O RISCO DO DOMÍNIO RELIGIOSO
A luta de Silas Malafaia é uma pequena mostrado
do risco que corremos se evangélicos tomarem o poder: eles
imporem seus próprios comportamentos ao resto da população.
Silas Malafaia: "Governante vai ter de dizer em
que acredita"
O pastor evangélico afirma que os temas religiosos – como aborto
ou homossexualidade – entraram e não sairão mais da política
brasileira
Eliseu Barreira Junior
No ano passado, quando a campanha política pela Presidência da
República enveredou para uma discussão sobre fé e aborto, o
pastor evangélico Silas Malafaia virou uma espécie de pivô da
disputa eleitoral. Líder da Assembleia de Deus Vitória em
Cristo, no Rio de Janeiro, Malafaia apoiou a candidatura da
também evangélica Marina Silva até a véspera do primeiro turno.
Quando Marina estava em seu melhor momento, Malafaia abandonou-a
e passou a pedir votos para o tucano José Serra, segundo ele
mais firme que Marina na oposição ao aborto. Serra perdeu
a eleição, mas Malafaia não perdeu os holofotes. Poucos meses
após a posse da presidente Dilma Rousseff, ele passou a
liderar uma cruzada contra o projeto de lei que pretende
criminalizar a homofobia. Loquaz e provocador, usa seus
programas de rádio e TV para combater a proposta quase que
diariamente. Nesta entrevista, ele critica a Igreja Universal,
diz que os políticos não poderão mais esconder suas crenças e
tenta explicar sua posição sobre a homossexualidade.
ENTREVISTA - SILAS MALAFAIA
QUEM É: Carioca de 52 anos, é o pastor líder da Assembleia de
Deus Vitória em Cristo. Formado em psicologia pela Universidade
Gama Filho, é casado e tem três filhos
O QUE FAZ: Há 29 anos apresenta programas na TV, exibidos em
rede nacional e no exterior
O QUE FEZ: Publicou mais de 100 livros e diz ser o pastor que
mais vende DVDs de mensagem no Brasil, cerca de 1 milhão de
cópias por ano
ÉPOCA – O senhor é pastor da Assembleia de Deus, mas,
diferentemente de outros líderes evangélicos, é muito ouvido por
fiéis de outras denominações. Qual é a diferença?
Silas Malafaia – Estou na TV há 29
anos ininterruptos e nunca fiz programas para a Assembleia de
Deus. Então, o pessoal me codifica como um pregador. Faço um
programa interdenominacional. Sempre trabalhei como uma voz
apologética em defesa da fé. Por causa disso, acabei
conquistando espaço entre outros segmentos. Hoje, existem quatro
pastores em rede nacional: Edir Macedo, da Universal,
R.R. Soares, da Internacional da Graça, Valdemiro
Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, e eu.
Sou o único que sempre fiz programa para todo mundo. Não porque
sou bom. É porque não tem espaço, amigo.
ÉPOCA – As igrejas evangélicas ainda têm uma imagem muito
estigmatizada entre os não evangélicos. Por que, em sua opinião?
Malafaia – Isso mudou muito, irmão.
Hoje, essa história de imagem estigmatizada é cafezinho.
Antigamente, nego só botava coisa ruim sobre os evangélicos na
televisão, nos jornais. Era só cacete em cima de pastor. Agora
tem jogador de futebol evangélico, artista...
ÉPOCA – O senhor acha que alguns líderes evangélicos
ajudaram a criar essa imagem estigmatizada?
Malafaia – É aquela história de
perdas e ganhos que todo segmento social sofre. Algumas atitudes
fizeram a gente perder, outras fizeram ganhar. Tome o exemplo da
Universal e do Edir Macedo. Ele ajudou em algumas coisas e
prejudicou em outras. Ele é um cara que fez a igreja evangélica
despertar para um evangelismo ousado, igreja aberta o tempo
todo. Antes, as igrejas evangélicas abriam duas vezes por semana
à noite. O Macedo é que arrebentou com isso, entende? O lado
ruim da coisa é o sincretismo.
ÉPOCA – Qual é sua relação com o bispo Edir Macedo?
Malafaia – A Bíblia tem um texto
que diz assim: “Poderão andar dois juntos se não estiverem de
acordo?”. Eu já ajudei o Macedo quando ele foi preso, mas eles
são separatistas, só veem o lado deles. Então, não me presto a
andar com uma pessoa que só quer andar com mão única para ela.
Sou a favor de mão dupla: para lá e para cá, entende? O Macedo
está isolado, todo mundo sabe. Eles só são evangélicos para os
outros quando estão com dor de barriga, quando o pau está
quebrando em cima deles ou então por interesse político. A
comunidade evangélica está madura e não se presta mais a isso.
ÉPOCA – Nos bastidores, circulou a notícia de que o
senhor estaria apoiando o PSD, o partido que o prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab, quer construir. Procede?
Malafaia – Amigo, não apoio partido
nenhum. Apoio pessoas. Meu irmão (o deputado estadual Samuel
Malafaia, do PR-RJ) está querendo ir para lá (o PSD), mas isso é
problema dele.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre Kassab?
Malafaia – Nada a falar contra ele.
ÉPOCA – Mas, no passado, o senhor já se desentendeu com
ele...
Malafaia – Eu o critiquei quando ele fechou uma igreja
evangélica do apóstolo Valdemiro Santiago. Ser amigo ou
respeitar alguém não significa ser capacho ou concordar com tudo
o que essa pessoa faça.
ÉPOCA – Na eleição presidencial do ano passado, o senhor
apoiou Marina Silva no início. Ainda no primeiro turno, passou a
pedir voto para o José Serra. Por que mudou de lado?
Malafaia – Pior do que um ímpio é
um cristão que dissimula. A Marina, membro da Assembleia de
Deus, sabe que, como uma pessoa de fé, não pode negociar
sobre questões de aborto nem de homossexualismo. Ela era
contra o aborto, mas por que dizia que faria um plebiscito? Ela
quis dar de bacana, jogar para a galera, e eu falei não.
Qualquer um podia fazer aquilo, menos ela, por suas convicções
de fé.
ÉPOCA – Por que o José Serra?
Malafaia – Acredito que tinha de me
posicionar. Naquele momento, o Serra era o mais adequado para
isso. Ele mantinha uma posição firme sobre aborto, que foi o
grande debate da campanha desde lá atrás. A Dilma dissimulou a
história. Ela se posicionou a favor do aborto para a revista
Marie Claire, depois mudou o discurso. O único que se coadunava
com meus valores e crenças era o Serra.
ÉPOCA – Em sua opinião, o debate de questões religiosas
deverá se repetir nas próximas disputas eleitorais?
Malafaia – É lógico. Amigo, hoje em
dia governante vai ter de dizer em que princípios acredita. Vai
ter de botar a cara, porque a comunidade evangélica está bem
esperta, madura. Não vai dar para ficar em cima do muro. Não
queremos que nenhum político tenha a ideia de que lutamos por
uma República evangélica e que, por isso, ele tem de abraçar
nossos princípios e mandar todo o mundo às favas. Não estou
dizendo também que o cara, para ter apoio dos evangélicos, tem
de odiar os homossexuais. Não é radicalismo imbecil e idiota. Se
um governante apoiar leis que privilegiam homossexuais em
detrimento da sociedade, vamos cair em cima. Hoje, sou a maior
barreira que existe para aprovarem a lei que criminaliza a
homofobia. E, se abrir a boca para dizer que apoia o aborto, vai
ficar feio também.
ÉPOCA – O que é, em sua opinião, a homossexualidade?
Malafaia – O homossexualismo é
comportamental. Uma pessoa é homem ou mulher por determinação
genética, e homossexual por preferência apreendida ou imposta.
É um comportamento. Ninguém nasce homossexual. Não existe ordem
cromossômica homossexual, não existem genes homossexuais. O
cromossomo de um homem hétero e de um homem homossexual é a
mesma coisa. O resto é falácia, é blá-blá-blá. Só existe macho e
fêmea, meu amigo.
ÉPOCA – Por que o comportamento homossexual se
desenvolve?
Malafaia – A Bíblia diz que, aos
homens que não se importaram em ter conhecimento de Deus, Ele os
entregou um sentimento perverso para fazerem coisas que não
convêm. Do ponto de vista comportamental, é promiscuidade mesmo,
meu amigo. O ser humano quer quebrar todos os limites. Quanto
mais ele quebra limites, mais insaciável se torna. Ninguém
nasce homossexual. É a promiscuidade do ser humano.
ÉPOCA – É possível alguém deixar de ser homossexual?
Malafaia – Nossa igreja está cheia
de gente que era homossexual. O cara não nasceu (homossexual).
Se não nasceu, amigo... Ninguém nasce homossexual. É uma opção,
por uma série de elementos: ou porque foi violentado, ou porque
escolheu por modelo de imitação. O ser humano vive por modelo de
imitação.
ÉPOCA – E como se dá essa reversão?
Malafaia – Meu filho, essa reversão
é o cara voltar a ser macho e a mulher voltar a ser fêmea. Dar
forças para o cara vencer isso. Acredito no poder do Evangelho
para transformar qualquer pessoa, inclusive homossexuais.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre os casos de violência
contra homossexuais?
Malafaia – Vou te dar alguns
numerozinhos para a gente poder desfazer essa conversinha fiada
para boi dormir. Os números é que vão dizer: no ano passado,
50 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, e 260 eram
homossexuais. Que índice é esse para dizer que o Brasil é um
país homofóbico? Outro número: mais de 300 mulheres foram
assassinadas por violência doméstica em 2010, mas ninguém fala
nada. Mais de 100 crianças são assassinadas ou violentamente
espancadas por dia, e ninguém fala nada. Sabe por quê? É porque
por trás das editorias dos jornais, da televisão existe uma
bicharada desgramada que dá toda essa ênfase para eles. Não
quero que ninguém morra, amigo, mas o índice (de mortes de
homossexuais) é insignificante para a violência que acontece no
Brasil. Então, esse é um apelo de propaganda para eles (gays)
poderem ter benefícios em detrimento do conjunto da coletividade
social. Essa daí é velha, e eu não sou otário. Sei pesquisar os
números, e a imprensa não dá os números. Tem mais heterossexual
que homossexual sendo assassinado. Você sabe o que é homofobia
para os homossexuais? Olhar com cara feia para um gay é
homofobia. Não concordar com a prática deles é homofobia. Uma
coisa é criticar a conduta, outra é discriminar pessoas. Tudo
para eles é homofobia. Essa é a malandragem deles, e eu não caio
nessa.
ÉPOCA – Os ativistas homossexuais são heterofóbicos?
Malafaia – Acho que eles são uns
malandros que ganham verba dos governos federal, estadual e
municipal para fazer esse papel. São uns malandros oportunistas
faturando em cima da grana que as ONGs deles recebem. Essa é a
verdade nua e crua. Não é pouca grana, não. E ninguém fala
disso. Os ativistas homossexuais são pagos para esse serviço
podre que fazem de chamar todo mundo de homofóbico.
ÉPOCA – O que fazer com o comportamento homossexual?
Malafaia – O comportamento
homossexual é um direito que a pessoa tem. O direito de ser é
guardado pela Constituição, pelo livre-arbítrio. Não quero que
ninguém seja eliminado. Critica-se presidente da República,
critica-se pastor, padre, deputado, mas não pode criticar uma
prática? Em hipótese alguma. Querer eliminar homossexual é
homofobia. Não quero isso. Quero discutir com um homossexual e
poder dizer que sou contra a prática dele, assim como os gays
podem me dizer que são contra a prática dos evangélicos. Isso é
democracia.
ÉPOCA – O que o senhor acha das críticas feitas ao
deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) (político contrário às leis que
criminalizam a homofobia)?
Malafaia – Você vai ver o Jair
Bolsonaro nas próximas eleições. Ele vai ter três ou quatro
vezes mais votos que recebeu na eleição passada. A sociedade
brasileira é conservadora, 90% da população é cristã. Desses
90%, os evangélicos e católicos praticantes são 70%. Nós somos
maioria absoluta neste país, amigo. Pergunto: qual é o deputado
gay que teve uma votação expressiva? Esse Jean Wyllys (deputado
federal do PSOL-RJ) entrou na sobra de legenda, com 13 mil
votos, pendurado num cara (o deputado Chico Alencar, do PSOL,
segundo mais votado do Estado). É o mais famoso dos gays e não
tem voto, não tem porcaria nenhuma.
ÉPOCA – Como o senhor reagiria se
um de seus filhos ou netos dissesse que é gay?
Malafaia – Vou melhorar tua pergunta, aprofundá-la. Se
algum filho meu fosse assassino, se algum neto meu fosse
traficante, se algum filho meu fosse um serial killer e tivesse
esquartejado 50, continuaria o amando da mesma forma, mas
reprovando sua conduta. Meu amor por uma pessoa não significa
que apoio o que ela faz. Daria o Evangelho para ele, diria que
Jesus transforma, que ele não nasceu assim, que é uma opção dele.
Comentários:
ex_ex_gay | RJ / Angra dos Reis | 09/09/2011 10:40
SIDORIO, você NÃO explicou as CONTRADIÇÕES MORAIS da BÍBLIA em
ÊXODO capítulo 21 e NÚMEROS capítulo 31. VOCÊ também NÃO
explicou por que as práticas gays são PECAMINOSAS e IMORAIS.
Outra: Como GAYS e LÉSBICAS podem se sentir culpados quando quem
os CONDENA NÃO está nem aí para os crimes de ESCRAVIDÃO/matança
de CRIANÇAS, bebês e GRÁVIDAS e PEDOFILIA? E tudo isso ORDENADO
e LEGITIMADO por "DEUS"? Sem responder OBJETIVAMENTE a essas
questões, fica difícil, concorda comigo?
[email protected] | RJ / Rio de Janeiro | 08/09/2011 18:48
Silas
Deixa de ser IGNORANTE! Quer dizer que um homem deitar-se
com outro homem como se fosse mulher não é IMORAL? Se esta
atitude não é IMORAL! Nada mais O É! Agora querer comparar
acontecimentos que se passaram há milhares de anos atrás, para
dar uma desculpa esfarrapada sobre suas próprias imundícies!
Faça-me o favor! Pense no que vc está afirmando! "Eu vou possuir
outro homem e e vou deixar ele me possuir porque Deus mandou
matar e escravizar (Que não é o caso) assim eu vou ser uma biba
e vou ficar feliz por que isso não é imoral! É IMORAL SUJO E
NOJENTO! Não de desculpa para seu pecado arrependa-se enquanto é
tempo!Ninguém pode dar desculpa do seu erro se apoiando no erro
dos outros! Quer dizer que eu vou matar um GAY porque existem
pessoas que matam GAYS? E depois colocar a culpa dos meus atos
nos outros? E agora o que está em questão é o caráter dos
homossexuais! Não o de Deus!Tome vergonha na cara e pare de
praticar imoralidades com se fosse nada! Arrependa-se!"
JEAN PIERRE DE CAMPO GRANDE | RJ / Rio de
Janeiro | 08/09/2011 17:47
ENGANO SEU SILAS MALAFAIA
Discordo dos números levantado pelo pastor Silas Malafaia,
devido a causa da morte dos homossexuais e a causa da morte dos
heterossexuais. Estes cidadãos estão sendo cassados por gente
homofóbica. Não foram assassinados por estarem em área de risco
e envolvidos diretamente em crimes como os heterossexuais da
pesquisa. São Gays pratica que também reprovo, mas são cidadãos
e merecem ao menos uma ajuda da sociedade, vejam como quiser, eu
vejo como pedido de socorro, alguém faça alguma coisa por essa
minoria, e não se escandalizem mais, pois uma hora Deus vai
tocar o coração de cada um, e todos os pecados cairão no mar do
esquecimento e serão perdoados. Aprovar essa lei também não é
justo com a sociedade, pois eles e nós, temos os mesmos direitos
e deveres. Vou colaborar com uma ideia humanista: Vamos dar
exemplos de como os homossexuais podem se defender no atual
código penal, e na lei maior que é a Constituição Federal.
(Época, 22/08/2011) (http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI259012-15223,00-SILAS+MALAFAIA+GOVERNANTE+VAI+TER+DE+DIZER+EM+QUE+ACREDITA.html)
Silas Malafaia, assim como a maioria dos
religiosos, quer convencer as pessoas que homossexualidade é
comportamental, não biológica. Mas as análises científicas
contrariam essa idéia, levando à conclusão de que
SEXUALIDADE NÃO É OPÇÃO.
O risco que corremos de dar poder a esse tipo de
pessoa é eles poderem mudar as leis e a constituição e começarem
a matar as pessoas que não praticarem o que eles praticam, como
faziam os criadores da Bíblia, assim como fez a igreja cristã na
Idade Média, bem como fazem os governantes de muitos países de
leis muçulmanas na atualidade. Já há parlamentar
religioso
querendo mudar as leis para poder impor idéia religiosa.
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