Entre os seres vivos há seres polígamos e monógamos; mas
prevalece e muito o lado polígamo, assim como o lado masculino.
Entre os humanos a poligamia e o machismo é predominante;
entretanto, a sociedade procura um pouco de equidade.
Há entre os irracionais algumas raras espécies onde se formam
casais monógamos. No resto, prevalece a tendência de cada um a
fazer sexo com grande número de parceiros, e a disputa das
fêmeas pelos machos, que, em muitas espécies é decida na
cabeçada, na mordida, etc.
Entre nós a vontade de cada um é poder relacionar-se com vários
indivíduos do sexo oposto, salvo exceções. Todavia, somos também
egoístas: gostaríamos de ter várias opções, mas que elas fosses
somente nossas, sem as compartilharmos com outros. Daí, como
animais inteligentes, inventamos o casamento. E como, em quase
cem por cento, o macho humano sempre dominou a sociedade, a
vontade divina também tem sido em favor da poligamia masculina.
Os muçulmanos são polígamos, Alá aprova. Os hebreus o eram
também, Yavé não se opunha. No entanto, o cristianismo é
monógamo, e Deus não aprova a poligamia, embora digam que
Yavé seja o nome dado ao mesmo Deus dos cristãos.
A lei mosaica apenas proibia a união de um homem com duas irmãs
ao mesmo tempo: “E não tomarás uma mulher juntamente com
sua irmã, durante a vida desta, para tornar-lha rival,
descobrindo a sua nudez ao lado da outra.” (Levítico,
18: 18); também uma mulher e sua filha: “Não descobrirás a
nudez duma mulher e de sua filha” (vers. 17). Nesse caso não
parece haver permissão mesmo após a morte da primeira; é o que
podemos deduzir em confronto com o que diz sobre duas mulheres
irmãs; mas duas ou mais mulheres não era coisa proibida.
Afirma a Bíblia que Salomão teve mil mulheres entre esposas e
concubinas (I Reis, 11: 3). Roboão teve setenta e oito (II
Crônica, 11: 21).
Apesar de polígamos, os hebreus tinha normas muito detalhadas
sobre as relações sexuais possíveis (Veja todo o capítulo 18 de
Levítico); e dois dos mandamentos constantes das tábuas do
testemunho proibiam a relação com a mulher de outro: “Não
adulterarás”; “Não cobiçarás ... a mulher do teu próximo”
(Êxodo, 20: 14, 17).
Todas essas normas se desenvolveram por duas razões: o machismo
e o egoísmo.
O machismo levou o homem a se dar o direito de ter várias
mulheres, atendendo ao seu instinto poligâmico. A mulher não
teria direito à satisfação da sua vontade. Ela era propriedade
do homem, como os animais, a casa e outras coisas, como está no
décimo mandamento.
Para um equilíbrio que pudesse manter a paz, estabeleceu-se o
respeito às coisas do próximo. Você pode ter várias
mulheres, mas não cobice as do seu vizinho, ou vai ter problema.
Para manter essa ordem, nada melhor do que a vontade de Yavé.
Já o Cristianismo deve ter contado com alguns indivíduos que
pensaram um pouquinho no lado da mulher. Por que temos o direito
de ter duas, três ou quatro mulheres, e a pobre mulher é
obrigada a ter um único, que ela nem escolheu. Para não liberar
as coisas para a mulher, resolveram restringir um pouco o lado
do homem. Ele deve ser “marido de uma só mulher”. Pelo
menos, o ministro religiosos devia ser o exemplo (I Timóteo, 3:
2). E isso pegou, estabelecendo-se a monogamia entre os
cristãos. Como o sexo era uma coisa muito mal vista entre os
hebreus, os cristãos foram tão além, que vieram posteriormente a
proibir o casamento dos ministros religiosos. Aquilo que Paulo
disse ser “bom” (I Coríntios, 7: 1) tornou-se obrigatório para o
profissional da fé.
Não obstante as regras religiosas, morais e jurídicas, os seres
humanos permanecem por natureza polígamos, razão de tantas
traições e conflitos por toda parte. Hoje, com mais equilíbrio
entre homens e mulheres, devendo as uniões serem resultado de
escolha mútua, as mulheres também disputam os homens ao seu
modo, assim como, em regra, não costumamos disputar mulheres a
socos e pontapés. A Religião, a Moral e o Direito tentam
equilibrar as coisas e manter a paz. Mas é difícil lutar contra
a natureza.