O HOMEM QUE FAZ CHOVER
Você não deve ficar por aí rezando para São Pedro enviar chuva.
É mais garantido contratar Takeshi Imai, o verdadeiro manda-chuva.
"O Senhor das chuvas. O brsileiro Takeshi Imai inventou um método
e fazer chover. Deu certo Sua tecnologia foi adotada pela Sabesp e recebeu
prêmio na França.
'Era um jacarandá de 250 anos. Aquilo mexeu comigo. Desde então,
decidi que minhas invenções serviriam à natureza, e não contra ela.' A
derrubada da árvore de lei com a potente motosserra que sua empresa fabricava,
na década de 1970, fez com que o engenheiro mecânico Takeshi Imai mudasse
completamente de vida. A partir de então, abandonou a produção de motosserras e
pulverizadores de inseticidas e dedicou-se ao estudo dos fenômenos
meteorológicos. Após 20 anos de pesquisa, desenvolveu teorias que o
levaram a ser premiado na França pela mais promissora de suas invenções: um
método ecológico de produzir chuvas localizadas, ou seja, no local exato em que
são necessárias. 'É uma tenologia nova, única no mundo', explicou Imai.
O processo é simples, limpo e não utiliza aditivos químicos p
como o iodeto de prata, proibido nos Estados Unidos desde os anos 1980 por ter
causado graves doenças pulmonares na Bacia do Potomac. A bordo de um avião
bimotor (foto na página ao lado, com um reservatório de 300 litros de água
potável acoplado, a equipe de Takeshi entra na nuvem e despeja água pura.
As gotículas de água já existentes na nuvem unem-se às novas aplicadas pelo
avião, formando gotas maiores, que, devido ao peso, precipitam a chuva em 15 a
20 minutos. Imai garante que, para cada litro de água semeado, são
produzidos cerca de 500 mil litros de água de chuva ou 50 caminhões-pipa.
A ModClima, empresa que Imai fundou para produzir as chuvas
artificiais, possui uma base no aeroporto de Bragança, onde também fica um
potente radar para detectar as nuvens que podem ser 'semeadas', o único desse
modelo na América Latina. A tecnologia é 100% brasileira e começou a ser
desenvolvida em 2001. No ano seguinte, foi apresentada no 12º Congresso
Brasileiro de Meteorologia, em Foz do Iguaçu (PR). Em 2005, ganhou a Medalha de
Ouro da Ciência da Água no 7º Simpósio Internacional da Água, em Cannes, na
França.
A parceria com a Sabesp (Companhia de Abastecimento e Saneamento
Básico do Estado de São Paulo) vem desde 2003, quando a ModClima ajudou a evitar
o racionamento de água devido à escassez de chuvas nas regiões de mananciais.
Segundo a Sabesp, Imai foi responsável por 31% das chuvas na Bacia do Sistema
Cantareira, área de 3 mil quilômetros quadrados que vai de Camanducaia a
Bragança Paulista e abastece 9 milhões de pessoas. Das 200 nuvens
semeadas, 160 precipitaram, contribuindo significativamente para encher os
reservatórios de São Paulo.
Aos 67 anos, Takeshi Imai continua a estudar para aprimorar sua
invenção e para encontrar novas formas de ajudar a natureza. Um de seus projetos
é o reflorestamento aéreo com as 'árvores-flechas' - para ser lançadas de avião
-, por meio do qual é possível plantar 50 mil mudas por hora. 'Onde não há
vegetação, não há nuvens, e sem nuvens é impossível fazer chover, afirma Imai.
Outro projeto é o Cross Flow, que procura desafogar o caótico trânsito de São
Pauloe reduzir as emissões de CO2,
causadora do efeito estufa. Trata-se de módulos de concreto que podem ser
montados, num fim de semana, nos principais cruzamentos da cidade, eliminando os
semáforos e diminuindo o engarrafamento.
Além de não ter custo elevado, o método de fazer chover com água
pura poderia evitar e apagar incêndios e ajudar a resolver uma série de
problemas, como a seca no Nordeste e a estiagem em produções agrícolas,
reservatórios e hidrelétricas. 'Minha preocupação não é ganhar dinheiro,
mas achar soluções urgentes para deter a degradação do planeta e o acelerado
processo de aquecimento global', diz Imai. 'As mudanças climáticas são muito
mais sérias do que dizem.' Nesse caso, Imai não arrisca fazer previsões.
Ele está escrevendo um livro e suas descobertas - e novas invenções - estarão
todas ali."
Revista Welcome on Board, dez/2008 / jan/2009, págs. 58,
59).
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