Os muitos ricos podem ajudar na recuperação da economia.
Mas aqui eles não querem saber disso.
"Na Argentina e Bolívia, ricos vão ajudar a pagar a
conta da crise
Congresso dos dois países – liderados por governos de
esquerda – aprovam projetos de lei que obrigam os
super-ricos a colocarem a mão no bolso para ajudar a
recuperar economia. A taxação de grandes fortunas,
projeto apresentado pelo PT e outros partidos da
oposição no Congresso, ajudaria a reduzir a desigualdade
no Brasil. Aqui, Bolsonaro e
Guedes protegem os ricos enquanto impõem sacrifícios aos
trabalhadores e assalariados
17/12/2020 11h10
Depois da Argentina, agora é a vez da Bolívia. Nas duas
nações latino-americanas, a
crescente desigualdade de renda levou os parlamentos
argentino e boliviano a aprovarem projetos para tributar
grandes fortunas e obrigar os ricos a pagarem mais
impostos. No início de dezembro, a Argentina
aprovou o novo imposto que atinge o 1% mais rico do país
e deve arrecadar o equivalente a 0,7% do Produto Interno
Bruto (PIB). Na semana passada, a Câmara dos Deputados
da Bolívia aprovou proposta para efetivar a cobrança de
impostos sobre grandes fortunas do país – um imposto
permanente. Aqui, tanto o
presidente Jair Bolsonaro quanto o ministro Paulo Guedes
só falam em cortar gastos sociais e ampliar o arrocho
fiscal, indo na contramão do que está sendo discutido no
mundo.
Daí porque o PT e os partidos de
oposição – PCdoB, PDT, Psol e Rede – apresentaram ainda
em 2019 uma proposta de reforma tributária justa e
solidária que prevê o aumento da carga sobre os mais
ricos, para garantir
aumento na arrecadação, sem lesar os pobres e a classe
média. A ideia é que a reforma ampla – que inclui
imposto sobre grandes fortunas – reduza as
desigualdades e permita administrar os programas
sociais, salvando vidas, agora e no pós-pandemia,
gerando ainda empregos, dando tração à combalida
economia nacional, que atravessa o pior momento da
história por conta da agenda neoliberal adotada depois
do Golpe de 2016, que tirou Dilma Rousseff da
Presidência da República.
O tributo sobre os mais ricos ajuda a reduzir o déficit
público e começa a ganhar força em diversos países da
Europa e da América Latina, como solução fiscal para
reerguer as economias. Além de Bolívia e Argentina,
outros países da região, como Chile e Peru, também
querem taxar os mais ricos. Na Espanha, o governo do
primeiro-ministro Pedro Sánchez anunciou no final de
outubro que haverá aumento de impostos para grandes
empresas e para os mais ricos no país. O presidente
eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, também anunciou
que os americanos ricos e as grandes corporações vão ter
que “pagar sua cota justa” em impostos a partir de 2021.
Na Bolívia, o imposto de natureza “permanente” vai
alcançar as pessoas com patrimônio superior a US$ 4,3
milhões. A estimativa do presidente Luis Arce é
que a tributação arrecade cerca de US$ 15,1 milhões por
ano. A iniciativa do país andino acontece pouco menos de
um mês após a Argentina aprovar legislação semelhante
que alcança ativos declarados acima de US$ 2,35 milhões.
Medidas como a lei sobre grandes fortunas são
consideradas avanços até mesmo pelo Fundo Monetário
Internacional no combate à histórica desigualdade na
América Latina. Ainda em 2019, os partidos de oposição
ao governo Bolsonaro lançaram proposta de reforma
tributária para tornar mais justa e solidária a cobrança
de impostos no Brasil.
As oposições defendem a cobrança de impostos dos mais
ricos, a retomando inclusive a
tributação sobre lucros e dividendos,
imposto sobre grandes fortunas e
heranças, cobrança
de IPVA para aeronaves e embarcações, dentre
outras medidas. O Brasil e a
Estônia são os únicos
países do mundo em que não os ricos não pagam impostos
por lucros e dividendos auferidos. A iniciativa
partiu do governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995.
Presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista
Aloizio Mercadante defende ainda a progressividade no
Imposto de Renda — ou seja, quanto maior o salário,
maior o imposto — e a taxação de grandes fortunas e
heranças como formas de reforçar as receitas do país.
“Vamos sair dessa crise com dívida e quem vai pagar essa
conta?”, questiona. “Esse é o grande debate. Quem tem
que pagar isso são os ricos, é o grande capital
financeiro. Nós precisamos falar em progressividade do
IR, de taxar grandes fortunas e heranças”.
<https://pt.org.br/na-argentina-e-bolivia-ricos-vao-ajudar-a-pagar-a-conta-da-crise/>
Se Lua e Dilma não corrigiram o que fez FHC, poderíamos
esperar isso de governos de Direita? Parece muito
difícil o nosso país seguir o exemplo de europeus e dos
nossos vizinhos. Mas torçamos para que isso
um dia seja executado.
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ECONOMIA E POLÍTICA