OS ANOS DE
VACAS MAGRAS - O EGITO É AQUI?
- 07/11/2001 -
Entre os relatos bíblicos há um que diz ter ocorrido sete
anos de miséria no Egito, período este que fora precedido de sete anos de
abundância. Aqui, pelo menos no setor público, embora não tenha havido
sete anos de fartura, os últimos sete anos lembram bem o período egípcio das
“vacas magras”. O pior é que há o risco de serem oito.
No caso egípcio, o Faraó, o governante do lugar, viu em sonho sete vacas gordas,
que foram devoradas por sete vacas magras. José, o israelita, deu a
interpretação de que ocorreriam sete anos de grande produção seguidos de sete
anos de seca, nos quais seriam consumidos os excedentes estocados nos sete anos
fartos. Diz o autor do texto que isso ocorreu tal qual interpretou José.
No nosso caso, 1994 é o marco inicial dos miseráveis sete anos. Os
servidores públicos não tiveram reajustes em seus vencimentos. Há um dizer de
que se controlou a inflação, mas vejamos: O salário mínimo, que não vale o
mínimo previsto constitucionalmente, cujos reajustes não têm sido suficientes
para repor bem as perdas, partiu de 60 URVs, equivalente de R$60,00 e chegou aos
R$180,00, multiplicando-se exatamente por três. Quem não teve reajuste teve sua
remuneração reduzida para um terço em termos de salário mínimo, não obstante a
previsão constitucional de irredutibilidade. Mas o que nos têm preocupado mais é
que nenhum José deu a interpretação de sete anos de calamidade remuneratória, e
o sonho do faraó atual abrange oito anos, não sete. Que mal fizemos para que tal
maldição caísse sobre nós?
Atualização em 2014
E o faraó brasileiro completou os
oito anos de vacas magras, foi substituído por outro, depois por outra, mas as
vacas continuaram cada vez mais magras no serviço público. Só os membros
dos três poderes puderam engordar suas remunerações, enquanto os servidores
continuam até hoje perdendo: quando têm um reajuste, ele é muito abaixo do que
deveria, emagrecendo mais o rebanho.
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