OS RISCOS QUE CORRE A TERRA
23/12/2009
"Os Números do Apocalipse
De
tempos em tempos os jornais nos trazem noticias alarmantes sobre a possibilidade
da queda de asteróides de grandes dimensões sobre a superfície da Terra. Como
separar o sensacionalismo e a realidade em um assunto como este? Infelizmente
para nós, a ameaça é real e as consequências de um evento deste tipo podem ser
tão apocalípticas quanto as piores previsões que podemos imaginar. Por outro
lado precisa ser dito que é muito pequena a probabilidade de que ocorra a
destruição da Terra a partir da queda de um asteróide.
Todos os dias a Terra é bombardeada por dezenas, e até centenas, de pequenos corpos vindos do espaço interplanetário. Entretanto, devido ao seu pequeno tamanho (alguns centímetros no máximo) estes pequenos corpos são desintegrados totalmente durante sua passagem pela atmosfera. Quem nunca viu uma "estrela cadente"? Na realidade estes rastros luminosos que cruzam o céu noturno nada tem a ver com as estrelas. Eles são o que, em termos técnicos, chamamos de MICROMETEORITOS, ou seja, pequenos corpos cujo tamanho varia entre uma pedrinha e um grão de areia. Estes corpos, ao entrarem na atmosfera da Terra a grandes velocidades, se tornam incandescentes devido ao atrito com as camadas superiores criando os rastro luminosos que chamamos de "estrelas cadentes".
No entanto, existem corpos maiores, os quais não são destruidos totalmente durante sua passagem pela atmosfera e conseguem colidir com a superfície terrestre, formando crateras e podendo deixar algum resíduo. Estes são chamados de METEORITOS e sua frequência de queda é bem menor do que no caso dos micrometeoritos, sendo da ordem de uma a duas quedas por ano, no máximo. As consequências destes impactos são pequenas e, mais importante, os estragos são apenas locais. Inútil dizer que tanto menor é o estrago quanto mais deserto é o local do impacto! Um meteorito de alguns metros caindo no centro da cidade de São Paulo vai causar um número muito maior de mortes diretas e indiretas do que se cair em pleno sertão nordestino, ou no mar.
Finalmente existem os grandes corpos, com alguns quilometros de diâmetro, que caindo na Terra, podem causar estragos globais, e até mesmo a extinção completa da raça humana. É importante salientar que por maior que seja o corpo que cai, a destruição global não se dá pelo choque propriamente dito, ou seja, não teríamos toda a humanidade morta esmagada por uma pedra! Certamente teríamos milhões de mortos imediatos devido à colisão com a superfície terrestre. A bola de fogo provocada pela passagem na atmosfera do corpo iria gerar incêndios de dimensões continentais, enquanto que a onda de choque causada pela explosão faria surgir intensos terremotos, maremotos e erupções de vulcões. Mas, depois de tudo isto acabar, quando a paz (?) voltar a reinar, ai sim é que irá acontecer o pior. No momento do choque toneladas de poeira seriam levantadas na atmosfera escurecendo o dia, criando uma noite contínua na Terra. A poeira formaria uma camada densa que impediria que os raios do Sol atingissem a superfície da Terra. As consequências disto seriam terríveis. Primeiro as plantas morrem, depois os animais que se nutrem das plantas, depois os animais que se nutrem dos animais que comem as plantas...e aí o homem e toda a raça humana. É assim que a cerca de 65 milhões de anos atrás morreram todos os dinossauros e apenas sobreviveram aqueles organismos que não dependiam dos raios solares.
Depois de mostrar este quadro tão aterrorizante vamos dar uma olhada na tabela abaixo onde é dada a frequência com que estes eventos ocorrem, e que podemos chamar de "números do Apocalipse":
Tamanho do Asteróide |
Frequência de impacto |
Consequências |
Exemplos reais |
menor de 10 metros |
20 impactos por ano |
desintegração na atmosfera terrestre |
"estrelas cadentes" |
entre 10 e 100 metros |
1 impacto entre 10 a 1000 anos |
destruição de uma cidade, formação de maremotos |
1803, na Sibéria a queda de um corpo rochoso de alguns metros causou a destruição de mil kilometros quadrados de floresta |
entre 100 metros e 1 kilometro |
1 impacto entre 5000 a 300 mil anos |
morte de 5 a 100 milhões de pessoas |
cerca de 50 mil anos atrás, no Arizona, um corpo ferroso de cerca de 50 metros criou uma cratera de cerca de 2 kilometros de diâmetro (Meteor Crater) |
maior do que 5 kilometros |
1 impacto entre 10 a 30 milhões de anos |
inverno nuclear e desaparecimento da humanidade |
cerca de 65 milhões de anos atrás na peninsula de Chiexulub (México) um corpo de cerca de 20 kilometros causou a extinção dos dinossauros |
Como voces podem ver a probabilidade de que uma colisão de consequências catastróficas globais possa ocorrer é de uma em cerca de 10 a 30 milhões de anos. É muito tempo! O que a tabela acima nos mostra, por outro lado, é que o perigo existe, não é invenção dos jornais para vender nem dos astronômos para conseguir mais verbas para suas pesquisas. E a única forma de salvar a Terra e a raça humana é se prevenir. Isto implica em se ter a capacidade de prever com muitos anos de antecedência a queda de um tal corpo. Tendo entre 20 e 30 anos de tempo, o homem, com certeza, encontrará uma solução para evitar a catástrofe (assim espero!). Mas se, como nos filmes, os astronômos descobrirem com apenas 2 ou 3 dias de antecedência que vai ocorrer uma tal colisão, então nada poderá ser feito!
Em março de 1998 quando foi anunciada (e depois desmentida, felizmente para nós) que haveria a queda de um grande asteróide em 2023, os astrônomos receberam a notícia com naturalidade. Não que a notícia não fosse assustadora. Simplesmente ela era esperada, sendo consequência natural do ambiente no qual se encontra a Terra. O que também deu tranquilidade, e um certo sentimento de orgulho, foi a entecedência com a qual o evento foi previsto. Em 30 anos certamente surgiriam várias soluções para o problema e a humanidade seria salva.
O orgulho vem exatamente da capacidade de se prever uma possível catástrofe com 30 anos de antecedência. É bem verdade que, no caso acima citado, cálculos mais precisos (resultantes de mais observações) mostraram que a possibilidade de uma colisão com a Terra estava descartada, mas o alarme foi dado. De fato, a divulgação da notícia tinha o intuito de sensibilizar astronômos e diretores dos grandes observatórios para se obter mais dados deste objeto com o objetivo de aprimorarmos os cálculos. Muitos criticaram a pressa em se divulgar algo tão assustador sem termos certeza do que iria acontecer. Em defesa dos que divulgaram a notícia está o fato de que não podemos esperar que um objeto deste tamanho esteja em cima do nosso teto para gritar que vai cair na nossa cabeça! Precisamos de muito tempo para elaborar, criar e testar tecnologias suficientemente precisas para evitar o que, se ocorresse hoje em dia, seria inevitável: o fim da humanidade." <http://www.daf.on.br/~lazzaro/impacto.htm>