego saltar de 4,8 milhões, em 2014, para 13,4
milhões no primeiro trimestre de 2019.
Lava Jato
Sanches também atribui parte da crise do desemprego à Operação Lava Jato, que
comprometeu as atividades das principais empresas da construção civil e da
indústria do petróleo. “Todos somos favoráveis ao combate à corrupção. O
problema é que isso destruiu empresas e empregos.” Segundo o secretário-geral da IndustriALL, esse tipo de prática “não tem paralelo internacional”. Ele cita o
caso da Volkswagen, que teve que pagar € 1 bilhão em multas, por ter sido
flagrada manipulando em seus veículos dados de emissão de poluentes. “A empresa
segue produzindo, não houve demissões em função disso.”
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