Tudo é vontade de Deus. Essa é a visão do
religioso. Se acontece algo de bom, é bênção. Se acontece algo de mau, é
castigo, não importando quem seja atingido. A vontade divina é inquestionável.
Em determinado ponto de ônibus encontram-se uma freira e um ateu. No outro lado
da rua ocorre uma troca de tiros entre bandidos, e a chamada bala perdida atinge
o ateu, levando à morte.
Como nada ocorre sem a vontade Deus, o fato se deu para eliminar um indivíduo
que levava as pessoas para a perdição.
Em outro local, ocorre incidente quase idêntico. Só que ali a bala perdida
atinge a cabeça da freira, que falece no local.
Como sempre tudo está em conformidade com a vontade divina,
foi Deus que quis o
fato para livrar a freira do pesado fardo da vida.
Tais quais os fatos acima, as catástrofes naturais que colhem grande número de
pessoas, não fazendo qualquer distinção entre bons e maus, sempre são atribuídas
à vontade divina.
O cristão que fica rico se considera abençoado por Deus.
O cristão que vive na miséria lembra-se daquela frase: "Bem-aventurados vós, os
pobres, porque vosso é o reino de Deus" (Lucas, 6: 20).
Os povos antigos sentiam-se reprovados pelos deuses quando perdiam as guerras e
consideravam suas vitórias como dádivas divinas.
Para os hebreus, quando eles venciam uma batalha, era Yavé que estava entregando
os inimigos nas suas mãos; quando eles eram massacrados pelos gentios (qualquer
outro povo), era a reprovação de Yavé, que os estaria entregando nas mãos dos
inimigos por causa de seus pecados. Quando eles se tornaram mais fiéis ao que
consideravam a vontade de Yavé, a situação deles piorou tanto, que, foram sendo
dominados por um povo após outro, sua monarquia, que deveria ser eterna, foi
extinta, e, por último, foram expulsos de sua terra. Para os cristãos, eles
foram abandonados por Yavé, por haverem rejeitado o messias, que os cristãos
crêem ser um dos vários que foram crucificados pelos romanos. Mas os próprios
hebreus, por alguma razão, continuaram acreditando que Yavé ainda lhes daria o
domínio do mundo; e até hoje, seus radicais religiosos mantêm uma guerra eterna
pela região que consideram a terra da promessa divina.
"O religioso fez uma lavagem cerebral tão grande que se ele ficar leproso,
pelas suas convicções estará apoiado na história de Lázaro, adrede preparada. Se
ele, depois de adorar a Deus por anos a fio, estiver morrendo de câncer, com
dores atrozes, já foi convencido de que sofre para testar a sua fé, e um paraíso
o espera. Tudo já foi previsto, para que os bitolados religiosos não
desacreditem. Quando a Igreja Universal recolhe os bens dos crentes, a poupança
da velhinha, as jóias da viúva desesperada para arranjar um marido, já avisa
antecipadamente: - Quando os seus parentes, filhos e irmãos disserem: - Fulana!...
Você é louca?!... você diga: - Afaste-se satanás!... - é o diabo que está neles,
fazendo você perder a sua fé!... Tudo isso já foi previsto e a cabeça do bobão
já foi feita. É assim que funciona a religião. Por isso, é difícil você mudar a
visão do mundo para uma pessoa dessas" (Alfredo Bernacchi, Ateu Graças a
Deus).
A maior proporção de religiosos está entre os miseráveis e sem conhecimento.
Todavia, apesar da religião, no mais das vezes, prejudicar o progresso, há
muitos religiosos bem sucedidos. Os primeiros crêem estarem passando por um
teste da fé como Jó; os últimos acreditam serem abençoados pelo deus em que
creem. Aconteça o que acontecer, tudo para eles é vontade de Deus.