Sexo tântrico pode durar quatro horas
e levar ao "hiperorgasmo"; aprenda dez princípios básicos
25/05/2012 - 07h00 | do UOL Mulher
Principal objetivo do sexo tântrico
não é chegar ao orgasmo, mas alcançar a evolução e trocar energias
Simone Cunha
do UOL, em São Paulo
A cumplicidade entre o casal pode transformar a relação sexual em um momento
delicioso. Isso costuma acontecer com o tempo, quando os dois já se conhecem e
sabem exatamente quais toques, carícias, beijos e estímulos levam o parceiro à
loucura. A proposta do sexo tântrico é justamente essa: atingir o máximo do
prazer. Mas sem pressa. "O sexo tântrico é demorado porque exige paciência e
aproveitamento integral do ato de amor, fazendo dele uma meditação, um momento
de felicidade", diz Otávio Leal, professor de tantra da Humaniversidade
Holística e autor do livro "Maithuna: Sexo Tântrico" (Editora Alfabeto).
Segundo Leal, os rituais mais modernos podem durar cerca de quatro horas.
"Alguns mais tradicionais podem chegar a até duas semanas, devido à preparação",
diz o professor. E a principal conquista desse encontro não é atingir o orgasmo.
"O objetivo é a evolução. Trocamos e fazemos a energia expandir, unimos essa
energia com a do parceiro e entendemos o mundo da dualidade", afirma mestre
Victor Lino, diretor do Prakriti Yoga.
É por meio de todo esse processo de união de energias e consciências que o casal
alcança diversos orgasmos. "A cada orgasmo, uma quantidade cada vez maior de
energia é levada para a cabeça. Após uma série deles, chegamos a uma forma de
prazer que ultrapassa a sensação física tradicional do orgasmo", afirma o mestre
Victor Lino. Essa sensação pode ser chamada de "hiperorgasmo". "Ele provoca
mudanças profundas com alterações químicas no corpo, como aumento da serotonina
e alterações que interferem no gosto da saliva", diz. Todas essas sensações
podem acontecer por meio de uma série de orgasmos ou um único e intenso orgasmo.
Para Lino, o sexo tântrico é mais saudável, mais prazeroso, conecta mais as
pessoas e gera muito mais amor. "Do ponto de vista de direcionamento de energia,
ele é superior ao sexo tradicional", afirma. "Para o tantra, eliminar sêmen sem
o intuito de procriação é um desperdício de energia”. Por isso, no sexo
tântrico, o homem deve segurar a ejaculação.
Aprenda dez princípios básicos e pratique o sexo tântrico
No tantra, o sexo é considerado um ritual de inspiração divina e recebe o nome "maithuna".
A mulher é quem conduz o ritual, pois detém a energia da deusa Shakti. Já o
homem deve ser passivo, sob a energia do deus Shiva. Para atingir o clímax, o
casal precisa agir sem pressa, prolongando as preliminares e deixando que os
cinco sentidos sejam despertados.
Escolha do parceiro
Para praticar o sexo tântrico não é
preciso ser casado ou seguir uma determinada religião. "O ideal é que o casal
tenha sentimentos bons um pelo outro. O tantra não estabelece o tipo de
relacionamento", afirma o mestre Victor Lino, diretor do Prakriti Yoga. O tantra
não julga, tampouco faz distinção entre monogamia e poligamia. Também não avalia
se o casal deve ser heterossexual ou homossexual. "Todas as formas de
relacionamento com amor são possíveis", diz Lino.
Preparação
O casal deve ser vegetariano,
consciente das purificações do yoga, praticante de meditação. "Um mestre pode
ensinar a teoria e iniciar o casal. A iniciação é um ritual semelhante ao
batismo e introduz o praticante ao caminho tântrico", diz Otávio Leal, professor
de tantra da Humaniversidade Holística. De acordo com o professor, a prática do
tantra sempre envolve yoga, alimentação adequada e um modo de vida absolutamente
saudável. A primeira vez pode acontecer com ou sem supervisão.
Ambiente
Para iniciar, é importante apostar em
roupas bem confortáveis e que não apertem. Se o clima permitir, fique nu. "Isso
estimula muito a sensorialização", afirma Otávio Leal, professor de tantra da
Humaniversidade Holística. Deve ser escolhido um local tranquilo e confortável.
Antigamente, o ritual era praticado na natureza. Também é importante perfumar o
ar. "Escolha incenso de sândalo ou tulasi (um tipo de manjericão, a tulasi é
sagrada para os hindus) e velas de cera de mel", diz Leal. Coloque músicas
suaves.
Respiração
O casal deve respirar no mesmo ritmo,
e a respiração deve ser abdominal ou completa. O homem (Shiva) acompanha a
respiração da mulher (Shakti).
Entoar mantras
O homem deve se sentar numa almofada
atrás da parceira e ambos devem aquietar a mente, fechando os olhos. Depois
dessa concentração, ambos podem sussurrar, por alguns minutos, mantras da
tradição tântrica Om Srí Gam ou Om Srí Klim.
O toque
O primeiro movimento é feito pelo
homem, que respira suavemente no pescoço da parceira, enviando, assim, um pouco
de seu prana (energia vital). Depois, ele deve deslizar as mãos com delicadeza
pelas costas dela, em um movimento de baixo para cima. Pelo menos uma das mãos
deve ficar em contato com a mulher durante toda a prática. Suavemente, passa-se
a ponta dos dedos, seguindo esse mesmo movimento. Repita este movimento várias
vezes e, após uma série deles, passe a usar um óleo essencial de sândalo,
ylang-ylang ou patchouli. Faça movimentos nos braços, pescoço, rosto e lateral
do corpo. Na barriga, os movimentos alternam entre abertos e fechados, com os
dedos e as palmas das mãos. Para o tantra, os seios são absolutamente sagrados,
e exigem movimentos suaves e circulares.
O poder das preliminares
"As preliminares são essenciais, pois
sem elas não há penetração", afirma Victor Lino, diretor do Prakriti Yoga. No
ritual tântrico, a penetração só pode ocorrer quando a mulher está bem
lubrificada e à vontade. A maneira mais tradicional de praticar as preliminares
é aguçar os cinco sentidos: olfato (reconhecer o cheiro do parceiro, usar
incensos e perfumes); paladar (colocar frutas, sucos, mel na boca do parceiro);
audição (falar sussurrando no ouvido do outro); visão (olhos nos olhos é uma
técnica tântrica, mas também é possível observar o corpo do parceiro
detalhadamente); e tato (tocar com as mãos, dedos, língua, nariz e lábios, sem
pressa).
Penetração
Para o tantra, a vagina (yoni) e o
pênis (lingam) são portais sagrados. O momento da penetração é uma conexão total
entre o casal. Por isso, é importante que se encaixem silenciosamente.
Permaneçam assim: nus, corpos colados, olhos nos olhos e respiração
sincronizada. Depois, entregue-se deixando o corpo vibrar esse momento de amor
por mais tempo. A posição mais indicada é a mulher sentada sobre o parceiro,
possibilitando que fiquem abraçados, pois isso permite uma total união e
integração mística do casal.
As posições
"Dá-se preferência às posições com a
mulher por cima, porque normalmente a estimulam melhor", diz Victor Lino,
diretor do Prakriti Yoga. Como a figura feminina conduz o ritual, o ideal é que
fique por cima ou na frente de seu parceiro. Essas posições deixam a mulher com
mais liberdade de movimento e dificultam a ejaculação. "Dessa forma, o
inconsciente masculino interpreta que o objetivo não é fecundar, prolongando o
contato", afirma Otávio Leal, professor de tantra da Humaniversidade Holística.
Ejaculação
Para o tantra, eliminar sêmen sem o
intuito de procriação é um desperdício de energia. Porém, é natural que o homem
tenha dificuldade em segurar a ejaculação nas primeiras vezes. "Como a proposta
é direcionar a energia da melhor maneira possível, o ideal é evitar a
ejaculação. Mas se acontecer, não é o fim do mundo", diz Victor Lino, diretor do
Prakriti Yoga.
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