Deus é uma
resposta humana para as perguntas irrespondíveis. Deriva, não do conhecimento,
mas do desconhecimento. O homem idealizou esse ser criador e dominador de todas as
coisas, por desconhecer os fenômenos naturais que estavam a todo tempo à sua
frente.
Um dos leitores que responderam à pergunta da Revista Galileu se precisamos de
Deus respondeu o seguinte: “Sim, precisamos de Deus e quando não o
encontramos ou não podemos encarar a implicancia deste em nossas vidas criamos
um que nos satisfaça. Veja por exemplo a teoria da evolução, a teoria do big
bang etc. Queremos saber de onde viemos e qual a razão de nossa existencia e
para onde vamos. Se pensarmos bem, não é isso que a ciência tem tentado explicar
sem muito sucesso? Está aí a falta de deus, uma tentativa humana de explicar
nossa existencia.” (sic) Fórum on line da Revista Galileu.
Há, porém, uma diferença entre os mitos divinos e a ciência. O homem primitivo
imaginou que somente um ser sobre-humano poderia realizar os fenômenos da
natureza. A ciência, por sua vez, procura descobrir a razão de cada fenômeno,
sem aceitar sua explicação em algo sem indício razoável de realidade. Teorias
científicas são criadas quando fatos e circunstâncias tendem a justificá-las. A
teoria da evolução surgiu quando Charles Darwin constatou que as características
dos seres mudam de acordo com o ambiente. E ele foi tão feliz em sua teoria, que
cada nova descoberta arqueológica só confirma que ele estava certo. Se os
fósseis mostram ancestrais humanos diferenciados à medida que se avança mais
para o passado, não há como contestar que ocorre a evolução. Hoje, que se podem
ver até bactérias e vírus, a certeza de que esses microorganismo evoluem
rapidamente confirma que organismos complexos também evoluem, apenas de forma
mais demorada na medida da sua complexidade. A teoria do big bang surgiu quando
os cientistas observaram que todos os corpos que estão no espaço estão em
movimento centrífugo, indicando que um dia estiveram próximos e foram impelidos
para fora do ponto central.
O fato de não entendermos um fenômeno não deveria ser razão para criarmos um
criador para ele. A ciência é que está no caminho certo, ao procurar a
explicação. Mas o homem primitivo imaginava que tudo que se movimentasse
seria obra de um ser e criou na própria mente esse ser, em que a maior parte da humanidade crê
até hoje, a despeito de tudo que aponta para a sua inexistência. Se uma
pedra rolar da montanha, é mais racional dizermos que ainda não sabemos a causa
do que afirmarmos que foi uma pessoa que a empurrou sem ter indício de que
exista alguém no alto da montanha.
Observando todos os enganos em que incorreram os donos da palavra de Deus, não
chegamos a outra conclusão que não seja que Deus foi o resultado da tentativa do
homem primitivo de explicar o inexplicável; e disso resultaram os numerosos
equívocos que encontramos nos livros sagrados.