Religiosos não distinguem liberdade de imposição e confundem direito com
ditadura. O que não corresponde à imposição deles, eles interpretam como
imposição contra eles. Parece não entenderem o que significa liberdade.
Por isso, não têm paz, estão sempre em guerra para impor ao mundo o jeito deles.
quarta-feira, 25
de julho de 2012
Malafaia católico acusa juízes de seguirem valores ateístas
Ao comentar a
decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul de retirar os crucifixos de
suas instalações, o padre Paulo Ricardo de Azevedo Jr. (foto), da Arquidiocese
de Cuiabá (MT), acusou os magistrados de imporem à sociedade uma “cultura
ateia”, em detrimento dos valores cristãos. Para ele, isso é uma “perversão
que abala o princípio da própria Justiça”.
Azevedo é um padre de fala mansa e gestos comedidos. Nesse aspecto, ele é bem
diferente do espalhafatoso pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória
em Cristo. Mas Azevedo pode ser chamado de “o Malafaia da Igreja Católica” pela
radicalidade de suas pregações e por suas ideias, que se situam à direita até
mesmo em relação às do seu colega evangélico.
Ambos sofrem dos males da teoria da conspiração contra os valores cristãos. Para
Malafaia, o movimento gay quer dominar o Brasil e o mundo. Para Azevedo, os
conspiradores preferenciais são os ateus e os marxistas.
Em um vídeo de 12 minutos postado no Youtube no dia 21 de junho, o padre se
muniu de arrogância para dizer que os juízes, em suas
sentenças, não devem se desviar dos valores morais católicos, os quais, segundo
ele, são as fontes de inspiração de todo o saber jurídico. Ele conclamou
seus fiéis a denunciarem o “ativismo” ateu no judiciário porque, se isso não for
detido, o país será lançado no abismo.
O padre chamou de “malfeitores” os juízes que interpretam "a lei conforme a sua
imaginação”, sem levar em conta os referenciais cristãos.
Azevedo admitiu que o Estado não tem religião, mas acrescentou que
o povo brasileiro é cristão, o que, segundo
ele, os juízes do Rio Grande do Sul não respeitaram quando decidiram pela
retirada dos crucifixos das dependências da instituição.
Para justificar seus argumentos, o padre confundiu Estado
laico com Estado ateu e ateísmo com religião. Ele disse que a
abolição de todos os símbolos religiosos do espaço público consagraria o ateísmo
como a “religiosidade oficial”, em confronto com a religiosidade do povo,
ao qual o Estado deveria estar a serviço.
A arrogância do Malafaia católico não se limita em dizer como os juízes devem
julgar, porque inclui como os seus colegas padres devem se comportar.
No começo do ano, em seu programa na TV Canção Nova, ele criticou os “padres que
caíram no mundão” — os sacerdotes que não usam batina e desfrutam da “festança e
do pecado”.
Na época, 27 padres pediram à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) o
afastamento de Azevedo de suas atividades, fato inédito na história da Igreja
Católica brasileira.