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RELIGIÃO CRIA CONFLITO JUDICIAL
"Tá explicado: juiz que tentou anular
união de casal gay é pastor evangélico
22 Jun 2011 05:55 PM PDT
Está explicado por que o juiz Jeronymo Villas Boas tentou cancelar o registro de
união estável para o casal homossexual Liorcino Mendes e Odílio Torres – decisão
que felizmente acabou impugnada. Motivo: religião. Sua igreja não tolera a
homossexualidade. Ele é pastor da Assembleia de deus Madureira e diz ter agido
'sob indução de deus'.
Anteontem ele tinha usado justificativas legais para impedir a união, decisão
essa que desafiava a do Supremo Tribunal Federal:
Segundo Villas Boas, da 1º Vara da Fazenda Pública de Goiânia, a decisão do STF
'ultrapassou os limites' e é 'ilegítima e inconstitucional'.
Ele argumentou que o direito à união homossexual 'inexiste no sistema
constitucional brasileiro'. Ele afirmou que não quis confrontar o
Supremo, mas 'só seguir a Constituição'. (Fonte)
No final foi revelado, hoje, que isso foi apenas um subterfúgio jurídico para
tentar impor as vontades de sua igreja evangélica sobre a vida de um casal que
nada tem a ver com ela.
A Folha.com revelou hoje:
'Deus me incomodou, como que me impingiu a decidir',
disse o juiz Jeronymo Villas Boas, que cancelou um registro de união estável de
um casal de homens na semana passada, em Goiânia.
[...]
Em vários momentos de sua fala, o juiz fez referências a Deus e à fé dos
presentes. Ao argumentar que um juiz não pode ter medo ao proferir suas
decisões, disse temer 'a Deus, não aos homens'.
Ele revelou sua atitude preconceituosa e anticonstitucional 'na manhã desta
quarta-feira, na Câmara dos Deputados, em um ato das frentes parlamentares
Evangélica e da Família e de lideranças evangélicas em defesa do juiz'.
Ele violou o preceito da laicidade do Estado brasileiro ao impor a vontade do
intolerante deus da Assembleia de deus Madureira, sua igreja, sobre uma decisão
do Estado.
Não entendo muito sobre o direito processual que rege as decisões de juízes,
mas, até onde sei, isso pode lhe render uma boa punição, por preconceito e por
violação ao preceito constitucional laico. Se ele não teme a lei dos seres
humanos, que credencial, afinal de contas, ele tem para executá-la?
E ele ainda se ofendeu, negando-se a responder de forma direta e ameaçando
deixar o local quando foi perguntado se a religião de fato o influenciou a
desobedecer o STF e tentar impugnar a união civil de Liorcino e Odílio. Mas
ainda assim desmascarou o fortíssimo viés religioso que 'justificou' sua
decisão, declarando:
'Eu, como você, tenho direito a expressar a minha fé e sou livre para exercer o
meu ministério. Isso não interfere nos meus julgamentos. Mas sou pastor da
Assembleia de Deus Madureira. E não nego a minha fé.'
Ele não quer negar sua fé intolerante, que nega a alguns o direito ao amor.
Mas nega a lei pela qual ele próprio deveria zelar, usando sua crença religiosa
pessoal para interferir de forma negativa na vida de outrem. É totalmente
incompetente para exercer o cargo de juiz.
O movimento LGBT e os brasileiros que lhe são solidários devem desde já
pressionar o Poder Judiciário, seja pela manifestação aberta, seja por ações
judiciais, para retirar desse indivíduo o cargo de juiz, porque a religião o
tornou incapaz de fazer qualquer julgamento imparcial.
Fonte: Folha.com"
(Ateus do Brasil).
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