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VIVER DAQUILO DE QUE GOSTAMOS É O IDEAL

 

 

As ponderação de Einstein nos leva a refletir sobre a necessidade de descobrir e aperfeiçoar nossos talentos, aquilo de que muito se fala hoje, encontrar a nossa vocação.  Quando conseguimos encontrar aquilo que fazemos bem e disso fazer o nosso meio de vida estamos dando um grande passo para a nossa felicidade. Pois o trabalho ocupa a maior parte dos nossos dias.

 

Na infância e adolescência, eu tinha muita habilidade para jogar bola, e isso era a atividade lúdica que mais me dava prazer.  Fazer disso uma profissão poderia ter sido o meu maior sucesso.  Todavia morava num meio rural sem qualquer chance de ser descoberto e aproveitado no esporte.  Passei a adolescência brincando com a bola mais do que com qualquer outra coisa, embora também construísse meus próprios carrinhos e me dedicasse bastante à perigosa brincadeira de descer caminhos íngremes em alta velocidade.  Acho que seria feliz se tivesse tido a oportunidade ser um corredor de fórmula 1 também.  Mas, isso era mais distante de mim do que o futebol.

Nunca fui fotografado na infância e, quando adulto, decidi ser fotógrafo, atividade que exerci como meio meio de vida e lazer por alguns anos.

 

Tive sociedade comercial, mas coisas nunca foi algo que me desse prazer para eu ter isso como meu meio de vida.  Eu não queria passar a vida  me ocupando com algo que não me fosse bem prazeroso.   Certo dia, ao ver uma moça datilografando com grande velocidade, me encantei com aquilo.  Pensei em me tornar um datilógrafo.  Então, comprei uma máquina datilográfica, com a qual escrevia meus textos, pensando em um dia ser também um escritor, que poderia ser a atividade profissional e ao mesmo tempo um lazer.  Posteriormente, ao vir para belo horizonte,  consegui emprego como datilógrafo e, tendo a oportunidade de fazer um concurso público, exatamente para ser datilógrafo no Tribunal de Contas do Estado Minas Gerais, fui bem classificado e senti que a minha vida dali para frente seria aquela, caso fosse ainda um religioso, aquela que pedi a deus. rs

 

Trabalhando no Tribunal de contas, fiz um concurso da Justiça do Trabalho, mas, embora sendo o segundo classificado no concurso, desisti da vaga, devido à remuneração ser menor do que no Tribunal de Contas.  Pouco depois fiz outro concurso, desta vez para o Tribunal de Alçada, ocasião em que fui o primeiro classificado.  Diante da procura dos colegas para solução de dúvidas de português, senti que isso deveria ser um dos meus primeiros livros para realizar aquele sonho de ser um escritor.   E escrevi o livro, entre outros.

 

Mas ser datilógrafo, embora o que eu mais gostasse de fazer, já não me parecia ser a atividade para o resto da vida, porque o fator remuneração quase sempre fala mais alto.  Vi que precisava fazer um curso superior.   O direito me pareceu mais interessante para subir na vida.  Fiz vestibular da Universidade Federal.   Ainda seria muito difícil custear uma universidade privada, e, podendo entrar numa pública, não iria perder a oportunidade. 

 

Enquanto trabalhava no Tribunal de Alçada, a minha esposa, que tinha ingressado no Tribunal Regional do Trabalho, passou a ganhar mais de três o que eu ganhava no Estado, já que Sarney tinha reposto perdas dos funcionários públicos, enquanto Newton Cardoso tinha arrasado com o serviço público.

 

Fiz novo concurso da Justiça do Trabalho, fui datilografar ao lado de juízes, o que foi outro fator importante para ampliar meus conhecimentos jurídicos. Antes de concluir o curso de Direito, já passei no concurso para oficial de justiça, uma vez que ter um trabalho que me colocasse andando na rua era outra coisa agradável, além de a remuneração crescer bem.  

 

Cheguei até a me preparar pensando em ser um juiz.  Mas, sofrendo uma meningite que me trouxe grave perda de memória, deixei de lado a intenção de ser juiz e segui naquela profissão que me dava o prazer de viver andando, não obstante muitas vezes não me fosse nada prazeroso lidar com os infortúnios das muitas pessoas que perderam o que tinham durante os governos de FHC, que foi o campeão das falências em nossa história.   E, assim, cheguei ao final da carreira pública como oficial de justiça.  Posso dizer que consegui ter a minha vida profissional fazendo sempre o que gostava de fazer.  

 

 

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